Com fogos, multidão comemora independência do Sudão do Sul
8 jul2011 - 20h15
(atualizado às 22h27)
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A população do Sudão do Sul celebra na madrugada de sábado (noite de sexta no Brasil) a sua independência em relação ao norte do Sudão, o que é resultado de um referendo feito no começo do ano, conforme previa o acordo de paz de 2005 que encerrou décadas de guerra civil.
O novo país tem Juba como capital, e foi reconhecido oficialmente na sexta-feira pelo governo do Sudão, com sede em Cartum, horas antes da secessão formal. Milhares de pessoas dançavam nas ruas, agitavam bandeiras, e fogos de artifício foram lançados para comemorar a data.
As autoridades dizem que a nova nação surgiu à 0h do dia 9 de julho (18h em Brasília), e que uma cerimônia formal de independência seria realizada horas depois. "À meia-noite, sinos repicarão em todo o novo país, e tambores soarão, para marcar a transição histórica do sul do Sudão para a República do Sudão do Sul", disse nota emitida previamente pelo governo regional.
A nova república nasce rica em petróleo, mas subdesenvolvida. O governo de Cartum foi o primeiro a reconhecer a nova nação, num sinal de secessão tranquila para aquele que foi, até sexta-feira, o maior país da África (agora é a Argélia).
Mas o reconhecimento não elimina os temores a respeito do futuro. Os líderes do sul e do norte ainda precisam chegar a um acordo com relação a várias questões, a começar pela exata demarcação da fronteira e pela partilha dos dividendos petrolíferos.
Festa em Juba Em Juba, pouco antes da meia-noite pessoas agrupadas nas esquinas de terra já agitavam bandeiras e dançavam à luz dos faróis dos carros, gritando "MLPS, o-yei, Sudão do Sul, o-yei, liberdade, o-yei."
MLPS é a sigla do Movimento de Libertação do Povo do Sudão, responsável pela rebelião que combateu o norte até 2005, e hoje é o maior partido do Parlamento do Sudão do Sul.
Em Cartum, o presidente do "velho" Sudão, Omar Hassan al Bashir, disse a jornalistas na sexta-feira que irá a Juba no sábado para as celebrações da independência.
"Gostaria de salientar (...) nossa disposição em trabalhar com nossos irmãos do sul e ajudá-los a instituir seu Estado para que, se Deus quiser, esse Estado seja estável e se desenvolva. A cooperação entre nós será excelente, particularmente quando se trata de demarcar e preservar a fronteira para que haja um movimento de cidadãos e bens por essa fronteira."
Analistas temem a retomada da guerra civil -- agora como guerra internacional - caso as disputas não sejam resolvidas. Ao toque da meia-noite, a República do Sudão perdeu cerca de três quartos das suas reservas petrolíferas, que estão concentradas no sul - o qual, no entanto, depende dos oleodutos do norte para escoar essa produção. Além do mais, Cartum continua enfrentando insurgências nas regiões de Darfur e Kordofan do Sul.
Na noite de sexta-feira, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse a jornalistas em Juba que está confiante numa rápida adesão do Sudão do Sul à entidade global. Passando por Cartum horas antes, ele pediu ao governo do norte que autorize as forças de paz da ONU a ultrapassarem o prazo estipulado para sua monitoria da situação em Kordofan do Sul, maior Estado petrolífero remanescente no norte, e em outros pontos de conflito.
O professor Abdullah al-Sadeq explica aos jornalistas o mapa do Sudão, separado do território do Sudão do Sul
Foto: AFP
Um jornalista sudanês olha para um livreto com as novas informações sobre o Sudão do Sul durante uma conferência de imprensa em Khartoum
Foto: AFP
O ministro da Informação sudanês, Kamal Mohammed Obeid, revela aos jornalistas o novo mapa do Sudão. A independência formal do Sudão do Sul será em 9 de julho
Foto: AFP
Imagem da futura capital de Sudão do Sul apenas cinco dias antes do país declarar oficialmente sua independência. Depois de décadas de guerra, o novo país tem pouca infraestrutura e a maioria das pessoas depende de água bombeada de rios e poços
Foto: AFP
Um comerciante de rua em Juba, capital do Sudão do Sul. Esta cidade foi deixada em ruínas após décadas de conflito, o que levou seu povo a votação esmagadora de se separar do norte
Foto: AFP
Um comerciante vende varas no tradicional mercado de Juba. Em apenas cinco dias, o Sudão do Sul vai declarar oficialmente sua independência
Foto: AFP
Homens andam de moto-táxis na capital de Sudão do Sul, em Juba. A mais nova capital do mundo é uma cidade danificada pela guerra, com estradas irregulares espalhadas ao longo das margens do Rio Nilo
Foto: AFP
Foto: Terra
Segurando rifles AK-47, soldados do Sudão do Sul participam de cerimônia na capital Juba, às vésperas da independência do país, marcada para o próximo sábado, dia 9 de julho
Foto: Reuters
Polícia Militar do Exército do Sudão marcha durante ensaio de desfile militar em Juba. Dentro de quatro dias, o Sudão do Sul vai declarar oficialmente sua independência após 21 anos de guerra
Foto: EFE
Pessoas acenam com bandeiras do Sudão do Sul em um comício organizado pelo Movimento Popular de Libertação do Sudão em Juba
Foto: EFE
Homens em trajes típicos durante ensaio de desfile militar em Juba, Sudão do Sul, nesta terça-feira. Dentro de quatro dias, este país vai declarar oficialmente a independência do Sudão
Foto: EFE
Pessoas dançam e comemoram a oficialização da independência do Sudão do Sul, que acontecerá em quatro dias
Foto: EFE
Foto: Terra
Foto: Terra
O ministro das Relações Exteriores do Sudão, Ali Ahmad Karti (dir.) se reúne com o enviado russo à África, Mikhail Margelov, em Cartum, um dia antes do Sudão do Sul se separar do norte e tornar-se a mais jovem nação do mundo
Foto: AFP
Mulheres realizam um desfile cultural em Juba, a capital do país que ficará independente no sábado
Foto: AFP
Soldados do Sudão do Sul prestam atenção durante a execução do hino nacional, em ensaio das festividades da independência do país, em Juba
Foto: AP
Mulheres posam para uma fotografia durante um ensaio para as comemorações da independência, em Juba
Foto: AP
Soldados do Sudão do Sul garantem a segurança durante os preparativos para a independência do país. O governo organiza a comemoração da independência que ocorre no sábado, dia 9 de julho
Foto: AP
Os membros das forças de segurança do Sudão do Sul se preparam para desfile das comemorações da independência. Na capital do novo país as ruas estão sendo enfeitadas e as armas do mercado negro estão sendo confiscadas para que tudo ocorra bem na festa de sábado
Foto: Reuters
Um homem segura a nova bandeira do Sudão do Sul e ensaia uma coreografia, a ser apresentada no intervalo da partida de futebol entre as equipes do Sudão do Sul e do Quênia, como parte das celebrações do Dia da Independência, em Juba
Foto: Reuters
Foto: Terra
Com a bandeira do novo país, cidadão do Sudão do Sul comemora a independência nas ruas de Juba
Foto: Reuters
Felizes com a independência, cidadãos do Sudão do Sul se deitam nas frentes dos carros nas ruas da capital Juba
Foto: Reuters
O Sudão do Sul se tornou oficialmente às 18h01 desta sexta-feira (hora de Brasília, 0h01 de sábado, hora local)
Foto: Reuters
Segundo o enviado da BBC a Juba Will Ross, às vésperas do nascimento do país as rádios tocaram sem parar o hino nacional sul-sudanês, composto por estudantes locais
Foto: Reuters
O país nasce a partir de um acordo de paz firmado em 2005, após 12 anos de uma guerra civil que deixou 1,5 milhão de mortos
Foto: Reuters
Em janeiro, 99% dos eleitores do Sudão do Sul votaram a favor da separação da região
Foto: Reuters
Povo vai às ruas com a bandeira do Sudão do Sul para celebrar a independência
Foto: AFP
Segundo a ONU, esta é a declaração de independência de número 193
Foto: AFP
O Sudão do Sul se proclamou independente oficialmente, separando-se do norte depois de cinco décadas de conflitos que mergulharam o novo país em miséria
Foto: EFE
Mulheres sudanesas comemoram independência do Sudão do Sul
Foto: EFE
Helicópteros militares sudaneses carregam duas bandeiras do Sudão do Sul, durante cerimônia na capital
Foto: AFP
Milhares de sul-sudaneses dançaram e comemoraram a criação de um novo país
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