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EUA atravessam 'pior crise fiscal da história', diz Geithner

Secretário do Tesouro, no entanto, defendeu aumento do déficit para estimular a economia.

3 mar 2009 - 21h51
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O secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, disse nesta terça-feira ao Congresso dos EUA que o país atravessa a pior situação fiscal de sua história.

"A administração Obama herdou a pior situação fiscal da história moderna americana, com um déficit de US$ 1,3 trilhão, quase 10% do PIB", disse ele.

Apesar disso, para Geithner, os EUA vão precisar gastar ainda mais para resgatar sua economia. A oposição republicana critica o atual governo dizendo que seu plano orçamentário vai elevar a dívida para US$ 1,75 trilhão.

Geithner disse que o orçamento proposto para 2010 "reconhece que, apesar de já ser dispendioso, o esforço para estabilizar o sistema financeiro pode custar ainda mais".

O secretário do Tesouro americano disse que o orçamento proposto por Obama prevê cerca de US$ 250 bilhões a mais, não solicitados, para eventuais resgates econômicos.

A comissão do Congresso que analisa as propostas orçamentárias do governo escutou de Geithner que os EUA precisam gastar ainda mais com saúde, educação e no setor energético.

Já o presidente do Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano), Ben Bernanke, disse no Congresso, também nesta terça-feira, que as injeções de capital na economia devem surtir efeito em algum momento.

"É melhor agirmos de forma agressiva hoje para resolvermos nossos problemas econômicos. A alternativa (a esses gastos) seria um período prolongado de estagnação econômica, que iria contribuir não apenas para deteriorar ainda mais a situação fiscal mas implicaria em ganhos, geração de empregos e rendas menores por um longo período", disse ele.

Para ele, o pacote de US$ 787 bilhões proposto por Obama em fevereiro deve "impulsionar a demanda e a produção nos próximos dois anos, além de diminuir os efeitos do desemprego."

Também nesta terça-feira, o Departamento do Tesouro dos EUA e o Fed revelaram detalhes de um plano de US$ 200 bilhões para estimular a oferta de crédito para consumidores e empresas.

Pelo plano, chamado pela sigla Talf (Term Asset-Backed Securities Loan Facility), o Fed irá emprestar US$ 200 bilhões para estimular o crédito para a compra de carros, pagamentos de cartões de crédito, dívidas relativas à educação e outros.

Segundo um comunicado conjunto das duas instituições, o programa tem o objetivo de "catalisar" o mercado de crédito, que ficou "virtualmente fechado desde a piora na crise financeira, em outubro (de 2008)".

"Ao reabrir esses mercados, o Talf vai ajudar as instituições de crédito a contemplar as necessidades de empréstimos de consumidores e pequenos negócios, ajudando a estimular a economia", diz o comunicado.

O comunicado ainda afirma que o programa "tem o potencial de gerar até US$ 1 trilhão em crédito para negócios e empresas".

Segundo o governo dos EUA, o programa deve promover empréstimos mensais até dezembro de 2009. O comunicado, no entanto, afirma que o prazo pode ser ampliado, dependendo da avaliação do Fed.

Ainda nesta terça-feira, foi divulgado que as vendas no setor automotivo americano caíram mais de 40% em fevereiro, a pior queda em quase três décadas.

A queda na General Motors foi de 53% em relação ao mesmo período do ano passado, o pior índice de vendas para o mês desde 1967. A empresa já recebeu US$ 13,4 bilhões de ajuda do governo americano e deve necessitar de ainda mais.

A divisão europeia da GM disse que pode quebrar dentro de semanas se não receber ajuda de governos do continente.

O diretor financeiro da empresa, Fritz Henderson, disse em Genebra que existe o risco de que 300 mil empregos possam ser perdidos entre abril e maio, a menos que governos financiem a separação da Opel e da Vauxhall.

Das grandes montadoras americanas, a Ford é considerada a mais aparelhada para enfrentar a crise, mas, mesmo assim, a empresa registrou queda de 48% em fevereiro.

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