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Após gripe suína, frigoríficos do México ameaçam fechar

10 mai 2009 - 10h33
(atualizado às 11h29)
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A rotina dos empresários de carne suína mexicanos não é mais a mesma após o surto da gripe suína. Os preços caíram, as vendas despencaram e agora os frigoríficos lutam para não fechar as portas diante do impacto causado pela doença.

Funcionário carrega carne suína em frigorífico na Cidade do México
Funcionário carrega carne suína em frigorífico na Cidade do México
Foto: Francisco de Assis / Especial para Terra

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"Não vendo nada há pelo menos 10 dias. A procura é muito pequena perto do que era antes. O telefone não toca, os pedidos foram cancelados e meus clientes da noite para o dia se esqueceram de mim. Se a situação não mudar rapidamente terei problemas porque tenho funcionários e contas para pagar", comenta José Álvares, proprietário de um dos grandes frigoríficos da Cidade do México.

O empresário é mais um profissional do setor a sentir os estragos gerados pela gripe. "Estamos pagando por algo que não temos nada a ver. Está comprovado e não é novidade para ninguém que a influenza não pode ser transmitida pela carne de porco. Podiam ter inventado outro nome para a gripe suína", acrescentou Álvares.

O funcionários do local, conhecido entre a população pelo abastecimento de carne em todo o país, ficaram mais preocupados, sobretudo, diante do anúncio da proibição de importação de carne suína mexicana adotada por alguns países da Europa e pelos Estados Unidos. Uma medida de segurança, aparentemente desnecessária, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, que descartou qualquer tipo de contágio de pessoas através dos animais.

"Não sei o que fazer. O prejuízo é muito alto. Trabalho com redes de restaurantes e supermercados. Ninguém está comprando carne de porco. Se os supermercados não vendem e se os restaurantes abortam o suíno do cardápio, quem sente com isso sou eu. Desde o início da epidemia, tenho computado um déficit de quase 100% no meu caixa", disse.

Pesquisas no México apontam que de cada dez pessoas, apenas uma não alterou o hábito alimentar e continua a adquirir produtos de carne suína em seu dia-a-dia. Por causa desses poucos clientes, José Álvares ainda não suspendeu as atividades comerciais da empresa. "Vamos permanecer abertos enquanto houver condições. Sei que essa crise vai passar. Espero que os prejuízos não nos levem à falência. Enquanto der para levar, vamos lutar", afirmou.

As geladeiras, onde os ganchos deveriam estar pendurados e as prateleiras abarrotadas de carne, ficam vazias. "Não tem nada fácil por aqui. Precisamos de mais de 100 funcionários para que a carne possa ser distribuída. Há encarregados em setores que vão desde a limpeza do frigorífico até a administração da empresa. Espero que eles estejam consumindo carne em casa, afinal de contas, o emprego deles também depende disso", finaliza o proprietário José Álvares.

O que é a gripe suína

É uma doença respiratória que atinge porcos causada pelo vírus influenza tipo A, que tem diversas variantes. Algumas das mais conhecidas são a H1N1, a H2N2 e a H3N2.

A gripe suína geralmente não atinge os humanos, e até então eram raros são os casos de contágio de pessoa para pessoa. A contaminação ocorre da mesma forma que a gripe comum, por meio de perdigotos (gotículas de saliva) lançados na tosse e espirros.

Sobre o recente surto que teve origem no México, a Organização Mundial de Saúde (OMS) confirmou que alguns dos casos registrados são formas não conhecidas da variedade H1N1 do vírus Influenza A.

Ele é geneticamente diferente do vírus H1N1 que vem atacando humanos nos últimos anos e contém DNA associado aos vírus que causam as gripes aviária, suína e humana, incluindo elementos de viroses européias e asiáticas.

Fonte: Especial para Terra
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