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África

Argélia confirma mortes durante operação para libertar reféns

17 jan 2013 - 17h04
(atualizado às 18h14)
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O ministro argelino das Comunicações, Mohamed Said, confirmou que alguns reféns em mãos dos islamitas armados morreram ou ficaram feridos durante o ataque do exército argelino a um campo de gás nesta quinta-feira para libertá-lo. Said disse, além disso, que houve "um número importante de reféns libertados e, infelizmente, mortos e feridos", mas não deu cifras definitivas. "A operação continua", afirmou Said em uma declaração ao vivo a um canal de língua francesa, na primeira reação oficial desde o início da operação de resgate que o exército lançou pela manhã.

Imagem de arquivo mostra o campo de gás e petróleo In Amenas, na Argélia, alvo de uma milícia islâmica
Imagem de arquivo mostra o campo de gás e petróleo In Amenas, na Argélia, alvo de uma milícia islâmica
Foto: AFP

Entenda os interesses da França no Mali

Mais cedo, uma fonte islamita anunciou a morte de pelo menos 34 reféns estrangeiros e 15 sequestradores, após um ataque do exército argelino, que conseguiu libertar 600 argelinos, segundo a agência argelina APS. Em declarações à mauritana Nouakchott Information (ANI), um porta-voz do grupo islamita disse que o chefe do grupo islâmico atacante, Abu Al Baraa, está entre os mortos. Outros sete reféns ocidentais - três belgas, dois americanos, um japonês e um britânico - continuam vivos e sobreviveram ao ataque do exército argelino, acrescentou.

Quatro reféns estrangeiros foram libertados nesta intervenção contra os islamitas que pedem o fim da intervenção francesa no Mali. Segundo a APS, tratam-se de dois britânicos, um francês e um queniano. A fonte também anunciou a libertação de 600 reféns argelinos. Por sua vez, Dublin informou que um refém com passaporte irlandês originário da Irlanda do Norte recuperou a liberdade e se encontra "são e salvo".

Informações desencontradas

Segundo a ANI, helicópteros do exército deste país abriram fogo no campo de exploração de gás do Saara argelino, 1.300 km a sudeste de Argel. Os islamitas entrincheirados no campo de gás também informaram que o exército argelino tinha lançado um ataque terrestre. "Aviões de combate e unidades terrestres iniciaram uma tentativa de tomar à força o complexo", informou um porta-voz dos sequestradores à ANI, que ameaçou "matar todos os reféns" se as forças argelinas entrassem no campo de gás.

O porta-voz islamita afirmou que o comando estava tentando "levar os reféns a um local mais seguro a bordo de veículos" quando o exército argelino o bombardeou. Apesar das últimas informações, o número exato bem como a nacionalidade dos reféns ainda são imprecisos, mais de 24 horas após o início do sequestros. Os sequestradores se apresentaram como os "Signatários pelo Sangue", nome da katina (unidade combatente) do argelino Mokhtar Belmokhtar, apelidado de "o caolho" ou "Senhor Marlboro" por seus supostos tráficos de cigarros.

Embora os atacantes tenham assegurado vir do Mali, situado a mais de 1.200 km de distância, o ministro argelino do Interior desmentiu e afirmou que eram da região e desejavam "sair do país com os reféns, o que não é aceitável para as autoridades argelinas". Segundo um funcionário local que pediu para ter sua identidade preservada e teve acesso às conversas com os sequestradores, eles "pedem a libertação de 100 terroristas detidos na Argélia" em troca dos reféns. De acordo com especialistas, em vista de sua complexidade, semelhante operação foi preparada há tempos, antes da intervenção francesa no Mali, apesar de ser apresentada como represália à guerra que Paris trava no país africano.

Intervenção francesa no Mali

A França anunciou esta quinta-feira a decisão de reforçar sua mobilização no Mali, com o envio de 1,4 mil militantes suplementares e de helicópteros de combate. Um novo confronto ocorreu à noite entre soldados franceses e malinenses contra combatentes islamitas perto de Konna. A tomada desta cidade em 10 de janeiro pelos islamitas que ocupavam o norte provocou os bombardeios aéreos franceses e em seguida posteriores operações terrestres.

Entretanto, em Bamaco, a chegada de um primeiro contingente nigeriano da força de intervenção da África ocidental ocorrerá esta quinta-feira. Além disso, perto de 2 mil soldados da Misma (Força Internacional de apoio do Mali) serão mobilizados antes de 26 de janeiro em Bamako, segundo decidiram na quarta-feira os chefes de Estado maior da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CDEAO). O presidente francês François Hollande apoiou a ação em andamento, embora a tenha classificado de operação dramática.

"O que acontece na Argélia justifica ainda mais a decisão que tomei em nome da França de ajudar o Mali em conformidade com a Carta das Nações Unidas e a pedido do presidente desse país", assinalou Hollande. "Trata-se de por fim a uma agressão terrorista e permitir que os africanos se mobilizem para preservar a integridade territorial de Mali".

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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