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Admirado por luta, despedida de Alencar reúne 6 mil em Minas

31 mar 2011 - 19h56
(atualizado em 1/4/2011 às 00h22)
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Vagner Magalhães
Direto de Belo Horizonte

Nas pouco mais de 3 horas que o corpo do ex-vice-presidente da República José Alencar ficou exposto à visitação em Belo Horizonte, cerca de 6 mil pessoas passaram pelo saguão principal do Palácio da Liberdade, ex-sede do governo de Minas Gerais. Na fila, que dobrou a praça da Liberdade, anônimos, colaboradores da Coteminas - empresa fundada por Alencar nos anos 60 -, funcionários públicos, religiosos e curiosos.

Emocionado, Lula chora muito ao ver corpo de Alencar:

Alencar entrou na política tardiamente, nos anos 90, com mais de 60 anos. De ilustre desconhecido fora do meio empresarial, ganhou alguma afeição popular pela veemência com que criticava a taxa de juros cobrada pelos bancos, mas principalmente pela postura pública que teve enquanto lutava contra um câncer descoberto em 1997 e que se tornou mais destrutivo nos últimos dois anos.

Essa mesma luta, travada por milhões de brasileiros, o aproximou das pessoas. Ele admitia que o seu tratamento era infinitamente superior ao da média brasileira. Nas inúmeras altas que recebeu no hospital Sírio-Libanês, procurava sair pela porta da frente para explicar como andava o tratamento, sempre de forma simples. Invariavelmente bem-humorado, dizia não ter medo da morte e estar pronto para enfrentar a doença.

Muitos dos que foram se despedir dele nesta quinta-feira, compareceram justamente por isso. Enquanto esteve internado, Alencar recebeu inúmeras cartas desejando melhoras e dizendo utilizar o seu exemplo para enfrentar doenças semelhantes pessoais ou na família.

Antonio Silva Gonçalves, 69 anos, chegou a mandar uma mensagem eletrônica para o ex-vice-presidente desejando a sua melhora. Recebeu como resposta de Alencar que ele se sentia bem e "seguro de que isso se deve à proteção divina e ao apoio de brasileiros que, como o senhor, têm me homenageado com generosas manifestações de apreço e consideração, que muito me ajudam a continuar lutando, com muita fé e otimismo".

Surpreso com a resposta, enviada pela equipe da vice-presidência da República, ele resume a sua afeição a Alencar: "Se metade das pessoas tivessem a humildade dele, hoje o Brasil estaria melhor", disse. Na saída do palácio da Liberdade, um grupo mulheres entoava o cântico religioso "Segura na Mão de Deus". Com flores nas mãos, fotos e carinho pela figura do homem que deixou o local em um carro funerário. No meio das centenas de pessoas, um homem mostrava com orgulho o crachá da Coteminas, empresa de fundada por Alencar.

Como Lula gostava de dizer, "nunca antes na história deste País", o Brasil teve um vice-presidente tão popular. Se não pela política, ao menos pela forma simples de se comunicar com a população.

Alencar enfrentava câncer desde 1997

O empresário mineiro e ex-vice-presidente da República José Alencar morreu às 14h41 desta terça-feira, aos 79 anos, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. De acordo com nota oficial da instituição, Alencar morreu em decorrência de câncer e falência de múltiplos órgãos. Ele lutava contra a doença desde 1997. Ao todo, foi submetido a 17 cirurgias nos últimos 13 anos.

O ex-vice-presidente foi internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na segunda-feira, com um quadro de suboclusão intestinal, em "condições críticas". Ele havia recebido alta em 15 de março, após uma internação de mais de um mês na instituição devido a uma peritonite (inflamação da membrana que reveste a cavidade abdominal) por perfuração intestinal.

Alencar nasceu em 17 de outubro de 1931 em um povoado às margens de Muriaé, cidade de 100.063 mil habitantes no interior de Minas Gerais. Ele era casado com Mariza Campos Gomes da Silva, com quem teve três filhos.

Em 1967, em parceria com o empresário e deputado Luiz de Paula Ferreira, fundou, em Montes Claros (MG), a Companhia de Tecidos Norte de Minas (Coteminas), hoje um dos maiores grupos industriais têxteis do País. Estabelecido no setor empresarial, candidatou-se para o governo de Minas em 1994 e, em 1998, conquistou uma vaga no Senado Federal por Minas Gerais. Elegeu-se vice-presidente na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, tendo sido reeleito junto com o petista em 2006.

Fonte: Terra
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