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África

Apesar de derrotas militares, Boko Haram revela força em Nigéria e Níger

27 abr 2015 - 19h54
(atualizado às 19h54)
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Os corpos de centenas de pessoas foram encontrados na cidade de Damasak, no nordeste da Nigéria, aparentemente vítimas dos rebeldes do Boko Haram, indicaram nesta segunda-feira moradores e autoridades locais, em um momento em que o grupo islâmico mostra força, matando dezenas de militares neste país e no vizinho Níger.

"Os corpos foram encontrados nas casas, nas ruas e na ribeira seca de Damasak", contou Kaumi Kusur, morador desta localidade, acrescentando que as vítimas foram enterradas em cerca de 20 valas comuns durante o fim de semana.

Segundo Mohamed Sadiq, outro morador que ajudou a enterrar os corpos no sábado, o número de mortos pode chegar a mais de 400, enquanto o estado de Borno mencionou "centenas" de cadáveres.

Os corpos seriam de moradores massacrados pelo Boko Haram, que tomou a cidade em novembro do ano passado e foi expulso por tropas de Chade e do Níger no começo de março, como parte de uma ofensiva regional para combater os insurgentes.

Em 20 de março, um porta-voz do exército chadiano informou a localização de uma centena de corpos em uma vala comum debaixo da ponte na entrada da cidade, considerando que o massacre teria ocorrido em janeiro.

Os corpos encontrados agora, no entanto, excedem o número daqueles achados em março, quando a cidade foi libertada, segundo Kusur.

A descoberta aconteceu no momento em que milhares de pessoas afugentadas pela violência retornavam às suas casas, vindas de acampamentos provisórios.

Mais de 1,5 milhão de pessoas foram obrigadas a fugir de suas casas desde o início dos ataques do grupo rebelde, em 2009.

Apesar das recentes derrotas militares que sofreu, o Boko Haram demonstrou que continua tendo muito poder, após matar, no fim de semana, cinquenta soldados no Níger e, muito possivelmente, outros vinte civis na Nigéria.

Ao amanhecer de sábado, os insurgentes atacaram uma posição do Exército do Níger em uma ilha do lago Chade, em uma das ofensivas mais mortais infringidas à coalizão, ativa há quatro meses e composta por militares de Chade, Níger, Nigéria, Camarões e Benin.

Dois dias depois, os números diferiam de acordo com as fontes, mas nenhum abaixo dos 50 mortos.

"Houve enormes perdas" neste posto militar, localizado em Karamga, uma ilha "particularmente isolada" do lago Chade, onde havia entre 120 e 150 soldados, confirmou uma fonte humanitária à AFP.

"Após acabar com os soldados, se voltaram contra os moradores, atirando na cabeça" daqueles que se jogavam na água para fugir, e "queimando vivos muitos em suas casas", explicou o sobrevivente Umar Yerima, um pescador residente na ilha.

Os atacantes ficaram ali até o meio-dia de sábado, quando um avião de combate começou a bombardear a área e eles fugiram, explicou esta testemunha. Fazia um mês que não ocorria um ataque relevante no Níger.

Um dia antes, no nordeste da Nigéria, supostos combatentes do Boko Haram disfarçados de soldados mataram 21 deslocados que tentavam voltar à sua aldeia para buscar comida.

"Os homens eram 21, foram detidos na aldeia de Bultaram por combatentes armados que, acreditamos, pertenciam ao Boko Haram e os mataram atirando contra eles", contou Baba Nuhu, autoridade da cidade de Gujba, no estado de Yobe.

Este Estado e os vizinhos Borno e Adamawa têm sido palco frequente de ataques do grupo extremista nos últimos seis anos. No total, a insurreição islâmica e sua repressão pelo exército nigeriano deixou mais de 15.000 mortos desde 2009, segundo a ONU, e mais de 1,5 milhão de pessoas foram obrigadas a fugir de casa.

Desde fevereiro, o exército nigeriano garante ter recuperado grande parte das cidades que caíram nas mãos dos rebeldes islâmicos e incentiva as pessoas a voltar às suas aldeias.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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