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Inspetores da ONU encerram trabalhos e deixam a Síria

31 ago 2013 - 10h30
(atualizado às 10h33)
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Após dias de investigação sobre possível uso de armas químicas, representantes das Nações Unidas deixam Damasco. Intervenção militar comandada pelos EUA é apenas questão de tempo, avaliam especialistas.

Inspetores das Nações Unidas que estiveram na Síria para avaliar o possível uso de armas químicas nos conflitos civis no país deixaram Damasco neste sábado (31/08) e seguiram para o Líbano, de onde embarcarão de volta para a Europa. De acordo com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o resultado das investigações só deve sair em duas semanas.

Para observadores, a saída de campo dos inspetores da ONU abre caminho para uma ação militar liderada pelos Estados Unidos na Síria. Antes mesmo da divulgação das conclusões das Nações Unidas, o serviço de inteligência dos EUA confirmou não haver dúvidas de que o regime de Bashar al-Assad realizou ataques com gás venenoso contra civis no dia 21 de agosto. O uso das armas químicas teria ficado claro em ligações interceptadas pelo governo americano entre funcionários de alto escalão do governo sírio.

O secretário americano de Estado, John Kerry, responsabiliza o governo em Damasco pela ação que resultou na morte de 1.429 pessoas, entre elas 426 crianças. Segundo ele, apenas as tropas sírias teriam acesso a essas armas. Kerry chamou Assad de "criminoso e assassino".

O secretário americano afirmou ainda ter defendido junto ao presidente Barack Obama uma intervenção militar "limitada" na Síria, sem ação de tropas em solo. Uma decisão final ainda não foi anunciada. Mas para especialistas, uma intervenção militar americana na Síria é apenas uma questão de tempo.

Rússia quer provas

Já o governo sírio nega veementemente as acusações de que teria usado armas químicas contra os rebeldes nos conflitos que já duram quase dois anos e meio. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou neste sábado que o uso de armas químicas por parte das tropas sírias seria algo "totalmente sem sentido" e apelou para que os Estados Unidos parem de acusar o regime de Assad, aliado russo, e exigiu provas.

Putin disse ainda que as acusações contra a Síria são "extremamente lamentáveis". "Dirijo-me a Obama como Prêmio Nobel da Paz: antes de utilizar a força na Síria, é preciso pensar nas futuras vítimas", declarou Putin, segundo agências russas de notícias.

Ação militar

"Não podemos aceitar um mundo onde mulheres, crianças e civis inocentes são vítimas de terríveis ações com gás", afirmou Obama, ressaltando que ninguém está mais "cansado de guerras" do que ele próprio. Mas é necessário que o mundo reaja, defendeu.

O presidente americano disse ainda que o uso de armas químicas representa uma ameaça não apenas à segurança dos Estados Unidos, mas também de países como Israel, Turquia e Jordânia. No ano passado, Washington alertara que o uso de armas químicas nos conflitos da Síria seria uma "linha vermelha", a qual não deveria ser ultrapassada.

Apoio da França

O governo francês anunciou apoio aos Estados Unidos em uma eventual ação militar na Síria. Por telefone, o presidente François Hollande disse a Obama que a França defende que "este crime não pode ficar sem punição".

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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