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Maluf ouve Xuxa em aniversário e polemiza 10 vezes; veja

Deputado federal fez carreata por pontos que foram "obras de Paulo Maluf" na zona leste de SP no dia em que completa 83 anos, se disse "mais comunista que o PT de hoje" e evitou polemizar sobre cobranças de "tesão" do aliado Skaf a Alckmin: “Não preciso de certos instrumentos que muitos jovens usam hoje"

3 set 2014 - 20h27
(atualizado às 20h38)
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Jato de papel picado, carro de som com o “Parabéns” da cantora Xuxa Meneghel improvisado ao microfone por um militante, desfile em jipe a céu aberto, palavras de apoio (“Põe a Rota na rua!”) e de reprovação (“Vai, reza brava!”). E a comparação de si próprio com Juscelino Kubitschek e com a figura de um homem agora mais alinhado à esquerda: “Eu me sinto comunista perto do PT de hoje”.

Foi nesse contexto que o candidato à reeleição para a Câmara Federal, o ex-prefeito e ex-governador Paulo Maluf (PP), participou nesta quarta-feira de uma carreata de campanha pela zona leste de São Paulo. E bem no dia em que completa 83 anos –pelos quais está distribuída a participação em 22 eleições, “11 ou 12 delas” como candidato. “Onze é melhor, vai”, corrige rapidamente a si próprio, numa alusão direta ao número da legenda.

A reportagem do Terra acompanhou a carreata que durou cerca de duas horas e passou por cenários aos quais o ex-prefeito dispara o bordão de campanha “obra de Paulo Maluf”, como avenidas e conjuntos habitacionais (Cingapura e Cohab). Antes, o parlamentar conversou com a imprensa sobre a nova idade e os parceiros atuais de campanha do PP –no plano federal, a presidente Dilma Rousseff (PT), e, no estadual, o presidente licenciado da Federação das Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf. A presidenciável Marina Silva (PSB), que mudou o cenário eleitoral após a morte de Eduardo Campos, também passou pelo crivo do pepista: “Sem nenhum desrespeito à dona Marina, não vejo nela condições administrativas ou políticas”, sentenciou.

SP: em aniversário, Maluf é homenageado com música da Xuxa:

Veja, abaixo, as curiosidades sobre a agenda do candidato-aniversariante que, esta semana, foi classificado pela ONG Transparência Internacional, em uma campanha de combate à corrupção, como um exemplo a não ser seguido.

Maluf diz ter feito “uma Brasília na zona leste de SP”

O ex-prefeito citou o presidente Juscelino Kubitschek, fundador de Brasília, ao dizer que mais de 1.200 localidades foram desapropriadas pela construção da avenida Jacu-Pêssego e do Residencial Cingapura, ambos, na zona leste, durante sua gestão. “O lugar era um córrego imundo e infecto, todo cheio de ratos. Hoje a avenida tem oito pistas de tráfego, é como se fosse uma Faria Lima”, avaliou. “As pessoas moravam em favela, agora moram em apartamento, tudo civilizado, graças a Deus”, comparou. “Aqui nesta região construí 55 mil aptos a 60 metros quadrados cada um –são 3,3 milhões de metros quadrados só em Itaquera, mas que quando JK construiu Brasília. Eu fiz uma Brasília na zona leste”.

O candidato a deputado federal Paulo Maluf (PP) participa de carreata na zona leste de SP
O candidato a deputado federal Paulo Maluf (PP) participa de carreata na zona leste de SP
Foto: Janaina Garcia / Terra

Maluf diz que dá “coceira” em ONG anticorrupção

 O candidato também se afirmou “envaidecido” por ter o nome citado pela ONG Transparência Internacional como exemplo de político corrupto –Maluf foi batizado pela campanha anticorrupção da ONG como “Sr Propina”. “Vamos continuar trabalhando. E eu fico feliz que meu trabalho dá inclusive coceira a pessoas que vivem na Europa”, destilou. O envaidecimento citado é pelo fato de, diz, a alcunha vir de “picaretas” que integrariam a ONG.

Maluf cita Jânio sobre Alckmin

Indagado sobre o incômodo que Skaf demonstra em entrevistas ao ser perguntado sobre a aliança com Maluf –e mesmo com Dilma --, o ex-prefeito não respondeu se subiria ao palanque do amigo.  “Em toda a minha propaganda tem Paulo Maluf 1111 e Skaf 15. Nada contra o governador Alckmin, que conheço bem, é um homem de bem, mas o (ex-presidente) Jânio (Quadros) dizia lá atrás: vassoura nova varre melhor”.

Maluf, “tesão” e fofoca

Sobre a polêmica afirmação da campanha de Skaf sobre Alckmin –o peemedebista garante que o tucano governa “sem tesão” --, Maluf, 83 anos, preferiu ficar de fora. “Não vou entrar em fofoca. Estou velho para isso”.

Maluf dá a dica: “Não preciso de instrumentos que jovens usam hoje”

Se com 83 anos ele teria o tesão pleiteado por Skaf para (outros) quatro anos de mandato? “Não preciso de certos instrumentos que muitos jovens usam hoje”, riu o candidato depois de dois apertões de queixo na repórter. Ao fim da carreata, contudo, se apressou na despedida. “Vou almoçar com Silvia” --- a mulher do parlamentar.

Maluf curtiu Dilma

O ex-prefeito não poupou elogios a Dilma, a quem chamou de “correta, decente, ética e competente”; citou crises internacionais no Oriente Médio e na Europa concomitantes ao mandato da petista e definiu: o Brasil “só tem um problema -- é começar a trabalhar, mais nada”.

Maluf enumera Médici, Geisel, Hitler... e Marina

Atual causa de reviravolta no cenário eleitoral –surge como a favorita a vencer o segundo turno --, a ex-senadora Marina Silva (PSB), por enquanto, não tem as bênçãos do político paulista. “Eleger uma presidenta com 20 deputados federais, em 513, e dizer que não vai conversar com o Congresso? Nunca ouvi isso aqui, nem no tempo do (presidente Garrastazu) Médici ou do (presidente Ernesto) Geisel, no regime militar. Não existe isso. A democracia pressupõe três poderes: tem que respeitar judiciário, legislativo e executivo. Dizer que vai governar sozinho... Quem sabe Hitler poderia dizer isso, Mussolini, Stalin... Aqui, com a mídia livre que defendemos, isso não pode acontecer.”

Maluf, o veterano

Em tempo: o deputado havia sido questionado sobre as declarações de Marina de que pretende “governar com os melhores” de cada partido, substituindo um modelo de política que a ex-senadora considera “antigo”. Em tempo mais uma vez: entre apoios e candidatura, Maluf está na 22ª eleição.

Maluf, o comunista

“E eu, que sempre fui adversário do PT por sua ideologia de esquerda, hoje admiro muito o presidente Lula e dona Dilma porque eles viraram centro para direita – o BNDES hoje financia multinacionais, financiou montadoras, salvou banqueiros. Eu me sinto comunista perto do PT de hoje”.

Maluf manda beijo

Na carreata, o ex-prefeito tomou algumas muitas ignoradas aos acenos –como ao passar por um ponto de ônibus lotado em uma rua de Itaquera --, palavras de apoio –as mais comuns, pedindo “a Rota na rua” –e algumas menos amistosas. “Maluf na cadeia”, gritou um jovem na avenida Pires do Rio. Vai, reza brava”, gritou um homem na rua Miguel Rachid. Em todas as situações, Maluf apenas acenou, sorrindo, jogando beijos.

Fonte: Terra
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