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África

Egípcio cristão apoiador de filme sobre Maomé lamenta mortes

12 set 2012 - 16h50
(atualizado às 17h10)
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Um egípcio cristão que promoveu um filme que desencadeou protestos pela forma como retrata o profeta Maomé disse na quarta-feira que lamenta a morte de diplomatas norte-americanos nos incidentes, e que os muçulmanos contrariados deveriam se expressar pacificamente.

Falando por telefone dos EUA, onde vive, Morris Sadek disse à Reuters que decidiu apoiar o filme para denunciar a discriminação contra os cristãos, que compõem cerca de 10 por cento dos 83 milhões de habitantes do Egito.

Manifestantes que condenavam os EUA por terem permitido a produção do filme escalaram os muros da embaixada dos EUA no Cairo, onde rasgaram e queimaram uma bandeira. Na Líbia, homens armados atacaram o consulado dos EUA em Benghazi, matando o embaixador e três outros diplomatas.

Questionado sobre se lamenta as mortes, Sadek disse: "É claro, é claro, é claro. O pensamento deveria ser respondido com pensamento".

Ele acrescentou que não considera o filme, intitulado "Inocência dos Muçulmanos", como sendo ofensivo ao islamismo.

No Egito, os manifestantes gritavam o nome de Sadek por causa do seu apoio ao filme, que representa Maomé como um mulherengo sanguinário e como um farsante religioso, entre outras caracterizações. Muitos muçulmanos consideram que qualquer representação do seu profeta é uma blasfêmia.

Cenas do filme há várias semanas circulam pela Internet, e ele ganhou mais fama depois que o polêmico pastor norte-americano Terry Jones o elogiou. Em 2010, Jones já havia motivado protestos ao ameaçar queimar o Corão.

Sadek disse que sua maior preocupação é convencer as pessoas a verem a primeira parte do filme, que inclui cenas de uma turba muçulmana queimando uma clínica pertencente a um cristão, diante da indiferença de policiais egípcios.

"Só estou numa organização copta que promoveu o filme. Só estou interessado na primeira parte, sobre a perseguição aos coptas", disse Sadek, que divulgou em seu blog uma nota promovendo o filme em nome da entidade que dirige, a Associação Nacional Copta Americana. Ele confirmou que o filme foi realizado pelo diretor e roteirista Sam Bacile, que ele descreveu como "um americano".

O ativista acusou o governo do presidente Mohamed Mursi, egresso da Irmandade Muçulmana, de apoiar os manifestantes no Cairo e "lhes dar espaço para protestar, mas não pacificamente, para exercer a violência contra as ideias".

Muitos coptas -os cristãos do Egito- ficaram alarmados com a eleição de Mursi, após décadas de repressão à Irmandade Muçulmana sob o governo de Hosni Mubarak.

O governo de Mursi condenou o ataque à embaixada, e quatro supostos envolvidos foram presos. Mas o governo também sugeriu um processo judicial contra os responsáveis pelo filme, por incitar ao ódio religioso.

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