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África

Governo egípcio começa a trabalhar em meio a novas manifestações

17 jul 2013 - 11h04
(atualizado às 12h04)
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O governo de transição egípcio recebe nesta quarta-feira a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, que pedirá pelo processo democrático, em um clima marcado pela tensão e novas manifestações.

Mais de mil partidários do presidente deposto Mohamed Mursi se manifestaram em frente à sede do governo, no centro da cidade, no dia seguinte à formação do novo gabinete dirigido por Hazem Beblawi, um economista e ex-ministro das Finanças de 76 anos.

Cantando slogans hostis ao novo regime, eles não puderam se aproximar do prédio, cujo acesso é restrito.

"O governo é ilegítimo", podia ser lido em uma faixa em meio à multidão.

Nenhum incidente foi registrado até o momento.

Outras manifestações estão previstas para a noite, após a ruptura do jejum do Ramadã.

Na noite de segunda-feira, confrontos entre partidários de Mursi e as forças de ordem deixaram sete mortos e mais de 200 feridos na capital.

No total, mais de 100 pessoas morreram no Egito desde 3 de julho, dia em que o Exército derrubou o presidente islamita Mohamed Mursi, após uma série de manifestações que exigiam sua renúncia.

A situação permanece tensa na península do Sinai, onde ataques contra o Exército e a polícia se intensificaram.

Na noite de terça-feira, seis soldados e dois civis ficaram feridos em um ataque contra um posto de controle do exército em Rafah, na fronteira com a Faixa de Gaza, no norte da Península do Sinai, informaram nesta quarta-feira os serviços de segurança egípcios.

No Cairo, Catherine Ashton deve se reunir com o presidente interino Adly Mansour, com o premiê Beblawi e também como o novo homem-forte do país, o chefe do Exército e ministro da Defesa, o general Abdel Fattah al-Sissi. Ela também deverá se encontrar com o novo chefe da diplomacia, Nabil Fahmy.

A autoridade europeia, que deseja pedir pelo "retorno, o mais rápido possível, à transição democrática", se encontrará ainda com membros do movimento Tamarrod - que iniciou a onda de contestação contra Mursi no final de junho - assim como do Partido da Liberdade e da Justiça (PLJ), braço político da Irmandade Muçulmana, segundo fontes diplomáticas.

O governo, que tomou posse terça-feira, reúne membros de vários grupos de oposição que acusavam Mursi de ter perdido sua legitimidade.

Contudo, não há nenhum representante de uma formação islâmica, mesmo os salafistas do al-Nur, que se distanciaram da Irmandade Muçulmana.

A nova equipe de governo, com mais de trinta membros, foi imediatamente rejeitada pela Irmandade Muçulmana.

"Não reconhecemos nem a legitimidade, nem a autoridade deste governo", reagiu o porta-voz da Irmandade, Gehad El-Haddad.

O chefe do Exército, general Abdel Fattah al-Sissi, que comandou a deposição de Mursi, manteve sua pasta da Defesa e recebeu também o posto vice-primeiro-ministro.

A pasta das Relações Exteriores foi confiada a um ex-embaixador em Washington, Nabil Fahmy, e a das Finanças a Ahmed Galal, um economista que trabalhou para o Banco Mundial.

Ao menos três ministérios ficaram a cargo de mulheres, e outros três foram ocupados por membros da comunidade copta, a corrente cristã do Egito, hostil ao ex-presidente islamita.

A transição política pós-Mursi também prevê a adoção de uma nova Constituição e a realização de eleições legislativas até o início de 2014, antes das eleições presidenciais.

Além da tensão nas ruas e a instabilidade no Sinai, o governo deverá enfrentar uma grave crise econômica, que já pesava contra Mursi.

Na terça-feira, as autoridades interinas fizeram um apelo a todas as forças políticas para que trabalhem pela "reconciliação nacional".

Contudo, a justiça egípcia abriu procedimentos judiciais contra vários líderes da Irmandade Muçulmana, entre eles o Guia Supremo, Mohamed Badie.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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