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Jogos Olímpicos mudam a cara do Rio

4 ago 2015 - 17h32
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A um ano do megaevento, expectativa é que obras no transporte público, parques olímpicos e recuperação da Região Portuária sejam os maiores legados. Despoluição da Baía de Guanabara não será concluída.

Teste na praia de Copacabana: mais de 200 atletas foram à mais famosa praia do Rio de Janeiro para concorrer a uma vaga na prova de triatlo dos Jogos Olímpicos de 2016. Foram 1,5 quilômetro de natação, 10 quilômetros de corrida e 40 quilômetros de ciclismo. O evento-teste, no último domingo (02/08), atraiu mais moradores do que o habitual para Copacabana.

Segundo Delphine Moulin, responsável pelos eventos-teste do Comitê Rio 2016, além da competição, a ideia era testar também a integração da cidade com o evento. "Esse teste é muito importante, pois, por serem realizadas ao ar livre, as provas têm um impacto direto para a população local", argumenta.

No Rio, não só os atletas estão participando de maratonas – a população local também. Há cinco anos que um grande evento sucede ao outro. Depois dos Jogos Mundiais Militares de 2011, da Conferência Rio+20, de 2012, da Jornada Mundial da Juventude, em 2013, e da Copa do Mundo, em 2014, a cidade se prepara para os Jogos Olímpicos de 2016.

Tudo isso é acompanhado de fortes investimentos. Uma grande parte dos quase 40 bilhões de reais que serão gastos nos preparativos para os Jogos Olímpicos irá para o transporte público. Novos corredores de ônibus rápidos (BRT), veículo leve sobre trilhos (VLT) e a Linha 4 do Metrô, ligando a Barra da Tijuca a Ipanema, vão, juntos, transportar mais de 1,6 milhão de passageiros por dia.

Dentro do prazo

Há anos que a metrópole fluminense parece um grande canteiro de obras. Além dos investimentos para melhorar o transporte público, os parques olímpicos da Barra e Deodoro poderão ser usados pela população e a Região Portuária será completamente transformada.

Até a cerimônia de abertura, em 5 de agosto de 2016, deverão estar prontos 155 quilômetros de corredores de ônibus rápidos, 16 quilômetros de metrô, 28 quilômetros do VLT e 450 quilômetros de ciclovias. Somente a nova linha do metrô deverá transportar 300 mil passageiros por dia. O tempo de viagem entre a Barra e o Centro vai cair pela metade, de mais de uma hora para 34 minutos.

As quatro novas linhas de ônibus rápidos deverão transportar 1 milhão de passageiros por dia e formar uma espécie de espinha dorsal de um projeto para integrar os diversos modais: trem, metrô e bicicleta. Com 28 quilômetros de extensão, o VLT vai ligar o Centro à Região Portuária, passando pela Central do Brasil, Praça XV e pelo Aeroporto Santos Dumont. A linha deverá atender cerca de 300 mil passageiros por dia.

A um ano do início dos Jogos Olímpicos, o cronograma está apertado, mas as obras estão dentro do prazo. A situação no Rio, como admitiu no último dia 29 de julho o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, está como sempre: "Grande progresso, mas nenhum tempo a perder."

"As obras não estão com atrasos significativos. As intervenções que mais nos preocupavam estão dentro de um cronograma muito apertado, mas seguindo o plano para serem entregues dentro do prazo", afirma o ministro Augusto Nardes, do Tribunal de Contas da União (TCU), que acompanha as construções, em entrevista à DW Brasil.

Lixo continua na Baía de Guanabara

Mas as mudanças que vão mudar a cara do Rio de Janeiro não se estendem às águas. Um dos principais cartões de visita da cidade e local das competições náuticas, a Baía de Guanabara não estará totalmente despoluída até o início do grande evento. De acordo com um estudo encomendado pela agência de notícias AP, os atletas vão competir em águas muito contaminadas e correm o risco de ficar doentes.

A intenção era que, até 2016, cerca de 80% do esgoto que desemboca na baía fosse tratado. Mas a prefeitura já admite que, no máximo, será possível chegar aos 50%. "Esse é um dos pontos que considero que houve erros por parte dos governos federal, estadual e municipal. Especialmente do governo do estado, por não terem feito o planejamento adequado", critica o ministro Nardes.

A Secretaria de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro afirma que as raias olímpicas da baía, onde serão realizadas as competições náuticas, estão próprias para banho. Essas raias estão localizadas no canal central da baía, onde a proximidade do oceano favorece a renovação das águas.

Para a secretaria, o único desafio nas áreas de competição de vela é o lixo flutuante. Por isso, ela trabalha no aperfeiçoamento dos serviços de ecobarcos – que coletam o lixo – e na implantação de barreiras nos rios que mais contribuem para a poluição da baía.

"Já perdemos o timing da limpeza da Baía de Guanabara", critica Sylvio Maia, coordenador da pós-graduação em gestão e marketing esportivo do Ibmec-RJ. "Vão ocorrer mutirões que facilitarão pontualmente a disputa das provas náuticas e maratonas aquáticas. Mas, depois, voltará tudo ao 'normal'."

Poucos "elefantes brancos"

A prefeitura garante que as instalações esportivas dos Jogos Olímpicos não vão se tornar "elefantes brancos" – estruturas grandes e dispendiosas, quase sem utilização após o evento. Como exemplo negativo, oito dos 12 estádios da Copa do Mundo dão prejuízo, um ano após o final do evento.

O objetivo, segundo a prefeitura, é seguir o exemplo de cidades que sediaram os Jogos e deixaram um legado para a população. Para isso, a prefeitura anunciou um plano em que o Parque Olímpico será transformado num complexo esportivo e educacional na região da Barra e Jacarepaguá, destinado a estudantes da rede municipal e a atletas de alto rendimento.

Já o Parque Olímpico de Deodoro será um espaço aberto ao público, que deverá beneficiar cerca de 1,5 milhão de pessoas de dez bairros e três municípios vizinhos, numa região com grande concentração de jovens e poucas áreas de lazer.

"Para nossa surpresa, o índice de elefantes brancos no Rio será muito pequeno, porque boa parte das edificações está sendo projetada para ser desmontada e revendida ou remontada com outras configurações. A situação da Copa foi mais grave", afirma Valter Caldana, diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie.

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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