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Lutas de boxe entre crianças movimentam apostas na Tailândia

5 jul 2009 - 10h09
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Os combates de muay thai (boxe tailandês) entre menores representam um lucrativo negócio para os grupos de apostadores ilegais na Tailândia e um perigo para a saúde dos jovens pugilistas, que recebem apenas US$ 2 por luta.

Seis meninos e duas meninas de entre 10 e 15 anos e com um peso de entre 23 e 28,5 quilogramas fizeram parte do programa organizado pela Fairtex, uma conhecida empresa dedicada à promoção do esporte, na quinta-feira passada na cidade de Pattaya, cerca de 150 quilômetros ao sul de Bangcoc.

Khundach Sitkhuhnui se apresentava no ringue com apenas 12 anos, mas com uma carreira de meia década como profissional do muay thai.

"Vamos ganhar, meu filho é um verdadeiro campeão", disse à Agência Efe seu orgulhoso pai, enquanto levantava os magros braços do garoto, que olhava sério e impassível para os turistas que tiravam fotos.

Uma vez no ringue, o tímido rapaz se tornou um boxeador temerário que disparou sem cessar murros no rosto e golpes duros com as pernas nas costelas do adversário.

Após três assaltos frenéticos, Sitkhuhnui foi declarado ganhador por pontos do combate, para a alegria de seus treinadores e parentes, que não o tinham deixado de incentivar o tempo todo.

Seu cachê é de US$ 2, uma quantia insignificante comparada com o dinheiro das apostas feitas de forma aberta pela maioria do público tailandês.

Um grupo de turistas, alguns deles lutadores de muay thai, sorriam perante a fúria dos jovens pugilistas.

Outros pareciam incomodados com o espetáculo, sobretudo no momento em que os juízes tiveram que levar nos braços uma das meninas porque tinha desmaiado durante um assalto.

"Iniciamos um projeto para estudar os efeitos que têm nas crianças os golpes na cabeça. Tememos que no futuro possam sofrer danos irreversíveis como parkinson, alzheimer e disfunções nos ouvidos e na vista", disse o diretor do Centro de Pesquisa para a Prevenção e a Segurança dos Menores na Tailândia, o pediatra Adisak Pliponkarnpim.

O especialistas apontou que "há cerca de dez mil crianças, também meninas, que participam de brigas profissionais de muay thai, segundo dados do Ministério de Assuntos Sociais".

Segundo ele, embora o boxe permita o ganho de US$ 2 por combate para as famílias humildes, a razão principal das lutas são o negócio ilegal de apostas, que movimenta grandes quantidades de dinheiro.

O muay thai é conhecido também como "a arte das oito armas", porque utiliza os punhos, os joelhos, os cotovelos e as pernas.

Sua origem se encontra nas guerras que a Tailândia teve com os reinos vizinhos durante o século XII, em que os soldados aperfeiçoaram o uso de lanças e espadas, assim como o emprego do corpo como arma letal.

"Não se trata de proibir o muay thai, já que faz parte da cultura tailandesa, mas de impedir que os menores de 18 anos participem dos combates, tal como está regulamentado na maioria dos países ocidentais", disse o médico Pliponkarnpim.

A legislação tailandesa proíbe que os menores de idade realizem trabalhos perigosos, disposição que inclui os combates de muay thai.

"As leis não servem de nada se não convencemos a sociedade de que as crianças não devem participar dos combates", afirmou Pliponkarnpim, que ressaltou que "a pobreza não é uma desculpa, já que na Tailândia ninguém passa fome".

EFE   
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