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Estados Unidos

Após um dia blindada, NY volta ao normal e memorial é aberto

12 set 2011 - 17h07
(atualizado às 17h12)
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Moreno Osório
Direto de Nova York

Depois de um domingo em que esteve blindada para o 10º aniversário dos atentados de 11 de setembro, Nova York amanheceu nesta segunda-feira querendo voltar ao normal. O enorme contingente policial que patrulhava - e bloqueava - as ruas ontem diminuiu bastante, e a vida no sul de Manhattan retoma rotina dos dias anteriores, com milhares de turistas e, em meio a eles, nova-iorquinos voltando ao trabalho ou estudos. Na área do World Trade Center, o movimento estava concentrado na área do 9/11 Memorial, que abriu as portas ao público.

Visitantes formam fila para entrar no 9/11 Memorial, em Nova York, que foi aberto ao público nesta segunda-feira
Visitantes formam fila para entrar no 9/11 Memorial, em Nova York, que foi aberto ao público nesta segunda-feira
Foto: AP

No caminho até chegar lá, saindo da estação South Ferry, bem ao extremo sul da ilha, o clima nas ruas era totalmente diferente de domingo. Nada de dezenas de carros de polícia circulando ou estacionados na rua State, que passa pela estação. No lugar deles, ônibus de turismo e ambulantes vendendo óculos de sol e miniaturas da Estátua da Liberdade. Se ontem havia policiais até na Starbucks, hoje as tendas de cachorro-quente e de pôsteres da cidade é que ocupavam as calçadas. Mas o policiamento não sumiu. Principalmente na zona do WTC.

Ao chegar perto da área que estava isolada ontem pela polícia, era possível ver resquícios da grande operação de segurança. Os principais bloqueios de ruas e calçadas terminaram às 5h de hoje, mas o número de policiais ainda era alto, principalmente nas ruas Greenwich e Albany, que margeiam a entrada do 9/11 Memorial. Como só quem se registrou antecipadamente podia entrar (não há cobrança de ingresso, mas o calendário de visitas está preenchido por semanas), poucas pessoas se aglomeravam no pórtico de entrada. Não havia filas. Tirando quem estava ali para a visita, sobravam numerosos turistas e poucos curiosos.

E muitos jornalistas. De manhã, o número de profissionais da imprensa era quase o mesmo do de pessoas que haviam agendado a visita e estavam esperando sua vez. Sobravam câmeras, microfones e repórteres buscando quem pudesse dizer quais foram suas impressões. Entre os que saíam estava o americano Keivon Touran, 20 anos, que perdeu sua vó. Ela estava no voo 175, que atingiu a Torre Sul. Segundo ele, o memorial "é legal, mas um pouco frio", fazendo menção aos amplos espaços decorados com granito. "É um lugar interessante, em um lugar legal da cidade, com uma incrível vista de Downtown Manhattan", afirmou, para em seguida dizer que também é um bom lugar para lembrar os familiares e amigos mortos nos atentados.

O nova-iorquino Paul de Martini, 49 anos, que perdeu o irmão Frank de Martini naquela terça-feira, foi ao memorial com a família. Ele gostou muito do espaço disponível para a circulação e o design, que tem a assinatura de Michael Arad e Peter Walker. "Mas o que eu gostei mesmo foi das quedas d'água", afirmou. A mesma observação fez o bombeiro aposentado James Cintron, 53 anos. Segundo o nova-iorquino que mora atualmente na Flórida, os espelhos de aproximadamente 4 mil m² cada mantêm viva a memória daqueles que se foram.

"O movimento da água, 24 horas por dia, sete dias por semana, mantém vivas em nossa memória as pessoas assassinadas naquele dia. Porque todos eles estão vivos, só que do outro lado", disse ele, que foi enviado para World Trade Center trabalhar no resgate às vítimas após a queda da segunda torre. "Perdi muitos amigos". David Castner, 46 anos, também trabalhou no resgate, mas como voluntário. Ele teve uma sensação parecida quando esteve caminhando por entre os carvalhos plantados na praça central do memorial. "Eles fizeram um bom trabalho aqui. Lá dentro eu sinto que todas as almas estão vivas".

Memorial 9/11
O 9/11 Memorial foi aberto hoje ao público, depois de receber os familiares das vítimas durante a cerimônia de ontem. Sua principal atração é os dois espelhos d'água quadrados, dispostos de maneira a representar as duas torres destruídas em 11 de setembro de 2001. Inscritos em placas de bronze nas bordas dessas duas piscinas - que possuem quedas d'água em cada um dos seus lados - estão os nomes das pessoas que morreram. No espelho norte, as vítimas da Torre Norte, do voo 11 e do atentado de 1993. No espelho sul, as vítimas da Torre Sul, do voo 175, dos bombeiros e policiais, do Pentágono, do voo 77 e do voo 93.

Para visitar o 9/11 Memorial, é preciso se inscrever no site 911memorial.org. Segundo a administração, esse sistema foi implementado para garantir o conforto dos visitantes, evitando filas e um longo tempo de espera. Ele será mantido enquanto as obras dos novos prédios do World Trade Center estiverem em andamento. Quando tudo estiver pronto, ruas serão abertas e a praça se integrará à cidade, com uma estação de trem funcionando no subsolo. Para 2012 está prevista a abertura de um museu, onde estarão expostos dois pedaços da estrutura de aço retirados das ruínas das torres.

Fonte: Terra
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