O depoimento de Rodrigo Moura Ruoso, ex-segurança da Boate Kiss, resume o sentimento das centenas de pessoas que sobreviveram à tragédia na madrugada de 27 de janeiro de 2013. Um ano após o incêndio que matou 242 pessoas e deixou marcas irreparáveis nas vidas de tantas outras, os sobreviventes da tragédia convivem diariamente com as lembranças daquilo que Ruoso classifica como “o inferno”.

“De repente você está conversando com uma pessoa e daqui a dez minutos está tirando o corpo dela lá de dentro” – Rodrigo Moura Ruoso, ex-segurança da Kiss

Na noite do incêndio, Ruoso trabalhava nas proximidades do palco da boate – justamente o local onde o fogo começou. Após três tentativas frustradas de controlar o incêndio com um extintor que não funcionou, o segurança ordenou a evacuação da boate. A partir daí, o pânico reinou na Kiss. Em poucos minutos, as chamas consumiram o isolamento acústico da boate, feito com material inflamável, produzindo uma fumaça altamente tóxica. As cerca de mil pessoas que, segundo os relatos de sobreviventes, lotavam a boate, se espremiam por um labirinto formado pelas barras de metal usadas para disciplinar a movimentação do público nos acessos aos bares e bilheterias.

“A gente estava lá, tranquilo, e quando a gente viu começou tudo”, Delvani Rosso,

Aos poucos, a fumaça negra tomou conta do interior da boate, enquanto uma multidão apavorada se esforçava para respirar. Sem perceber, as vítimas do incêndio começavam a sofrer os primeiros sintomas do envenenamento.

“Eu pensei: já era. Porque eu vi que eu estava ficando muito fraca e que eu não ia conseguir” – Gabriele Stringari, ex-funcionária da Kiss

O ex-segurança Rodrigo Moura Ruoso ainda sofre com as lembranças das pessoas à beira da morte que ele presenciou enquanto lutava pela própria sobrevivência:

“Eu tive que puxar pessoas que estavam na minha frente para eu conseguir respirar e sair lá de dentro” – Rodrigo Moura Ruoso, ex-segurança da Kiss

Depois que o fogo foi controlado, Ruoso foi um dos voluntários que entraram na boate na tentativa de encontrar sobreviventes. Ao se aproximar de um dos banheiros da Kiss – confundido com a rota de fuga por dezenas de vítimas -, deparou-se com uma imagem desoladora.

“Meu Deus, o que aconteceu aqui? É uma cena que eu nunca vou esquecer” - Rodrigo Moura Ruoso, ex-segurança da Kiss