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Fãs se unem e inauguram estátua de Clarice Lispector no Rio

16 mai 2016 - 11h01
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A emoção de estar tão próxima da escritora pela qual ficou encantada quando tinha 14 anos de idade levou às lágrimas hoje (15) a educadora ambiental Elisabeth Carvalho. Ela saiu cedo de Vila Isabel, na zona norte da cidade, com a mãe, Léa, para conhecer a estátua de Clarice Lispector – inaugurada nesse sábado (14), no Leme, zona sul do Rio de Janeiro. “É uma paixão de tantos anos”, destacou. Aos 14 anos, Elisabeth gravou parte da obra de Clarice intitulada Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres. “[O livro] fala que a gente deve viver, apesar de. E ultimamente, eu estou repetindo isso muito, que a gente deve viver, apesar de; que a gente deve amar, apesar de”, contou Elisabeth.

Estátua da escritora Clarice Lispector e seu cão Ulisses, na pedra do Leme, no Rio de Janeiro
Estátua da escritora Clarice Lispector e seu cão Ulisses, na pedra do Leme, no Rio de Janeiro
Foto: Fernando Frazão/Fotos Públicas

A ideia de homenagear Clarice Lispector, que morou no Leme durante 12 anos, partiu da professora de literatura Teresa Monteiro, biógrafa de Clarice, e foi encampada, entre outras pessoas, pela atriz Beth Goulart, que representou a escritora no teatro. Juntas, elas fizeram um abaixo-assinado para que a estátua de Clarice, com o cachorro Ulisses, fosse erguida. “Foi um conjunto de forças, união de várias pessoas”, conta Teresa.

Quando o artista Edgar Duvivier foi convidado para esculpir a estátua, como não havia patrocínio, ele produziu 40 miniaturas de Clarice com o cachorro que foram vendidas para admiradores da escritora, conseguindo assim o dinheiro necessário. “Hoje, nós temos a estátua de Clarice e de Ulisses. Está sendo um sucesso”.

A professora Teresa Monteiro promoveu por nove anos o passeio guiado O Rio de Clarice, que percorria os caminhos da escritora pela cidade, da Tijuca ao Leme. No Jardim Botânico, Teresa conseguiu criar o Parque Clarice Lispector, onde os bancos homenageiam a escritora ucraniana, naturalizada brasileira, com frases de sua autoria, entre as quais "Sentada ali no banco, a gente não faz nada: fica apenas sentada deixando o mundo ser".

Teresa mudou-se para o Leme há dois anos e pretende retomar os passeios guiados a partir de julho, após entregar à editora o livro que está finalizando sobre os caminhos de Clarice Lispector na cidade. Como a estátua é mais um incentivo, ela espera que os passeios voltem a ser frequentes. No Leme, o passeio começa na banca de jornal do Zé Leôncio, na Rua Gustavo Sampaio, 223, também conhecida como Sebo Clarice Lispector, e segue até o Caminho dos Pescadores Ted Boy Marino, onde a estátua foi colocada.

“O projeto não visa só a cultuar a memória da escritora Clarice Lispector, mas a fazer esse vínculo com a cidade, com a cidadania”, ressaltou Teresa. Para a biógrafa, a estátua da autora significa trazer cultura para as pessoas, com ações educativas. “É muito mais amplo; é o olhar do cidadão; é colaborar para a cidade ter mais arte.”

Fã da escritora posa ao lado da estátua
Fã da escritora posa ao lado da estátua
Foto: Fernando Frazão/Fotos Públicas

Clarice Lispector

Nascida na Ucrânia em 1920, Clarice Lispector é considerada uma das escritoras brasileiras mais importantes do século 20. Seu primeiro romance – Perto do Coração Selvagem – foi publicado em 1944. No ano seguinte, a escritora ganhou o Prêmio Graça Aranha, da Academia Brasileira de Letras (ABL).

Em 1960, publicou seu primeiro livro de contos, Laços de Família, seguido de A Legião Estrangeirae de A Paixão Segundo G. H., considerado um marco na literatura brasileira. Reconhecida pelo público e pela crítica, em 1976, recebeu o prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal, pelo conjunto de sua obra. No ano seguinte, publicou A Hora da Estrela, seu último romance, que foi adaptado para o cinema, em 1985. Clarice Lispector morreu de câncer, na véspera de seu aniversário de 57 anos.

Agência Brasil Agência Brasil
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