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África

Apelos à reconciliação no Egito após fracasso de mobilização pró-Mursi

31 jul 2013 - 10h34
(atualizado às 10h47)
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Os apelos à reconciliação nacional procedentes de todo o mundo chegavam nesta quarta-feira ao Egito, onde o governo ameaça dispersar pela força os acampamentos islamitas, um dia após o fracasso da manifestação de "um milhão" convocada pela Irmandade Muçulmana.

Apenas algumas dezenas de milhares de manifestantes responderam à convocação para pedir o retorno do presidente deposto, Mohamed Mursi.

O enviado especial da União Europeia para o Oriente Médio, Bernardino León, era esperado nesta quarta-feira no Cairo, onde esteve de visita a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, que se reuniu com Mursi.

Na próxima semana, dois importantes senadores americanos chegarão ao Cairo para se encontrar com as novas autoridades.

"León prosseguirá os contatos e os esforços de mediação de Ashton", explicou Michael Mann, porta-voz da chefe da diplomacia europeia.

A UE quer cumprir um papel de "facilitador", utilizando inclusive a alavancagem financeira para ajudar o Egito a retornar à democracia.

Os senadores americanos Lindsey Graham e John McCain, membros influentes do Congresso, anunciaram em Washington que viajam ao Egito a pedido do presidente Barack Obama.

Os dois disseram que irão convocar eleições para um retorno ao poder civil no âmbito de uma solução "democrática que inclua" todas as partes.

Ashton, a única pessoa que teve até o momento acesso a Mursi, detido em segredo pelo exército desde o golpe de 3 de julho, defendeu na terça-feira uma transição que "inclua todas as forças políticas", incluindo a Irmandade Muçulmana, que até o momento rejeita qualquer diálogo com um poder que considera ilegítimo.

Ao lado de Ashton, o vice-presidente nomeado pelos militares, Mohamed ElBaradei, afirmou que o ex-presidente havia fracassado e por esta razão estava excluído da transição, mas que a "Irmandade Muçulmana segue formando parte do processo político".

"Os islamitas devem participar do futuro do Egito", disse o ministro das Relações Exteriores, Nabil Fahmy.

O ministro também indicou que a Irmandade Muçulmana pode participar "da redação da Constituição e das leis eleitorais", condicionando sua participação ao fim da violência.

Desde o fim de junho, a violência deixou mais de 300 mortos, em sua grande maioria vítimas da repressão policial.

O governo voltou a advertir que está disposto a dispersar os acampamentos dos partidários de Mursi no Cairo.

As tensões entre as Forças Armadas e o movimento pró-Mursi aumentam os temores de novos banhos de sangue, como o ocorrido no sábado, quando a repressão policial provocou a morte de 81 civis.

O secretário americano de Defesa, Chuck Hagel, convocou na terça-feira o general Abdel Fatah al-Sissi, chefe das Forças Armadas e ministro da Defesa, para pedir a ele que os militares ajam com precaução.

No entanto, a mobilização dos partidários de Mursi pareceu se enfraquecer na terça-feira, com o fracasso de sua tentativa de reunir no Cairo um milhão de manifestantes.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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