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África precisa educar jovens ou terá "futuro terrível" e mais mortes de imigrantes

24 abr 2015 - 21h23
(atualizado às 21h23)
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Por Stella Dawson

Imigrantes ilegais no centro de detenção Abu Saleem em Trípoli, na Líbia. 21/04/2015
Imigrantes ilegais no centro de detenção Abu Saleem em Trípoli, na Líbia. 21/04/2015
Foto: Ismail Zitouny / Reuters

WASHINGTON (Thomson Reuters Foundation) - A morte de centenas de imigrantes neste ano em fuga do norte da África em direção à Europa pelo mar Mediterrâneo chama atenção para o desespero da população e o fracasso dos governos africanos em prover educação e treinamento aos seus jovens, disse o filantropo bilionário Mo Ibrahim.

Acredita-se que até 900 pessoas tenham morrido quando o barco no qual atravessavam o mar, da Líbia até a Europa, afundou no último fim de semana. Muitas mulheres e crianças estavam presas nos compartimentos inferiores da embarcação.

No total, cerca de 1.800 imigrantes morreram no Mediterrâneo até agora neste ano, sendo que no mesmo período no ano passado essa cifra não passou de 100, afirmou a agência de refugiados da Organização das Nações Unidas (ONU).

Ibrahim, magnata sudanês do setor de telecomunicações, disse no Fórum Global de Filantropia nesta semana que mais africanos deixarão o continente a não ser que seus governos passem a fazer mais para ajudar os 20 milhões de jovens que entram no mercado de trabalho a cada ano.

"Isso vai levar as pessoas a morrer no meio do Mediterrâneo ou a mais violência nas ruas, a menos que façamos algo para lidar com o problema", disse Ibrahim no fórum, que reúne doadores e investidores.

"Se fracassarmos em treinar nossas crianças para os trabalhos do futuro, estamos nos arriscando a um futuro terrível, terrível", afirmou ele.

Aproximadamente metade da população de 1 bilhão de pessoas da África tem menos de 19 anos, e as taxas de desemprego são igualmente elevadas, disse Ibrahim.

Setenta por cento dos africanos têm a agricultura como fonte de renda, ainda que somente dois por cento dos estudantes universitários estudem cursos relacionados à área, fundamentais para que se consiga um aumento de produtividade no setor e consequentemente a redução da fome, acrescentou ele.

Ibrahim, cuja fundação é responsável por publicar um índice que mede a qualidade da governança nos países africanos, premiando líderes africanos que se destaquem, disse ser errado classificar a África como um centro de corrupção e má governança, problemas que são globais.

A diretora-executiva da Fundação Mo Ibrahim, sua filha Hadeel Ibrahim, disse que o fluxo ilícito de dinheiro e a evasão fiscal extraem milhares de dólares da África a cada ano, superando em muito a quantidade de recursos que chega na forma de ajuda ao desenvolvimento.

Mais de 60 por cento desse dinheiro não é roubado por meio da corrupção, mas através de preços fraudulentas cobrados por corporações, incluindo multinacionais, disse ela.

"Todo esse auxílio vocês estão nos dando ao mesmo tempo em que estão retirando uma imensa quantidade, jogando moedas de volta para nós", disse ela durante o fórum, exigindo uma conversa franca sobre finanças e ajuda internacional.

O presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, também disse ao fórum que o financiamento ilícito que rouba receitas dos países em desenvolvimento é uma questão que merece mais atenção.

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