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África

Acusados de bruxaria são queimados vivos na Tanzânia

Crenças populares afirmam que ter olhos avermelhados é um sinal de bruxaria, quando, na realidade, geralmente se trata de alguma irritação ocular

10 out 2014 - 11h27
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Uma multidão queimou vivas sete pessoas e incendiou cerca de 20 casas no oeste da Tanzânia por acusação de bruxaria, anunciou nesta sexta-feira a polícia local.

O chefe da polícia para a região de Kigoma, Jafari Mohamed, informou que 23 detidos, entre eles chefes locais e um curandeiro, compareceram à Justiça acusados de cometer assassinato. Antes que as autoridades pudessem agir, porém, eles foram linchados na noite de segunda-feira em um povoado de Murufiti, oeste de Dar es Salam, a capital econômica da Tanzânia.

"As vítimas foram atacadas e queimadas vivas por uma multidão de habitantes que os acusavam de praticar bruxaria", contou à AFP Jafari Mohamed, acrescentando que cinco dos executados tinham mais de 60 anos.

"Encontrei o corpo de minha mãe queimado, do lado de fora de nossa casa, e o do meu pai, também queimado, dentro de casa", contou um dos moradores ao jornal Mwananchi.

Em 2012, uma ONG tanzaniana, o Centro Jurídico e dos Direitos Humanos (LHRC), afirmou que 3.000 pessoas acusadas de bruxaria, principalmente idosas, foram linchadas entre 2005 e 2011 no país. "Uma média de 500 pessoas da terceira idade, em particular idosas e com olhos avermelhados, perdem a vida todos os anos na Tanzânia, acusadas de bruxaria", afirmou a LHRC.

Segundo a ONG, as crenças populares afirmam que ter olhos avermelhados é um sinal de bruxaria, quando, na realidade, geralmente se trata de alguma irritação ocular.

As mesmas crenças atribuem à bruxaria as desventuras e desastres que algumas pessoas ou a comunidade em seu conjunto sofrem. Outras vítimas deste tipo de crença, muito disseminada nas regiões fronteiriças entre a Tanzânia e Burundi, são os albinos.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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