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"Sempre fui de esquerda", diz suplente de Serra ao Senado

Deputado federal, José Aníbal, 67, afirma ter sido um dos 128 nomes a assinar a ata de fundação do PT no fim da década de 1970; cabeça de chapa dele, Serra abandonou a prefeitura em 2006 e, na campanha de 2012, teve de prometer cumprir mandato

24 set 2014 - 11h53
(atualizado às 16h09)
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Suplente de José Serra ao Senado, o deputado federal José Anibal se considera "um cara de esquerda"
Suplente de José Serra ao Senado, o deputado federal José Anibal se considera "um cara de esquerda"
Foto: Janaina Garcia / Terra

Entre críticas à gestão da presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), e elogios ao presidenciável tucano Aécio Neves, atualmente em terceiro nas pesquisas de intenção de voto, o primeiro suplente na chapa do ex-governador José Serra (PSDB) ao Senado, o deputado federal José Aníbal (PSDB-SP), 67 anos, classifica como “pesadelo” pensar em costura de apoio no segundo turno presidencial sem a figura de Aécio. E garante: um dos 128 nomes a assinar a ata de fundação do PT, em São Paulo, no final da década de 1970, se considera ainda hoje “um cara de esquerda”. “Sempre fui de esquerda, não sou um conservador. Saí (do PT) porque era muita briga interna”.

Por outro lado, Aníbal jura que, mesmo tendo perdido a oportunidade de uma reeleição relativamente tranquila à Câmara neste ano, “tocar a própria vida” será um prêmio de consolação aceitável caso Serra não se eleja. Em entrevista ao Terra, o tucano contou que pretendia sair ele próprio candidato ao Senado – plano que caiu por terra quando Serra, cotado também para a Câmara Federal, acabou confirmando candidatura. O deputado disputou o Senado em 2002, mas não se elegeu.

“Se isso (Serra se eleger, e Aníbal seguir primeiro suplente, sem mandato efetivo) acontecer, vou continuar mantendo minha atividade, acompanhando a vida política do país e colaborando com o Serra em alguma coisa”, disse.

Nas últimas pesquisas de intenção de voto dos institutos Datafolha e Ibope, Serra e o candidato à reeleição, Eduardo Suplicy (PT), têm aparecido tecnicamente empatados na preferência do eleitor.

Sobre possível apoio a Marina Silva, tucano desabafa: "Pesadelo"

Indagado sobre eventual apoio do partido a Marina Silva (PSB), em caso de segundo turno entre ela e Dilma, rechaçou: “Nem me faça pensar nesse pesadelo”. Como explicar a vantagem de Geraldo Alckmin na disputa ao Estado (conforme as pesquisas, ele se reelegeria em primeiro turno) e Aécio em terceiro na opção do eleitorado paulista? “Atribuo isso a uma bomba que aconteceu há semanas, que foi a morte de um candidato (Eduardo Campos, do PSB), e a comoção nacional que se formou, seguida do surgimento de uma nova candidata que nem é nova assim, pois já concorreu, o Brasil inteiro já sabe quem -- diferentemente do Aécio, que ainda tem que se apresentar. Ser conhecido do Brasil inteiro não é fácil”, definiu.

"Suplicy está muito gasto - usée, em francês"

“O (Eduardo) Suplicy (PT) está muito gasto – em francês tem uma expressão que é “usée”. O Serra é um cara de mais idade, mas você olha para ele e o vê falando sobre os mais diferentes temas”, comparou.

Sobre a crise hídrica, Aníbal negou, a exemplo de Alckmin, haver a adoção de um racionamento no Estado.  “Tivemos a maior seca em São Paulo nesse século”, comentou, para completar: “Parou de chover, e mesmo assim o governo agiu rapidamente, buscou alternativas, acelerou obras que têm como projetos trazer agua a São Paulo”. Em seguida, ressalvou: “Acho que pode ter havido uma ação insuficiente de antecipação – você está lidando com fatores climáticos, tem que estar sempre muito atento, do tipo vamos procurar ter pelo menos um plano emergencial melhor trabalhado, melhor preparado... foi uma coisa muito em cima, mas não está tendo racionamento nenhum, nenhuma insuficiência de água, pelo menos até aqui.”

O tucano se disse ainda favorável a propostas como a redução da maioridade penal, condenada por ONGs ligadas à defesa dos direitos humanos, e a criminalização da homofobia e o casamento entre pessoas do mesmo sexo, medidas defendidas pela comunidade LGBT. “É como me disseram: como pode votar aos 16 anos e não ser imputável?”, indagou. “Sobre união entre pessoas mesmo sexo, sou totalmente a favor, ainda mais para efeitos previdenciários. Também sou a favor da criminalização da homofobia. Que isso, gente?”.

Em 2012, mandato não cumprido foi pedra no sapato de Serra

Apesar de Aníbal garantir ter planos de uma vida sem mandato, com Serra se elegendo ou não, o ex-governador teve uma renúncia de mandato como fator de rejeição perante o eleitorado na campanha à Prefeitura em 2012.

Eleito prefeito em 2004, depois de perder a Presidência para Luiz Inácio Lula das Silva (PT), em 2002, Serra deixou o posto em 2006, para concorrer, com vitória, ao governo paulista. Na eleição municipal passada, antes de perder o segundo turno para Fernando Haddad (PT), o tucano insistia que não abandonaria a Prefeitura caso vencesse.

Em 2004, porém, já havia assinado um documento, durante uma sabatina, se comprometendo a não deixar o comando do Município. Indagado por uma rádio sobre o assunto, na campanha de dois anos atrás, alegou que assinara "um papelzinho" e classificou o episódio como "folclore".

Fonte: Terra
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