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Fragilidade de construções contribui para mortes em terremoto na Turquia

8 mar 2010 - 15h31
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O terremoto de 6 graus de magnitude na escala Richter que atingiu hoje a província turca de Elazig (leste) deixou 51 mortos e 70 feridos, principalmente devido à fraqueza das construções em argila comuns na área.

Os primeiros dados oferecidos pelo Governo turco apontavam 57 mortes, mas foram posteriormente retificados pelo Ministério da Saúde, que estabeleceu o número definitivo de falecimentos em 51.

"As operações de resgate nas províncias afetadas terminaram nesta tarde. Não resta ninguém sob os escombros", anunciou o governador da província de Elazig, Muammer Erol.

Segundo o Instituto Sismológico de Istambul, o tremor ocorreu às 23h32 (horário de Brasília). Seu epicentro foi registrado cerca da cidade do povo de Basyurt.

Os sismógrafos detectaram cerca de 40 réplicas e especialistas dizem que pode haver mais. As escolas nas províncias de Elzaig e Tunceli permaneceram fechadas.

O socorro às vítimas do terremoto incluiu o envio de helicópteros e o Crescente Vermelho ergueu 20 casas pré-fabricadas, 230 tendas de campanha e duas cozinhas de campanha para atender aos que perderam suas casas.

Especialistas e autoridades apontaram que o alto número de vítimas se deve ao fato de muitas construções da região terem sido erguidas em argila.

O próprio primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, declarou em Ancara que não foi o terremoto em si, mas sim o tipo de construção, que matou essas 51 pessoas.

"Infelizmente, as casas feitas de tijolos de argila são parte da arquitetura da região. Demos ordens às autoridades provinciais para que mudem as estruturas arquitetônicas da região", declarou o chefe de Governo, que também alertou a população para que não entre em suas casas.

O professor Miktad Kadioglu, especialista em gestão de desastres naturais, explicou a um canal de televisão local que os telhados das casas de argila ficam muito frágeis após absorver a neve do inverno.

As advertências do primeiro-ministro são uma constante na Turquia desde o terremoto que devastou a região de Mármara em 1999, afetando Istambul e matando 18 mil pessoas.

Um recente relatório do Colégio de Engenheiros Civis turco alertou que um forte tremor nas cercanias de Istambul poderia provocar a destruição de milhares de edifícios e cerca de 150 mil mortes.

O mesmo documento faz o alerta de que muitas edificações certificadas como à prova de terremotos não resistiriam a um tremor de grande intensidade.

"Não posso imaginar quantas vítimas teria havido se tivéssemos tido aqui um terremoto como o do Chile. Não foi feita muita coisa para fortalecer os edifícios em Istambul desde 1999", declarou um morador da cidade a uma emissora de televisão local.

Além do terremoto de Elazig, outros sismos de 3,7 e 3,8 graus na escalas Richter foram sentidos em diferentes regiões da Turquia, alimentando o temor sobre a chegada de um temido "grande" terremoto em Istambul.

A região da Anatólia, onde fica a porção asiática da Turquia, é uma das áreas com mais atividade sísmica do país, com quase dois mil terremotos por ano. O pior terremoto da história turca aconteceu em 1939 na província de Erzican (leste) e deixou 33 mil mortos.

EFE   
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