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Lula visita teleférico no Alemão e pede que não haja retrocesso

Para presidente, momento na região é de resgate da dignidade da população local.

21 dez 2010 - 17h42
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Lula disse que poder público deve ter mais presença nas favelas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que o teleférico do Complexo do Alemão (zona norte do Rio) passará a disputar com o Pão de Açúcar o título de "cartão postal do Rio de Janeiro" e pediu que não haja "retrocesso" na comunidade.

Depois de testar uma das gôndolas do teleférico da estação Bonsucesso até a estação Baiana, Lula se disse alegre por ver "o clima de tranquilidade" entre os moradores das comunidades ocupadas pelo Estado. Ele reconheceu, porém, a necessidade de manter e ampliar a presença do poder público nas favelas.

"Não permitam, pelo amor de Deus, que haja um retrocesso. Aqui veio a polícia, veio a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), veio o teleférico. Agora tem que vir escola, creche, cultura, emprego, escola profissional. Esse povo só vai recusar definitivamente a convivência com bandidos quando perceber que tem um prefeito olhando por ele, um governador olhando por ele e um presidente olhando por ele, e que o poder público não é algo distante."

Lula disse que, após a operação que ocupou a região no fim de novembro, "o Complexo do Alemão já não é mais o bicho papão". Para ele, o momento é de resgate da autoestima e da dignidade da população local.

"Acho que as pessoas estão com a autoestima tão elevada que, se você colocar aquele negócio de medir o batimento cardíaco, não consegue medir a grandeza dessa autoestima, afirmou.

Rocinha

O teleférico interligará seis pontos no complexo por gôndolas com capacidade para oito pessoas. A obra é um dos projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e entra agora em fase de testes, com inauguração prevista para março.

De acordo com a Empresa de Obras Públicas (Emop), encarregada das obras, o teleférico do Alemão terá 152 gôndolas e capacidade para transportar cerca de três mil pessoas por hora.

O presidente já havia inaugurado obras do PAC no Complexo do Alemão antes, mas esta foi a sua primeira visita após a ocupação das favelas da região por uma operação que reuniu, no dia 28 de novembro, forças de segurança estaduais, federais e militares.

O conjunto de favelas concentrava operações da principal facção criminosa do Rio. As operações lá e na Vila Cruzeiro resultaram em 156 prisões até a segunda-feira, de acordo com o balanço divulgado pela Polícia Civil.

Depois de andar em uma das gôndolas, Lula participou de duas inaugurações remotas. Da estação do teleférico, fez discursos que foram transmitidos para a Rocinha, onde quase 150 unidades habitacionais e obras de reurbanização de um beco foram entregues; e para um evento na BR-101, que teve inaugurada a duplicação de um trecho de 26 km no caminho do Rio para Angra dos Reis.

À plateia que o ouvia da Rocinha, prometeu uma visita em 2011. "A partir de março do ano que vem eu não vou precisar mais de segurança e vou poder ir à Rocinha transitar com vocês como eu ia em 1989".

"Essa cidade tem que voltar a merecer o nome de Cidade Maravilhosa. Não pode ser aquele espetáculo que você vê do céu, e quando desce vê aquela desgraça de empobrecimento a que foi legado o Rio de Janeiro."

PAC e royalties

A nove dias de deixar o governo, o presidente voltou a prometer que os cortes no orçamento previstos para o ano que vem não vão tirar "um centavo do PAC".

A afirmação veio em resposta a um parecer da relatora-geral do Orçamento, noticiado nesta terça-feira, que indicava um corte de R$ 3 bilhões nos recursos destinados a obras do PAC em 2011.

"Vocês sabem que eu tenho poder de veto", disse à imprensa após a pré-inauguração do teleférico. "Esse orçamento que foi votado vai ter que vir para mim, está sendo negociado. E eu posso dizer, não vão cortar dinheiro do PAC. O compromisso da companheira Dilma Rousseff é pelo desenvolvimento desse país."

Lula reiterou também que vai vetar, na quarta-feira, ao sancionar o modelo de partilha do pré-sal, a emenda que prevê a redistribuição dos royalties do petróleo entre os Estados. Ele lembrou o compromisso que firmou com governadores dos Estados produtores (Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo).

"Vou vetar e mandar para o Congresso o projeto de lei restituindo o acordo que firmamos naquele período. Nós queremos que todos os Estados ganhem com o petróleo, mas os Estados produtores podem ganhar um pouco mais. É a compensação que eu acho que merecem."

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