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FMI prevê que Brasil crescerá 4% no último trimestre deste ano

Taxa refletiria efeitos de cortes de juros na economia , diz entidade.

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O Fundo Monetário Internacional (FMI) previu nesta sexta-feira que o Brasil crescerá 4% no último trimestre deste ano na comparação com igual período de 2011, em parte pelos efeitos da política de corte de juros sobre a economia.

Em sua avaliação periódica do país com base no Artigo 4, a que todos os membros do Fundo devem se submeter, os economistas do FMI dizem que a "economia deve ganhar impulso durante a segunda metade do ano, puxada pela demanda doméstica".

"O aumento do salário mínimo em 2012 está aumentando a renda disponível, dada a relação entre salários e aposentadorias. A criação de empregos, especialmente no setor de serviços, permanece forte. E os efeitos completos do afrouxamento monetário devem ser sentidos no segundo semestre", diz o relatório.

Os técnicos do FMI mantêm a sua avaliação de que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro vai aumentar 2,5% este ano e crescer 4,6% em 2013, ligeiramente acima do potencial - em parte por causa da atividade econômica em preparação para a Copa do Mundo.

O crescimento em 2014 ficaria em 4%, de acordo com as previsões.

Nesse passo, alerta o Fundo, um dos principais riscos no médio prazo seria de um aumento da inflação ligeiramente acima do centro da meta no ano que vem - as projeções são de um índice de 5% em 2013.

Com base nessa avaliação, o relatório prevê que o governo comece a retirar os estímulos à economia possivelmente já no fim deste ano ou ao longo do próximo.

Revisão para baixo

O Brasil foi um dos países, entre os principais emergentes, cuja previsão de crescimento para este ano foi mais fortemente revista para baixo pelo FMI. O mercado tem revisto a expansão do PIB para este ano de maneira ainda mais acentuada.

Entretanto, em seu relatório, os técnicos do FMI reforçaram o seu apoio às medidas anticíclicas tomadas pelo governo - tanto de aperto como de afrouxamento -, nos campos fiscal e monetário.

"Apoiamos esta posição, enfatizando a importância de reconhecer o atraso com que as políticas monetárias têm efeito", diz o relatório.

Mesmo as intervenções no mercado de câmbio, que ajudaram a moeda brasileira se desvalorizar 25% em relação aos níveis de 2011, já são bem-vistas pelo Fundo.

"O Brasil possui as ferramentas efetivas para controlar choques transitórios e espaço para adotar políticas para contrabalançar choques externos adversos na produção doméstica."

Embora o crédito tenha dobrado entre 2004 e 2011 no Brasil - chegando a 49% do PIB -, o relatório suavizou as preocupações relativas à qualidade dos empréstimos, afirmando que grande parte deles está associada a compras no setor automotivo que passaram a ser alvo de melhor regulamentação.

"As taxas gerais de empréstimos de baixo desempenho continuam baixas, em cerca de 3,8% dos empréstimos, sendo que nos bancos públicos é até menor (2% dos empréstimos)", cita o documento. "O sistema permanece altamente capitalizado, com baixos riscos gerais de liquidez."

Reforma

Os técnicos se reuniram com as principais autoridades econômicas brasileiras em meados de maio.

"Há um sentimento comum (com o governo) sobre a importância de elevar a poupança, o investimento e a competitividade", observaram.

"As autoridades estão gradualmente tomando os passos nesse sentido com a reforma das aposentadorias, o uso de concessões para aumentar o investimento, e a reforma tributária em andamento."

Com um nível de poupança baixo, o FMI enfatiza que "reequilibrar a demanda do consumo para o investimento e as exportações ajudaria a garantir um crescimento forte e balanceado no futuro".

"Consertar falhas na infraestrutura ajudará a elevar a produtividade e aumentar os incentivos para o investimento privado. Níveis relativamente baixos de poupança e crescimento puxado pelo consumo - financiado em parte com a expansão do crédito - expandiram o déficit de conta corrente, apesar dos grandes recursos exportadores do Brasil e ganhos substanciais nos termos de comércio."

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