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Enfrentamento entre tropas de Líbano e Israel na fronteira deixa 5 mortos

3 ago 2010 - 15h57
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Um choque armado entre soldados israelenses e libaneses na fronteira entre os dois países hoje deixou cinco mortos e vários feridos, no pior incidente registrado em quatro anos em uma das áreas mais conflituosas da região.

O enfrentamento explodiu depois que soldados israelenses começaram a cortar árvores perto da "linha azul", divisão marcada pelas Nações Unidas há dez anos, um gesto que em pouco tempo explodiu em um enfrentamento armado entre as tropas fronteiriças.

Primeiro houve disparos para cima, depois fogo cruzado e em seguida, segundo as autoridades libanesas e fontes militares ocidentais, Israel atacou com peças de artilharia e com disparos feitos de um helicóptero Apache.

Fontes oficiais libanesas disseram que o balanço final de vítimas do país era de três soldados e um jornalista mortos, enquanto as autoridades de Israel disseram que um tenente-coronel de seu Exército também tinha morrido.

A troca de tiros durou várias horas, mas no fim da tarde de hoje a calma já tinha sido retomada na zona, perto do povoado libanês de Adeisseh, com forte presença de tropas militares libanesas e "capacetes azuis" da ONU.

A região está sob controle da Força Interina da ONU no Líbano (Finul, na sigla em inglês), que pediu calma a ambas as partes, para evitar uma escalada que possa levar a um conflito maior.

O chefe do setor leste da Finul, o general espanhol Juan Gómez de Salazar, que chegou a Adeisseh para inspecionar o posto do Exército libanês bombardeado pelos israelenses, disse que a missão da ONU investigará o incidente nas próximas horas.

"É preciso esperar os resultados", insistiu à Agência Efe o general espanhol, que revelou que, desde ontem, a Finul estava em contato com israelenses e libaneses, porque Israel queria cortar algumas árvores na fronteira.

As árvores se encontravam na chamada "linha azul", fixada pela ONU em 2000 para marcar a retirada israelense do sul do Líbano, que se manteve na região durante duas décadas, uma demarcação que ainda gera divergências.

O Líbano considera que seu território vai além da "linha azul", mas a Finul não considera uma violação da soberania israelense que as tropas do país se mobilizem na faixa.

Na tarde de hoje, em Adeisseh, os habitantes do povoado acolheram calorosamente os soldados que participaram do incidente de manhã.

No povoado de Kfarkila, na mesma região, os moradores pararam três blindados espanhóis durante dez minutos, em sinal de descontentamento por não terem defendido o Exército libanês do ataque israelense. As tropas libanesas tiveram que intervir para que fosse permitida a passagem do comboio.

O enfrentamento aconteceu em um momento de grande tensão no Líbano, já que o movimento xiita Hisbolá tinha convocado para hoje mesmo celebrações para lembrar o final da guerra de 2006 contra Israel, que deixou 1.200 mortos.

Em Beirute, o ataque foi condenado por autoridades libanesas e pelo Hisbolá, grupo que entrou em combate com Israel quatro anos atrás, mas que nada teve a ver com o incidente de hoje.

"Este novo ataque corresponde à responsabilidade da ONU", disse o presidente do Líbano, Michel Suleiman, que exigiu respeito à resolução do Conselho de Segurança que pôs fim à guerra de 2006.

Por sua parte, o Hisbolá afirmou que os fatos de hoje "demonstram que os israelenses não acatam nenhuma lei nem normas internacionais".

A Liga Árabe também condenou os incidentes, pediu a convocação de uma reunião urgente do Conselho de Segurança e qualificou o fato como uma "atroz agressão" israelense.

Há várias semanas se vem falando sobre um aumento da tensão entre Líbano e Israel, mas nenhuma das partes está interessada em uma guerra, já que pode ser mais devastadora que a de 2006, segundo o International Crisis Group, com sede em Bruxelas, em um relatório divulgado ontem.

"Nenhum dos mais relevantes atores diretos (Israel, Hisbolá, Síria e Irã) se entusiasma com a perspectiva (de um conflito armado)", aponta o relatório.

EFE   
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