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Tamiflu e Relenza não são eficazes em crianças, diz estudo

10 ago 2009 - 09h42
(atualizado às 11h22)
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Os remédios antivirais Tamiflu e Relenza não são eficazes no tratamento de crianças que contraíram o vírus da nova gripe, segundo uma pesquisa de médicos britânicos publicada nesta segunda-feira pelo British Medical Journal.

O relatório indica que os efeitos colaterais causados por estes remédios - principalmente vômitos e diarréia - são maiores que o potencial benefício para o paciente, e pede ao Ministério da Saúde britânico reconsidere sua estratégia diante da pandemia da nova gripe.

"Nossa pesquisa está constatando que, para a maioria das crianças, estes remédios antivirais provavelmente não terão muito efeito", disse o doutor Matthew Thompson, diretor do estudo, realizado pela Universidade de Oxford.

A pesquisa também indica que estes tratamentos servem pouco para tratar com sucesso a gripe comum em crianças, mas reconhece que o uso preventivo generalizado destes antivirais serviu para reduzir em 8% a transmissão da nova gripe.

No caso das crianças de entre 1 e 12 anos, os autores do estudo consideram que seria recomendável contraindicar o uso de Tamiflu e Relenza até que comece a administração da vacina, que deve estar disponível a partir de setembro.

Os vômitos, a diarréia e a eventual desidratação provocados por estes antivirais são um transtorno maior que o benefício que representa diminuir em um dia, ou em um dia e meio, o tempo de recuperação da criança com as variantes da gripe.

Além disso, disseram os especialistas, seu efeito não é significativo ao tratar ataques de asma, infecções no ouvido ou evitar que se passe para a fase médica seguinte de receitar antibióticos.

Carl Henegan, médico particular e especialista do John Radcliffe Hospital de Oxford, considerou que estas conclusões indicam que a política atual de usar os antivirais para infecções menores é "uma estratégia inadequada".

"Os transtornos superam o benefício representado por diminuir em um dia os sintomas", disse Henegan.

O Tamiflu foi receitado de maneira generalizada pelas autoridades às pessoas que apresentavam os sintomas da nova gripe, em grande parte dos casos após um diagnóstico realizado com apenas uma consulta telefônica ou pela internet.

Este estudo vem à tona pouco depois de um relatório oficial das autoridades de saúde britânicas indicar que 53% das crianças de três escolas londrinas que foram tratadas com Tamiflu como medida preventiva frente à nova gripe sofreram um ou mais efeitos colaterais, principalmente náuseas e pesadelos.

O estudo, elaborado pela Agência de Proteção da Saúde (HPA, em inglês) do Reino Unido, analisou os dados correspondentes a 103 crianças, a 85 das quais foi fornecido o medicamento como profilaxia, depois que um colega contraiu a nova gripe.

Destas 85 crianças, 45 tiveram um ou vários efeitos colaterais, sendo as náuseas o mais comum, seguidas de dores no estômago, vômitos, cãibras e problemas do sono.

Com 40 vítimas fatais por causa da nova gripe, o Reino Unido é o terceiro país em número de contágios, atrás dos Estados Unidos e do México, mas o ritmo de contágio caiu substancialmente na semana passada, quando houve 30 mil novos casos, frente aos 110 mil da semana anterior.

EFE   
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