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Professores temem gripe suína na volta às aulas no Rio

27 jul 2009 - 04h35
(atualizado às 13h20)
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Preocupados com o risco de disseminação do vírus da gripe suína nas escolas, representantes do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) marcaram audiência com a Secretaria Estadual de Educação para cobrar providências em relação à segurança de professores e alunos no regresso às atividades escolares, e para discutir se a volta será realmente no dia 3.

Em Niterói, representantes das redes pública e privada de ensino e técnicos da Secretaria Municipal de Saúde se reúnem quarta feira para analisar a possibilidade de ampliar o período de férias. A Prefeitura de Petrópolis informou ser possível o adiamento do retorno dos alunos da rede pública para o dia 10. Dados da Organização Mundial de Saúde apontam que jovens em idade escolar (12 a 17 anos) são os mais atingidos pela nova gripe. Para a OMS, adiar a volta às aulas é medida eficaz para evitar o alastramento da doença.

Em seu site, a direção do Sepe informa estar preocupada com o desencontro de informações "que não esclarecem o que o governo vai fazer nas escolas". Beatriz Lugrão, diretora da entidade, conta que, recentemente, alguns colégios públicos passaram por adaptações para implantar aparelhos de ar condicionado. Com isso, lembra, paredes foram erguidas e a circulação do ar, reduzida, o que pode facilitar a contaminação por vírus.

"Se não sentirmos segurança, vamos pedir o adiamento das aulas", garante, acrescentando que a rede estadual tem 1,5 milhão de estudantes. Para Maria José de Melo, representante do Sepe de Niterói, a situação do município não é diferente: "as escolas da rede municipal e as creches são muito apertadas e com muitas crianças. A probabilidade de aumentar o número de infectados é grande".

O movimento foi pequeno ontem nos polos de atendimento a pessoas com sintomas gripais. No da Barra, que registrou o maior número de consultas sábado (277), pacientes esperavam menos de 10 minutos ontem. O vereador Paulo Pinheiro, da Comissão de Saúde da Câmara, criticou o fato de não haver nos polos o Tamiflu, como O DIA revelou sábado. Segundo Pinheiro, nos EUA, de cada três pacientes examinados dois recebem o remédio, que combate a gripe suína.

A Secretaria Estadual de Saúde informou que essa semana haverá reunião para avaliar a possibilidade de oferecer o Tamiflu em mais locais. Por determinação do Ministério da Saúde, a administração do remédio continua centralizada na secretaria e sua distribuição no Rio é só para os 4 hospitais de referência.

O vereador também se disse preocupado, ontem, com a possibilidade de erros de diagnóstico após o início, hoje, do funcionamento do Disque-Gripe. "É arriscado o paciente relatar por telefone os sintomas e ser atendido à distância", afirma. "Esse tipo de atendimento precisa ser feito com cuidado, pois o paciente muitas vezes não expressa bem os sintomas. O Disque-Gripe não pode substituir o atendimento médico, que deve ser feito olhando-se e tocando-se a pessoa", disse.

O vereador quer saber ainda de onde vieram os profissionais que atendem nos polos e qual a especialidade deles: "é importante a supervisão de um médico".

Mudança na rotina com ameaça do vírus

Segundo o chefe do Serviço de Doenças Infecciosas da UFRJ, Edmilson Migowsky, o comportamento do cidadão precisa se adaptar aos tempos de gripe suína, enquanto o vírus ainda for uma ameaça. Academias de ginástica, assim como teatros e cinemas, estão em baixa. Já lazer e exercícios ao ar livre são a melhor pedida.

Ontem, bastou a temperatura subir um pouco à tarde e o sol aparecer, ainda que tímido, para que praças, parques e até a praia fossem invadidos por pais e filhos. Nos últimos dias, os programas caseiros vinham sendo a opção das férias. "As crianças não entendem isso e não querem ficar em casa", disse a mãe de Júlia, de 4 anos. "Até consigo convencê-la a desenhar ou assistir um filme, mas não por muito tempo", acrescentou Renata Castro, 34 anos. Mesmo com os termômetros marcando 15 graus na orla, o calçadão tornou-se um bom atrativo.

O porteiro Edmilsom Oliveira, 32 anos, conseguiu driblar a filha de 3 anos durante toda a semana, graças ao mau tempo. Ontem não teve jeito. "Está difícil evitar cinemas e teatros com tantos filmes e peças infantis em cartaz", diz.

Fonte: O Dia
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