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América Latina

Argentina nega manipulação dos números da gripe

4 jul 2009 - 13h19
(atualizado às 13h59)
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O novo ministro da Saúde argentino, Juan Manzur, negou neste sábado que se tenha escondido informações sobre os números de infectados da gripe no país, como denunciam organizações e setores da oposição, diante do explosivo avanço da doença.

"Esteve-se trabalhando sobre os dados de pacientes confirmados por laboratório", disse Manzur, ao justificar a grande mudança de números de doentes registrada na Argentina depois das eleições legislativas realizadas no domingo, nas quais o governo saiu derrotado.

No dia 26 de junho, dois dias antes das eleições, o Ministério da Saúde argentino informou que havia 1.587 afetados pelo vírus A (H1N1). Na segunda-feira, Graciela Ocaña renunciou à frente da pasta e, em seu lugar, assumiu Manzur, que ontem admitiu que o número de infectados no país poderia chegar a 100 mil.

O ministro, no entanto, negou que, durante a gestão de sua antecessora, tanha havido manipulação de números e negou também ter sido repreendido pela presidente argentina, Cristina Fernández de Kirchner, por dizer que "há aproximadamente 100 mil registros" da doença.

Deste número, 2,8 mil contágios foram confirmados em laboratórios, acrescentou o ministro, que insistiu ontem em que, até o momento, a gripe suína deixou 44 mortes no país, embora ONGs elevem as mortes a pelo menos o dobro das informadas oficialmente.

Durante uma improvisada entrevista coletiva, Cristina pediu nesta sexta-feira "responsabilidade" e "prudência", e expressou seu mal-estar com a divulgação dos números oferecidos por Manzur.

De acordo com a imprensa local, a ex-ministra Ocaña tinha recomendado há duas semanas que a presidente argentina declarasse emergência sanitária.

O presidente da organização Médicos Sem Bandeiras, Ariel Umpiérrez, considerou que, "sem dúvidas, o governo ocultou os números tanto de infectados quanto de mortos", e opinou que Ocaña deveria ter renunciado "naquele momento, e não esperar o resultado das eleições".

"A falta de informação é parte do problema. A ideia de ter as coisas embaixo do tapete é um erro grave que pode ter tido a ver com as eleições, sem dúvida", disse o deputado da opositora Proposta Republicana Esteban Bullrich.

A Organização Pan-americana de Saúde (OPS) lamentou nesta quinta-feira que a epidemia da gripe tenha coincidido com as eleições legislativas na Argentina.

A Argentina só fica atrás nas estatísticas de mortes provocadas pela doença dos Estados Unidos (170) e do México (119).

Apesar do nome, a gripe suína não apresenta risco de infecção por ingestão de carne de porco e derivados.

EFE   
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