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África

Governo sul-africano mobiliza exército para frear violência xenófoba

21 abr 2015 - 09h30
(atualizado às 09h30)
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O exército sul-africano será mobilizado no subúrbio de Alexandra, em Johannesburgo, para manter a ordem e auxiliar a polícia na luta contra a violência xenófoba, anunciou nesta terça-feira a ministra da Defesa, Nosiviwe Mapisa-Nqakula.

"O exército é a última linha de defesa. Será empregado como força de dissuasão contra a criminalidade", declarou em uma visita ao subúrbio, onde na noite de segunda ocorreram novos incidentes.

Os soldados poderão mobilizados em outros lugares se for necessário, acrescentou.

O Fórum da Diáspora africana, principal associação de imigrantes africanos no país, solicitou a presença do exército para proteger a população estrangeiras.

Na véspera, os Estados Unidos condenaram a onda de violência xenófoba na África do Sul, pedindo a todos os líderes mundiais que lutem contra ela.

Pelo menos sete pessoas morreram e 307 suspeitos foram detidos em três semanas de agitação, a pior violência étnica desde 2008, quando 62 pessoas morreram, principalmente em "townships" - bairros pobres do norte - de Joanesburgo.

O presidente sul-africano Jacob Zuma pediu no sábado aos estrangeiros que permaneçam na África do Sul, ao cancelar sua visita de Estado à Indonésia.

Também na segunda-feira, o rei dos zulus, Goodwill Zwelithini, negou qualquer responsabilidade na onda de ataques xenófobos das últimas semanas.

"Esta violência dirigida contra nossos irmãos e irmãs é vergonhosa", declarou em um encontro tribal de zulus em Durban.

"Estou seguro de que as pessoas que ouviram meu discurso entendem bem o zulu e não precisam de intérprete", enfatizou.

Há um mês, Zwelithini, a máxima autoridade da província de KwaZulu-Natal, onde fica situado Durban, pediu aos estrangeiros que "fizessem suas malas e abandonassem a África do Sul".

Isso foi interpretado como uma ordem para expulsar estrangeiros que, teoricamente, tirariam o trabalho dos sul-africanos.

Nas últimas três semanas, os ataques contra os imigrantes, que tiveram início em Durban, província natal do presidente Jacob Zuma, deixaram, além dos mortos, 5.000 deslocados.

Os estrangeiros do continente que trabalham na África do Sul estão em alerta máximo, enquanto cresce a pressão diplomática para evitar o banho de sangue de 2008, quando foram registradas 62 mortes em distúrbios similares.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) disse estar muito preocupado com a situação na África do Sul. Na região, vários países de onde são originários os imigrantes se preparando para repatriar seus cidadãos.

Desde os tumultos de 2008 esse tipo de violência é recorrente na África do Sul, gigante econômico do continente que recebe dois milhões de imigrantes africanos, segundo os dados oficiais - além de muitos imigrantes indocumentados.

Isso reflete as frustrações da maioria negra do país, que ainda sofre economicamente, e do reaparecimento de uma cultura violenta agravada sob o apartheid.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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