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China aposta em medicina milenar contra gripe suína

7 mai 2009 - 09h55
(atualizado às 11h04)
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A medicina tradicional chinesa trataria a gripe suína com ervas e o procedimento seria mais eficaz nos estágios iniciais da doença porque é preventivo, explicou à Agência Efe Sha Dahai, chefe do Departamento Interno do Hospital de Medicina Tradicional Chinesa do distrito de Chaoyang, em Pequim.

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Apesar do nome, a gripe suína não apresenta risco de infecção por ingestão de carne de porco e derivados. O especialista explicou que se chegar a ocorrer algum caso de cidadão chinês infectado com gripe suína, "forneceremos ervas medicinais considerando a estação do ano na qual estivermos, as características do paciente, o entorno e o processo da doença".

No caso de a gripe se encontrar em um estágio muito avançado, o especialista não descarta usar a medicina ocidental, mas "sempre será utilizada de forma complementar, como aconteceu com a Síndrome Respiratória Aguda Severa" (Sars, em inglês).

Esta doença pulmonar atípica, desenvolvida em 2003, deixou 800 mortos no mundo todo. Sha disse que a medicina tradicional chinesa é mais eficaz "quando se encontra na primeira fase da doença", já que é, acima de tudo, "preventiva".

"A gripe suína ou H1N1, nome concedido pela medicina moderna, se detecta na medicina chinesa em sua primeira fase, chamada "wei", relacionada com a temperatura corporal. É a mais superficial das fases pelas quais atravessa o corpo", explicou.

Para o procedimento chinês, o principal objetivo é tentar manter "a saúde através de ervas como a Jinyinhua (madressilva), Balangen (raiz de anil) ou Yinqiao" (Forsythia suspensa), todos medicamentos comuns. A medicina tradicional, uma das heranças mais valiosas da milenar cultura chinesa, tem como característica principal o fato de tratar a origem das doenças, e não só os sintomas, se baseando na relação pessoal, da natureza e da sociedade.

Ao contrário dos métodos modernos, que utilizam um único remédio que ataca diretamente o vírus, "para nós a mesma doença tem diferentes tratamentos", disse Sha. Por sua vez, Vivian Tan, porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS), explicou à Efe que, apesar de a medicina chinesa ter ajudado, no passado, a combater certas doenças, ainda é muito cedo para saber se poderia contribuir no caso da gripe suína.

A organização, que criticou no ano passado a inclusão da medicina chinesa nos planos nacionais de saúde, já que a falta de regulamentação ou má utilização deste tipo de remédios pode ter efeitos nocivos ou perigosos, assegura que, na China, durante a Sars, mais da metade dos pacientes foram tratados desta forma.

"A medicina chinesa desempenhou um papel importante na luta contra a Sars, sobretudo na melhora dos sintomas clínicos", afirmou o doutor Sha. O especialista explicou que, por enquanto, a gripe suína não é tão grave, e ainda mais levando em conta que, nos últimos dias, o panorama no "México melhorou e, além disso, com uma população mundial de sete bilhões de pessoas, 30 mortos não é um número tão alto".

Sha considerou "injustificadas" as críticas do México sobre as medidas "discriminatórias" adotadas pela China contra os mexicanos, já que "temos a lembrança dolorosa da Sars", e "o Governo deve ser prudente ao combater uma doença na qual durante um período não se detectam sintomas, mas que pode contagiar".

Por outro lado, "a sociedade está tranqüila, a cada dia atendo pacientes em minha consulta e não se nota pânico entre a população. Há gente que pergunta sobre a gripe, mas são poucos, algo normal levando em conta que, na China, não houve um caso direto de gripe", acrescentou.

No entanto, desde que o Ministério da Saúde anunciou na semana passada que o anis-estrelado, ingrediente tradicional na culinária chinesa, era "um bom tratamento para a gripe", o preço do produto quase dobrou e atualmente custa US$ 2.

Além disso, a suposta "tranqüilidade" à qual o médico se refere não impediu que alguns oportunistas se beneficiassem. A Polícia aduaneira já deteve um homem por vender um falso remédio "milagroso" contra a gripe aos marinheiros que chegavam ao porto de Xangai.

EFE   
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