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África

Forças de paz do Quênia facilitaram exportação ilegal de carvão, diz ONU

14 jul 2013 - 16h16
(atualizado às 16h23)
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Um relatório confidencial de monitores da  Organização das Nações Unidas (ONU) acusa soldados quenianos das forças de paz da União Africana na Somália de facilitar exportações ilegais de carvão vegetal a partir da cidade portuária de Kismayu, um negócio que gera milhões de dólares por ano para militantes islâmicos que buscam derrubar o governo.

A fracassada proibição da venda do carvão somali destacada no relatório mostra as dificuldades de cortar a fonte de financiamento dos militantes do grupo Al Shabaab e de assegurar o cumprimento das sanções da ONU.

O Exército queniano negou as alegações do último relatório anual ao comitê de sanções do Conselho de Segurança sobre Somália e Eritreia. O relatório foi feito antes dos conflitos em Kismayu.

Naquela batalha, militantes rivais lutaram pelo controle da cidade portuária estratégica, depois que Ahmed Madobe, líder da milícia Ras Kamboni e um ex-senhor da guerra islâmico, se tornou líder da região Jubaland, que inclui Kismayu, em maio.

A situação continua tensa, embora o governo de Mogadíscio, que inicialmente se opôs a Madobe, tem deixado que ele permaneça como líder interino.

Kismayu é um prêmio lucrativo para líderes de clãs, com receitas generosas das exportações de carvão vegetal, taxas portuárias e impostos sobre armas e outras importações ilegais.

O Conselho de Segurança proibiu a exportação de carvão da Somália em fevereiro do ano passado para cortar uma das principais fontes de renda da Al Shabaab, que vem lutando pelo controle da Somália há anos e que aplica uma versão rigorosa da lei islâmica Sharia nas áreas que ocupa.

Forças quenianas da Missão da União Africana para a Somália (Amisom), que tem um mandato do Conselho de Segurança da ONU e recebe financiamento da União Europeia e dos Estados Unidos, ajudaram o governo somali a retomar o controle de Kismayu quando os militantes ligados à Al Qaeda fugiram em setembro do ano passado.

Mais tarde, a União Africana pediu imediatamente para que o Conselho de Segurança suspendesse a proibição para a exportação de carvão vegetal pelo menos temporariamente.

O Quênia apoiou a ideia, argumentando que a irritação dos comerciantes de carvão de Kismayu poderia ameaçar a segurança de suas tropas. O Grupo de Monitoramento, que informa sobre o cumprimento de sanções na Somália e Eritreia, contestou a análise do governo queniano.

"O argumento de que um grupo de comerciantes de carvão constituía uma ameaça maior para a Força de Defesa do Quênia do que o grupo Al Shabaab, que acabara de ser retirada de Kismayu, foi difícil de engolir", disse o grupo em um anexo do relatório anual, que foi visto pela Reuters.

"Ao invés, era muito mais provável que a exportação de carvão vegetal poderia exacerbar as tensões de clãs e os interesses nos recursos, levando a uma condição maior de conflito", afirmou o grupo no relatório, que contém quase 500 páginas com todos seus anexos. "E isso é precisamente o que aconteceu na sequência".

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