PUBLICIDADE

Kadafi ameaça atacar Mediterrâneo se ONU autorizar atos militares

17 mar 2011 - 19h08
Compartilhar

O líder líbio, Muammar Kadafi, ameaçou nesta quinta-feira atacar com navios e aviões civis no Mediterrâneo caso ocorra "qualquer ato militar" contra a Líbia como os que o Conselho de Segurança da ONU podem autorizar, ao mesmo tempo em que anunciou um grande ataque nesta noite contra Benghazi se a cidade não se render.

Em um dia cheio de ameaças por parte do regime líbio, enquanto o Conselho de Segurança negocia o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea no país, Kadafi anunciou também, no entanto, um cessar-fogo de suas forças a partir da noite do próximo sábado para "permitir a rendição" dos rebeldes.

Esse parece ser o prazo dado pelo regime líbio para acabar definitivamente com os rebeldes, apesar de o coronel ter insistido em discurso transmitido pela televisão estatal que nesta mesma noite suas tropas chegarão a Benghazi e "não terão compaixão" com quem não se render.

O líder líbio ameaçou bombardear Benghazi a partir desta noite e advertiu que não "haverá misericórdia com os traidores".

"Estas são as últimas horas desta tragédia", ressaltou, além de advertir que suas tropas "entrarão casa por casa" na cidade e que os moradores daquelas onde forem encontradas armas "serão considerados inimigos" Kadafi chegou a comparar sua possível entrada em Benghazi nesta noite com a do general Francisco Franco em Madri durante a guerra civil espanhola.

"Vocês são a quinta coluna na cidade", afirmou se dirigindo aos moradores do reduto rebelde no leste do país, aos quais considera seus aliados, e disse que se apoiará neles para "libertar" a cidade "dos traidores e dos cachorros".

Enquanto a televisão estatal líbia emitiu o discurso de Kadafi, a rede "Al Jazeera" mostrou em paralelo imagens de centenas de simpatizantes da rebelião em uma grande praça de Benghazi cantando palavras de ordem contra o regime e o líder líbio.

Pouco antes, o comitê geral de defesa líbio, equivalente ao Ministério da Defesa, advertiu que "qualquer ato militar" contra a Líbia "colocará em perigo as atividades aéreas e marítimas no Mediterrâneo", segundo um comunicado divulgado pela agência oficial "Jana".

Os navios ou aviões que cruzarem o mar, "sejam civis ou militares, serão alvos de ataques defensivos" e "toda a bacia do Mediterrâneo estará exposta a um grave perigo não só a curto prazo, mas também a longo", ameaçou o regime.

Horas antes, o mesmo comitê geral de defesa havia anunciado que cessará suas operações militares contra "os grupos terroristas armados" a partir da meia-noite do próximo sábado para dar oportunidade de os rebeldes "entregarem as armas e se beneficiarem da anistia geral" prometida por Kadafi há poucos dias.

Enquanto isso, a ofensiva das forças de Trípoli se intensificou nesta quinta-feira especialmente em Misrata, a terceira cidade do país e a única ainda controlada pelos rebeldes no oeste líbio, além de na estratégica Ajdabiya, a 160 quilômetros ao sul de Benghazi.

O membro do comitê de comunicação do Conselho Nacional Transitório (CNT) líbio, Tariq Ali Ejhaui, assegurou à Agência EFE que pelo menos 30 rebeldes morreram desde quarta-feira nos combates em Ajdabiya.

Ejhaui afirmou que os insurgentes abateram nesta quinta-feira um avião de guerra do regime de Trípoli na região de Buhadi, perto de Ajdabiya, e que aviões de Kadafi bombardearam o aeroporto de Benina, a 10 quilômetros ao oeste de Benghazi, além da localidade de Gnines, a 50 quilômetros desta cidade.

Os bombardeios erraram seus alvos, segundo os insurgentes, que atribuem esses erros ao fato de pilotos de Kadafi se verem obrigados a executar as ordens, mas errarem de propósito para não causar danos entre a população civil.

O aeroporto de Benina faz parte de um quartel da aviação militar líbia, cujos oficiais e soldados se uniram à rebelião poucos dias após seu início, em 16 de fevereiro.

O porta-voz rebelde rejeitou que Misrata fosse recuperada por Kadafi, tal como afirmou a televisão estatal, e disse que na cidade são travados violentos combates e que alguns soldados das tropas do regime tomaram posições em edifícios de onde disparam indiscriminadamente sobre a população.

EFE   
Compartilhar
TAGS
Publicidade