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África

Crise egípcia entra em nova fase tensa após fracasso da mediação

7 ago 2013 - 21h08
(atualizado às 21h14)
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A crise política no Egito entrou em uma tensa nova fase nesta quarta-feira, após o colapso dos esforços internacionais de mediação e a reiterada ameaça do governo provisório de dissolver à força os protestos contra a derrubada do presidente Mohamed Mursi por militares.

Os dois lados convocaram seus partidários para as ruas na quinta-feira, e em dois acampamentos no Cairo os seguidores de Mursi reforçavam suas barricadas de tijolos e sacos de areia, prevenindo-se contra uma eventual ofensiva policial.

O enviado dos Estados Unidos voltou para seu país após vários dias tentando um acordo entre o governo e a Irmandade Muçulmana, grupo ligado ao presidente deposto. A representante da União Europeia permaneceu, mas o bloco se disse muito preocupado com o rompimento das negociações.

"O que eu vejo é que o confronto está se intensificando, e que mais pessoas vão comparecer às ruas para protestar, e que a tendência das Forças Armadas a reprimir irá se intensificar", disse o ministro holandês de Relações Exteriores, Frans Timmermans, um dos vários enviados estrangeiros que estiveram no Cairo durante a crise.

Ele disse que "há a necessidade de se preocupar com os próximos dias e semanas".

O Exército depôs Mursi, primeiro presidente eleito livremente na história egípcia, em 3 de julho, após imensas manifestações populares contra o governo dele.

Mursi e outros líderes da Irmandade estão presos, e milhares de seguidores do grupo se mantêm acampados exigindo a reinstalação do mandato dele.

Quase 300 pessoas já morreram na violência política desde a derrubada de Mursi, incluindo 80 apoiadores dele abatidos pelas forças de segurança em um só incidente em 27 de julho.

Em nota nesta quarta-feira, a Presidência egípcia disse que os esforços diplomáticos de Estados Unidos, UE, Catar e Emirados Árabes fracassaram e que a Irmandade Muçulmana é responsável pelo fracasso desses esforços e "pelos fatos posteriores que possam resultar desse fracasso, relacionados a violações da lei e de ameaças à paz civil".

Logo depois, o primeiro-ministro interino, Hazem el-Beblawi, disse que a decisão governamental de dissolver o protesto pró-Mursi é irreversível e que a paciência das autoridades está se esgotando.

Beblawi acusou os manifestantes de incitarem à violência, bloquearem vias e deterem cidadãos e alertou que novos incidentes de violência serão respondidos com "a máxima força e decisão".

Observadores dizem, no entanto, que qualquer ação policial para dissolver os protestos provavelmente ficará para depois de domingo, quando termina o mês islâmico sagrado do Ramadã.

Salientando a preocupação com a situação, a principal autoridade religiosa do Egito, a universidade e mesquita al-Azhar, planeja promover um diálogo sobre a crise na semana que vem, reunindo pessoas que já propuseram soluções para superar o impasse, segundo relato da agência estatal de notícias Mena.

"Há algumas iniciativas que podem ser aperfeiçoadas para iniciar a reconciliação nacional", disse à Mena um funcionário da milenar instituição.

(Reportagem adicional de Tom Perry, Tom Finn, Maggie Fick, Shadia Nasralla e Michael Georgy, no Cairo; e de Paul Taylor, em Paris)

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