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África

Egito se despede de mortos em massacre, em meio a uma espiral de violência

15 ago 2013 - 16h52
(atualizado às 17h07)
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O Egito se despediu nesta quinta-feira dos mortos do massacre após o violento despejo dos acampamentos que os opositores do golpe militar mantinham na capital, enquanto continuam os incidentes que as autoridades prometeram combater com firmeza.

Entre lágrimas e orações, milhares de seguidores do presidente deposto Mohammed Mursi se reuniram na mesquita de Al Iman, no leste do Cairo, para se despedir de seus entes queridos.

Dezenas de corpos envolvidos em lençois brancos estavam amontoados nesse e em outros templos do país, segundo confirmaram à Agência Efe fontes da Irmandade Muçulmana, grupo no qual Mursi militava até chegar à Presidência em junho de 2012.

Na praça de Rabea al Adauiya, principal reduto islamita onde ficavam as barracas arrasadas dos manifestantes, a mesquita também foi alvo das chamas e apresentava um aspecto desolador entre os escombros que as escavadeiras se apressavam em retirar.

Em paralelo, foi realizado o funeral oficial dos 43 policiais mortos ontem nos distúrbios, em cerimônia da qual participou, entre outros, o ministro de Interior egípcio, Mohammed Ibrahim.

Pelo menos 578 pessoas morreram e mais de 4.200 ficaram feridas após a operação policial da véspera para desmantelar as acampamentos dos islamitas, segundo os últimos números do Ministério da Saúde.

A situação está longe de se tranquilizar, depois que nesta quinta-feira novos atos violentos foram registrados em diferentes partes do país, apesar do estado de emergência durante um mês e o toque de recolher à noite decretados pelas autoridades.

Quatro pessoas morreram em choques entre partidários e opositores de Mursi na cidade mediterrânea de Alexandria, enquanto 11 policiais morreram em ataques armados na cidade de Al Arish, na instável Península do Sinai (leste).

Dezenas de pessoas ficaram feridas à bala em confrontos similares na cidade de Kafr al Dauar, na província de Beheira (delta do rio Nilo), entre outros fatos.

Na capital, três agentes morreram em um ataque contra uma delegacia no bairro de Heluan, no sul, e a sede do Governo de Gizé - perto das Pirâmides - foi incendiada.

Perante esta situação, que gerou a preocupação da comunidade internacional, o Ministério do Interior deu instruções a suas forças para que usem munição letal frente a qualquer ataque contra as instituições do Estado.

O Ministério disse ter tomado essa decisão "por causa dos ataques terroristas da Irmandade Muçulmana contra instituições e Polícia, suas tentativas de se apoderar de armas e o fechamento de estradas para semear o caos".

O Conselho de Ministros destacou que as medidas de exceção impostas serão aplicadas de acordo com a evolução da situação de segurança.

Assim, na cidade turística de Sharm el-Sheikh, no litoral do Mar Vermelho, as autoridades egípcias cancelaram o toque de recolher imposto na quarta-feira em 14 das 27 províncias do país.

O Executivo reiterou que está decidido a cumprir o plano de transição traçado depois do golpe militar do dia 3 de julho e que estipula a realização de eleições presidenciais e parlamentares, e a reforma constitucional.

Enquanto isso, o presidente interino, Adly Mansour, aceitou a renúncia do vice-presidente, Mohamed El Baradei, que apresentou seu pedido em protesto contra o derramamento de sangue.

O primeiro-ministro, Hazem al Beblaui, condenou os últimos ataques contra várias igrejas e telefonou ao patriarca da igreja ortodoxa copta, Teodoro II, para mostrar-lhe sua solidariedade.

Justamente nesta quinta-feira, a televisão estatal informou que supostos membros da Irmandade Muçulmana entraram em uma igreja em Fayum, ao sul do Cairo, e atearam fogo.

Diante da onda de violência, o grupo "Tamarrud" (Rebelião), instigador dos protestos prévios ao golpe de estado, pediu aos egípcios para formarem comitês populares para proteger as ruas e os templos religiosos de distúrbios.

No plano judicial, um magistrado interrogou Mursi no local desconhecido em que se encontra retido desde sua deposição, e ordenou renovar por outros 15 dias sua prisão preventiva, bem como a do dirigente da Irmandade Saad Katatni.

O líder deposto é acusado de colaborar com o movimento islamita palestino Hamas para realizar "ações inimigas contra o país" e do assassinato e sequestro de policiais e réus durante o ataque a uma prisão.

EFE   
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