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Para especialista, medidas só adiam o contágio da gripe suína

1 ago 2009 - 10h16
(atualizado às 12h44)
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Contrário à decisão das secretarias de educação do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais de adiar o retorno às aulas, o infectologista Breno Riegel é taxativo ao avaliar a série de medidas tomadas por municípios como Passo Fundo na tentativa de combater a propagação da gripe suína. Para ele, o excesso de manobras emergenciais somente posterga o inevitável contágio, porém não evita.

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Na opinião do chefe do Serviço de Infectologia do Hospital Conceição, em Porto Alegre, o pânico disseminado na população de Passo Fundo e de outras cidades brasileiras está unicamente ligado a questões emocionais. "Com a comprovação de que a letalidade do vírus é inferior ao da gripe comum, esse medo deixou de ter justificativa. As medidas tomadas só contribuem para alardear o pânico, nada mais. Para nós, especialistas, elas são uma resposta essencialmente política", avalia.

Ao analisar medidas tomadas e sugeridas por profissionais da saúde de Passo Fundo, o médico mostra-se surpreso com a proposta de um diretor hospitalar de paralisar algumas atividades para reduzir o fluxo de pessoas na cidade - mesma medida adotada no México em abril, quando a doença era ainda mais desconhecida. "Naquela época, os mexicanos não conheciam a letalidade do vírus. Havia receio de que fosse uma gripe muito parecida com a espanhola. Agora, porém, pensar em suspender atividades essências para o cotidiano é inútil", acredita.

Tratamento com Tamiflu

Com a circulação da doença entre a população brasileira, na opinião do infectologista, não há mais medidas de prevenção eficazes contra a gripe suína neste momento, com exceção do uso de máscaras por quem já está contaminado. Sem a possibilidade de impedir a movimentação do vírus, ele defende um trabalho concentrado no tratamento dos doentes.

Principal medicamento usado à gripe suína, o Tamiflu pode ser adotado no tratamento somente em casos evoluídos da doença e em pacientes pertencentes ao grupo de risco, conforme recomendação do Ministério da Saúde. Riegel discorda do protocolo de atendimento do governo federal e acredita que o atraso da aplicação do remédio eleva a gravidade dos casos e causa o óbito. "Na maior parte dos pacientes em que o vírus se tornou grave, a medicação foi demorada", afirma.

De acordo com o infectologista, o Ministério da Saúde precisa liberar a aplicação do Tamiflu quando o paciente apresentar os primeiros sintomas, em até 48 horas. A expansão do tratamento com o medicamento a pessoas doentes, na visão do médico, evitaria o agravamento do quadro. "Se formos usar o Tamiflu logo, além de reduzir consideravelmente o risco de morte, diminui a quantidade do vírus em circulação. No entanto, poucos têm acesso ao remédio", critica.

Fonte: Redação Terra
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