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Lula discute crise com Abbas em meio a bloqueio à Cisjordânia

Presidente conversou com líder palestino sobre possibilidade de novos mediadores, como o Brasil.

16 mar 2010 - 19h06
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O encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, nesta segunda parte do giro pelo Oriente Médio, ocorre em meio a mais uma crise na região.

Nesta terça-feira, na reunião entre Lula e Abbas, que durou cerca de uma hora, os dois conversaram, segundo a chancelaria brasileira, sobre a atual crise no processo de paz e sobre como a comunidade internacional, incluindo o Brasil, pode atuar na mediação. Na quarta-feira, Lula se encontra novamente com o presidente palestino.

Detonada pelo anúncio da construção de 1,6 mil casas em Jerusalém Oriental - que os palestinos reivindicam como sua futura capital - a atual crise enterrou uma nova iniciativa de diálogo, proposta pelos Estados Unidos, gerou confrontos em Jerusalém Oriental e levou Israel a fechar as fronteiras com a Cisjordânia.

Por causa do atual bloqueio, os postos de controle de fronteira ficam fechados à entrada de palestinos em Israel. É apenas permitido o acesso por razões humanitárias. Normalmente, esse grau de fechamento só é determinado em feriados festivos de Israel ou em momentos de muita tensão.

Pelo posto de checagem, por onde Lula e sua comitiva entraram em Belém, na Cisjordânia, passam, normalmente, milhares de palestinos com permissão para trabalhar em Israel.

Negociações indiretas

O anúncio das novas construções em Jerusalém Oriental foi feito na semana passada durante uma visita do vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que estava no país para lançar uma iniciativa de negociações indiretas entre os dois lados do conflito.

O anúncio do Ministério do Interior de Israel, que chegou a ser classificado de "insulto" pelo governo americano, acabou sendo o responsável por enterrar o processo de paz que mal havia começado. A iniciativa americana era o primeiro passo concreto em mais de um ano de negociações congeladas.

O Departamento de Estado americano espera, agora, que o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu prove estar comprometido com o processo de paz, mas reafirmou que os laços com Israel não foram abalados.

Após o encontro com Abbas, Lula se encontrou com o primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestina, Salam Fayyad, em uma reunião para empresários em que classificou de cruel "o bloqueio que vem sofrendo o povo palestino" e fez duras críticas à barreira construída por Israel na Cisjordânia.

"Sabemos qual é o primeiro desafio nessa caminhada. Vencer o cruel bloqueio que vem sofrendo o povo palestino. O Muro de Separação cobra um alto preço em termos de sofrimento humano e prejuízo material, sobretudo na Faixa de Gaza", disse.

"A asfixia imposta à Cisjordânia e a Gaza impede que a Palestina se beneficie dos fluxos de comércio internacional", disse Lula, prometendo ajudar a buscar uma solução para a solução do conflito e criação de um Estado palestino.

Em Ramallah, por onde o presidente brasileiro passará nesta quarta-feira, Lula e Abbas assinarão uma série de acordos de cooperação nas áreas da educação, esporte, saúde e turismo.

O presidente inaugurará ainda a Rua Brasil em Ramallah e depositará flores no túmulo de Yasser Arafat. No mesmo dia, Lula parte para Amã, capital da Jordânia.

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