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Golpistas buscam presidente e rebeldes avançam no norte de Mali

23 mar 2012 - 13h22
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Rebeldes tuaregues do norte do Mali avançaram para o sul, ocupando posições abandonadas por forças do governo, enquanto amotinados na distante capital, Bamaco, caçam o presidente para tentar completar o golpe de Estado iniciado nesta semana, segundo fontes.

Civis caminham pelas ruas de Bamako durante os protestos
Civis caminham pelas ruas de Bamako durante os protestos
Foto: AP

Os rebeldes do Movimento Nacional de Libertação de Azawad (MNLA) estão se aproximando de cidades no desértico norte malinês (região conhecida como Azawad), aproveitando-se da confusão criada pela tentativa de golpe empreendida em Bamaco por militares de baixa patente, disse uma fonte militar à Reuters.

Os soldados amotinados, que acusam o governo de não lhes dar condições adequadas para enfrentar a rebelião tuaregue, percorrem as ruas da capital depois de invadirem o palácio presidencial e assumirem o controle da TV estatal.

Um porta-voz dos amotinados sugeriu, em conversa com jornalistas, que os soldados estão tentando prender o presidente Amadou Toumani Touré, cujo paradeiro é desconhecido. Há relatos não confirmados de que ele está sendo protegido na capital por forças leais ao governo. Tiroteios esporádicos foram ouvidos na capital nas primeiras horas desta sexta-feira, segundo um repórter da Reuters.

O Mali recebeu um grande afluxo de combatentes e armas depois da guerra civil de 2011 na Líbia. Mesmo antes disso, o país já enfrentava uma rebelião de tuaregues, uma crescente ameaça islâmica e uma crise alimentar. Na quarta-feira, começou o motim.

Um oficial em Kidal, no norte, disse que os rebeldes ocuparam um quartel abandonado pelas forças oficiais em Anefis, 100 km a sudoeste. "O Exército recuou para Gao", disse uma fonte em Timbuktu, outra cidade do norte, pedindo anonimato. "Não há mais nenhuma liderança militar. (Os rebeldes) vão tomar as cidades no norte."

O MNLA afirmou em seu site que tomou a rodovia Gao-Kidal depois que as tropas malinesas abandonaram suas posições e se retiraram para Gao. Os rebeldes do MNLA, cujo contingente cresceu por causa da volta de tuaregues malineses que antes serviam ao Exército líbio, lutam desde meados de janeiro para tornar o norte do Mali independente. Eles expulsaram as forças do governo de localidades remotas, mas ainda não ameaçam as três capitais regionais - Kidal, Timbuktu e Gao.

Na quinta-feira, os rebeldes disseram que tentariam se aproveitar do caos decorrente da tentativa de golpe. Soldados amotinados já detiveram vários oficiais militares e pelo menos uma importante autoridade civil no norte do Mali. Os soldados amotinados disseram também que planejam atacar um regimento de paraquedistas onde acreditam que Touré esteja refugiado.

Ex-comandante dos paraquedistas, Touré chegou ao poder pela primeira vez em 1991, graças a um golpe. Apelidado de "Soldado da Democracia", ele deixou o governo no ano seguinte, e voltou à presidência em 2002, pelo voto popular. Desde então, a ex-colônia francesa vivia um período de relativa estabilidade.

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