Incêndio do Edifício Joelma - 40 anos - Terra

No dia 1º de fevereiro de 1974 um incêndio no coração de São Paulo deixou 191 mortos e 300 feridos, naquela que foi considerada uma das maiores tragédias da capital paulista. Responsável direto pela mudança na legislação de segurança contra incêndios, o incêndio do Edifício Joelma, na avenida Nove de Julho, é um marco na história recente da cidade.Para lembrar os 40 anos do incêndio, o Terra preparou o cronograma do que ocorreu naquela fatídica manhã de 1974. Com informações de testemunhas e publicações da época, montamos o relógio que irá detalhar as nove horas entre o início do incêndio e a finalização da ocorrência

8h50 Um curto-circuito no sistema de ar-condicionado do 12º andar inicia um incêndio, que atinge as cortinas da sala e se espalha rapidamente pelo andar. 8h56 O fogo se espalha e já atinge o 25º andar do prédio. Os ocupantes do edifício se lembram do incêndio anterior do edifício Andraus, onde vários sobreviventes foram salvos pelo terraço, com a ajuda de helicópteros. O Joelma, porém, não tem heliporto. 9h03 O Corpo de Bombeiros recebe a primeira chamada pelo telefone de emergência. 9h03 – 9h10 Quatro pessoas saltam do prédio em chamas por causa do calor e da fumaça sufocante 9h10 Chegam as primeiras viaturas dos bombeiros no local 9h20 Os bombeiros resgatam com a escada Magirus uma moça. Mais sete pessoas esperam a vez para descer. No 16º andar, duas pessoas aguardam no parapeito 9h25 Chega a segunda escada Magirus e novas viaturas dos bombeiros. Chegam os primeiros carros-pipa da prefeitura, do Estado e das empresas que trabalham na construção do Metrô 9h30 Chega o primeiro helicóptero ao local, um PT HDY da Pirelli. Outras duas pessoas pulam do prédio e caem na avenida Nove de Julho 9h35 Explosões são ouvidas no prédio e parte da fachada começa a desabar. O número de curiosos aumenta progressivamente e começa a atrapalhar as equipes de resgate. Vítimas improvisam uma corda com uma cortina para acessar a escada Magirus 9h37 Uma pessoa cai do 14º andar, na rua Santo Antônio 9h40 Uma mulher que descia pela corda improvisada cai, escorregando de cabeça para baixo até atingir o primeiro grupo de pessoas que trabalham no resgate, detendo sua queda. Bombeiros jogam água no 14º andar, onde três pessoas pedem socorro. Uma das pessoas, uma mulher, cai do prédio. 9h45 O Coronel Teodoro Gbette, da Polícia Militar, pede calma e para as pessoas não pularem. “Não saltem, vocês serão salvos”. 9h41 Um estrondo no centro do edifício é ouvido e um fogo azulado é avistado. Outro corpo cai no chão 9h50 O corpo de um homem cai na calçada da avenida Nove de Julho, perto das viaturas dos bombeiros. Em seguida, outro corpo cai. 9h55 Diante do calor intenso, mais uma vítima se atira do prédio 9h57 Uma mulher, no 13º andar, faz desesperadamente o sinal da cruz e salta para a escada dos bombeiros, que chegava apenas até o 12º andar. Ela é salva pelo resgate 10h Um rapaz tira as roupas para fazer uma corda para migrar de um andar par ao outro. Por ela desceram outras pessoas, mas quando chegou a vez do rapaz, ele acabou caindo. No asfalto, em letras enormes, um apelo: “deitem-se e esperem o salvamento” 10h10 Um homem que tinha tentado descer por uma corda improvisada do 16º ao 13º despenca e cai por cima da Magirus, derrubando mais três pessoas, incluindo um bombeiro. Todos morreram. 10h15 Chegam ambulâncias de instituiçõess públicas e particulares. Doações de leite, cobertores e medicamentos também chegam ao local do incêndio, a pedido de médicos que participam da operação 10h17 Mais duas pessoas se jogam do alto do edifício 10h20 A escada Magirus atinge o 19º anda, salvando 12 pessoas. O helicóptero da FAB transporta pendurado em um cabo o oficial Caldas da Polícia Militar. A Operação, porém, não consegue salvar ninguém 10h25 Árvores são derrubadas na praça da Bandeira para permitir o pouso de helicópteros. Mesmo com o fogo reduzido, mais um corpo cai do prédio 10h30 Bombeiros intoxicados começam a ser atendidos. No 19º andar, cinco pessoas começam a se desesperar e tentam se atirar. No chão, começam a aparecer problemas nas mangueiras, já que muitas delas estavam furadas 10h50 O chão do todo do edifício cede e mais uma pessoa pula da laje. O helicóptero pousa no edifício vizinho, o San Patrick, e recolhe duas pessoas 10h55 No 14º andar, Celso Bidingle evita que uma moça salte. Os dois são salvos 11h10 A Cavalaria da Polícia Militar é chamada para afastar os curiosos que continuam a prejudicar o trabalho dos bombeiros 11h35 Bombeiros tentam retirar um homem do 19º andar, que permanece isolado no local 12h30 Por causa do forte calor, apenas o helicóptero da FAB consegue se aproximar do prédio 12h45 Sete pessoas que ainda estavam no 19º andar são salvas 13h45 Uma testemunha afirma ter visto de seu escritório, no 31º andar do Edifício Conde Prates, na Líbero Badaró, algumas pessoas com vida no 21º andar 14h OS bombeiros afirmam não haver mais ninguém com vida no Joelma 14h10 Três pessoas são retiradas com vida do 21º andar 14h15 Dezessete pessoas mortas são encontradas no 12º andar 14h30 Mais nove mortos são retirados do 15º andar 15h Bombeiros dão por encerrada a remoção de sobreviventes 15h45 Os bombeiros chegam ao todo do edifício e encontram mais de 20 pessoas carbonizadas 16h45 Um padre chega ao todo do Edifício Joelma para dar a extrema-unção aos mortos 17h Carros que estavam na garagem do edifício começam a ser retirados 17h30 Carros-guincho chegam ao local para auxiliar o trabalho de limpeza no local Página de créditos Pesquisa Fábio Santos Edição Gustavo Azevedo Arte Fábio Condutta Fontes O Estado de S. Paulo (2/2/1974) Folha de S. Paulo (2/2/1974) O Globo (2/2/1974) Joelma – 23º andar (Souza Lima Produções Cinematográficas)