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África

Chefe do Exército egípcio endurece discurso com Irmandade Muçulmana

18 ago 2013 - 21h46
(atualizado às 23h32)
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O chefe do Exército e "homem forte" do novo regime egípcio, Abdel Fatah al Sisi, enviou neste domingo uma dura mensagem aos islamitas, que reivindicam a restituição de Mohammed Mursi ao poder, ao adverti-los de que "eles não farão o Estado ficar de joelhos".

Em sua primeira aparição após o desmantelamento na quarta-feira passada dos acampamentos islamitas nas praças de Rabea al Adauiya e Al Nahda, no Cairo, Sisi discursou na cúpula das forças de segurança para apresentar o Exército como guardião da vontade do povo.

"Não permaneceremos inalterados diante da destruição do país e das ameaças contra a população", disse Sisi, antes de assegurar que as Forças Armadas não anseiam o poder: "A honra de proteger a vontade do povo é um orgulho maior que governar o Egito".

Apesar de tudo, ele insistiu, em referência à Irmandade Muçulmana, que no Egito há espaço para todas as facções e que as Forças Armadas se preocupam com "cada gota de sangue egípcia" derramada.

Apesar dessa preocupação, a violência não parou neste domingo, depois das 79 mortes registrades no sábado, que elevam para cerca de 900 o número de mortos desde quarta-feira.

Em um confuso incidente, pelo menos 36 detidos da Irmandade que estavam sendo levados para uma prisão ao norte do Cairo morreram quando seu comboio foi atacado por homens armados que pretendiam libertá-los.

Segundo disseram fontes de segurança à televisão estatal e à agência oficial "Mena", os detidos, que faziam parte de um comboio de 612 presos, morreram durante os confrontos perto do presídio de Abu Zabal, no norte da capital

No ataque, um oficial de Polícia foi sequestrado pelos islamitas, embora pouco depois tenha sido posto em liberdade e levado a um hospital.

Sobre os detidos pesa uma ordem de prisão pelos distúrbios da sexta-feira passada na praça de Ramsés, no Cairo, onde foram registrados confrontos entre islamitas e policiais e um violento ataque contra uma delegacia.

Em sua primeira reação ao sucedido, o Partido Liberdade e Justiça, braço político da Irmandade Muçulmana, qualificou em comunicado a morte dos detidos de "terrível massacre sangrento".

Os corpos de segurança intensificaram a segurança na região de Abu Zabal e na cidade de Qanater para enfrentar qualquer possível ataque.

Apesar destes fatos e da forte pressão dos autodenominados "comitês populares" - formados por civis contrários a Mursi -, os partidários do líder deposto voltaram a desafiar as forças de segurança em manifestações em diferentes pontos do país.

Nas últimas horas foram detidos quase 500 islamitas por causa de sua participação nos distúrbios no país, principalmente em torno da mesquita de Al Fateh, que foi violentamente desalojada pela Polícia no sábado.

Enquanto isso, o Governo continua seus esforços para levar à comunidade internacional que o conflito no Egito não está originado por diferenças políticas, mas se trata de uma ameaça existencial ao Estado por parte de um grupo extremista e fanático.

O ministro interino de Relações Exteriores, Nabil Fahmi, criticou os países ocidentais por suas "contradições", ao entender que eles pedem contenção às forças de segurança ao mesmo tempo em que ficam calados diante da violência da Irmandade.

Em entrevista coletiva, Fahmi informou que 37 igrejas foram atacadas desde quarta-feira passada, e mostrou vídeos e fotos de manifestantes islamitas portando armas semiautomáticas, e abrindo fogo de forma aleatória contra prédios.

O ministro reconheceu que "não são tempos fáceis" nas relações de seu país com muitos de seus parceiros tradicionais, como os Estados Unidos, mas insistiu que, embora as opiniões do exterior serão escutadas, "as decisões são exclusivamente egípcias".

Por isso, adiantou que o Egito vai revisar toda a ajuda internacional que recebe para comprovar se é utilizada de uma maneira "positiva".

"A revisão será racional, séria e objetiva, levando em conta a dignidade egípcia", disse Fahmi em entrevista coletiva, que aconteceu praticamente ao mesmo tempo do anúncio da União Europeia, que disse que vai revisar de forma urgente suas relações com o Egito se a violência não parar.

"Não podemos aceitar a equidistância entre as vítimas. A comunidade internacional tem que tomar posição diante da violência dos dois últimos dias", assinalou Fahmi.

EFE   
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