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África

CNT adia anúncio de governo de transição da Líbia

18 set 2011 - 13h03
(atualizado às 15h57)
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Os novos dirigentes líbios adiaram indefinidamente neste domingo o esperado anúncio da composição do governo de transição, enquanto suas forças tentavam esmagar a resistência nos últimos bastiões dos fiéis ao regime deposto.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy (segundo à direita), e o primeiro-ministro britânico, David Cameron (centro), cumprimentam paciente durante visita a hospital de Trípoli
O presidente francês, Nicolas Sarkozy (segundo à direita), e o primeiro-ministro britânico, David Cameron (centro), cumprimentam paciente durante visita a hospital de Trípoli
Foto: Reuters

"O anúncio de um governo de transição foi adiado indefinidamente para finalizar as consultas", disse Mahmud Jibril, número dois do Conselho Nacional de Transição (CNT), em uma coletiva de imprensa em Benghazi (leste).

Jibril, que trabalha como primeiro-ministro do CNT encarregado das relações exteriores, permanecerá no cargo, segundo um responsável do Conselho em Trípoli que pediu para não se identificar.

Este governo, cujo anúncio era esperado inicialmente neste domingo, estará a cargo da transição, à espera de novas eleições e da redação de uma nova Constituição.

A nova administração contará com a ajuda das Nações Unidas, cujo Conselho de Segurança anunciou o levantamento parcial do bloqueio dos fundos líbios e o envio de uma missão de três meses à Líbia.

O CNT, reconhecido pela ONU como representante do povo líbio, anunciou no dia 2 de dezembro que planejava dirigir o país até a eleição, em oito meses, de uma Assembleia Constituinte, antes das eleições gerais, um ano mais tarde.

Segundo o emissário da ONU Ian Martin, o prazo de oito meses começará a ser contado quando as novas autoridades, que dizem controlar atualmente 90% do território, declararem a "libertação" total do país.

Este anúncio é aguardado, já que os combatentes ainda fiéis a Kadafi, atualmente foragido, realizam uma forte resistência em seus bastiões de Sirte e Bani Walid.

No sábado em Sirte, região natal de Kadafi 360 km a leste de Trípoli, as forças do CNT conseguiram avançar até a cidade, mas precisaram recuar durante a noite sob o fogo inimigo, sem poder consolidar as posições conquistadas.

Ao menos 24 combatentes do CNT morreram outras 40 pessoas ficaram feridas pelos disparos de foguetes, obuses, artilharia e francoatiradores dos pró-Kadafi.

Pelo menos 6 mil combatentes do CNT foram mobilizados nesta frente, mas segundo um deles apenas um pequeno número lutava.

Em Bani Walid, um amplo oásis 170 km a sudeste de Trípoli, violentos combates ocorreram no sábado após um contra-ataque dos pró-Kadafi.

A Otan, que participa como apoio dos ex-rebeldes, afirma ter atingido 11 alvos no sábado na região de Sirte e 11 no oásis de Djofra, 300 km ao sul de Misrata e ainda sob o controle dos pró-Kadafi.

De acordo com Ahmed Bani, porta-voz militar do CNT, a tomada de Sirte e Bani Walid é questão "de alguns dias" e sua queda bastará para vencer a resistência dos "mercenários" em Sebha, outro bastião 750 km ao sul de Trípoli.

Na próxima semana, o chefe do CNT, Mustafa Abdel Jalil, participará da Assembleia Geral da ONU em Nova York, após a atribuição da representação da Líbia ao CNT, e na terça-feira se reunirá com o presidente americano, Barack Obama.

Líbia: da guerra entre Kadafi e rebeldes à batalha por Trípoli

Motivados pelos protestos que derrubaram os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país em fevereiro para contestar o coronel Muammar Kadafi, no comando desde a revolução de 1969. Rapidamente, no entanto, os protestos evoluíram para uma guerra civil que cindiu a Líbia em batalhas pelo controle de cidades estratégicas de leste a oeste.

A violência dos confrontos gerou reação do Conselho de Segurança da ONU, que, após uma série de medidas simbólicas, aprovou uma polêmica intervenção internacional, atualmente liderada pela Otan, em nome da proteção dos civis. No dia 20 de agosto, após quase sete meses de combates, bombardeios, avanços e recuos, os rebeldes iniciaram a tomada de Trípoli, colocando Kadafi, seu governo e sua era em xeque. Na dia 23 de agosto, os rebeldes invadiram e tomaram o complexo de Bab al-Aziziya, em que acreditava-se que Kadafi e seus filhos estariam se refugiando, mas não encontraram sinais de seu paradeiro. De acordo com o CNT, mais de 20 mil pessoas morreram desde o início da insurreição.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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