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Líderes dos protestos de 2013 se lançam candidatos em 2014

Jovens que atuaram na organização das manifestações de junho do ano passado ao redor do Brasil tentam entrar na política pelos meios tradicionais

2 set 2014 - 10h28
(atualizado às 10h32)
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<p>Foto de arquivo de protesto em Brasília no dia 17 de junho de 2013</p>
Foto de arquivo de protesto em Brasília no dia 17 de junho de 2013
Foto: Gustavo Gantois / Terra

“Sem partido! Sem partido!”. O grito bradado a plenos pulmões nas mobilizações que tomaram as ruas de todo o País em junho de 2013 já não tem a força que tinha. De acordo com apuração do Terra, parte dos jovens que atuaram na coordenação dos protestos está, sim, ligada a partidos políticos. Alguns deles, inclusive, se lançaram candidatos a cargos estaduais e federais nas eleições de 2014.

Arielli Tavares é um dos nomes dessa lista. Estudante da Universidade de São Paulo (USP), ela participou, por exemplo, de manifestações contra o aumento das passagens no transporte público e das Marchas das Vadias, da Periferia e da Maconha. Agora, concorre ao cargo de deputada estadual por São Paulo pelo PSTU. “Esse sentimento apartidário é comum entre os jovens. É motivado pela experiência negativa que eles têm com os partidos da ordem e com o sistema político injusto que existe. Dessa forma, o coro ‘sem partido’ é progressivo, por um lado. Mas, por outro, não, pois ele pode significar uma recusa da participação política – direito que foi uma conquista do povo brasileiro após anos de lutas contra a Ditadura Militar”, explicou em entrevista ao Terra.

Outro exemplo é o estudante da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Julio Anselmo, carioca que concorre ao cargo de deputado estadual pelo Rio de Janeiro também pelo PSTU. Entre os protestos em que ele esteve podem ser citados o contra o governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral e os de apoio à greve dos professores. “Quando participei deles, eu já era do partido. Tentei colocar minhas opiniões ali. Todos passaram os últimos anos com muita expectativa no atual governo, o que aconteceu foi o estopim de uma desilusão. E eu sou um jovem trabalhador, também sofro as consequências de uma política que não atende aos anseios dos trabalhadores. É legitimo apresentar propostas de transformação no meio dessa luta”, afirmou.

Mais uma figurinha carimbada dos protestos ligada ao PSTU é Matheus Gomes, candidato a deputado federal pelo Rio Grande do Sul. Para ele, que diz ter sido duramente repreendido nas mobilizações gaúchas dos transportes públicos, a candidatura tem um motivo especial. “A polícia tentou conter os protestos associando os organizadores a atividades criminosas. Me enquadraram em itens como formação de quadrilha, roubo e danos contra o patrimônio público sendo que eu sempre fui contra a tática black bloc. Invadiram minha casa, me perseguiram e me ameaçaram. Isso tudo fere o direito democrático, o que certamente me motivou a lançar minha candidatura. Temos um projeto alternativo à sociedade”, contou.

Na lista de candidatos do Psol também podem ser encontrados jovens que se destacaram como líderes – embora muitos rejeitem este título – nas manifestações. Um dos mais conhecidos é Lucas Maróstica, ativista da causa LGBT que concorre a deputado federal pelo Rio Grande do Sul. “Acho que as mobilizações serviram para fortalecer um processo de maior participação da população nas decisões. Precisamos seguir nesse caminho para conquistar as mudanças que queremos. Por isso não vejo contradição em participar de protestos e me candidatar. Minha iniciativa tem o intuito justamente de fortalecer a relação da juventude com a política, de defender as bandeiras de junho (mês das grandes manifestações de 2013), de lutar contra o preconceito”, disse.

Thiago Aguiar e Rafael Madeira, candidatos a deputado federal por São Paulo e Distrito Federal, respectivamente, são outros nomes do partido.

Mas não são todos os “manifestantes candidatos” que seguem linhas semelhantes. Na contramão está Maycon Freitas, organizador de algumas mobilizações contra a corrupção. Em julho de 2013, ele estampou as páginas amarelas da revista Veja, onde foi chamado de “a voz que emergiu das ruas”, e negou ter pretensão de se candidatar, diferentemente dos jovens citados no início dessa matéria, que na época já eram ligados a seus partidos. Pelo PTdoB, concorre a deputado federal pelo Rio de Janeiro com o slogan “Direita Já” e tem propostas que incluem investimento pesado nas Forças Armadas e privatização de estatais.

“Fomos às ruas por melhorias em todas as áreas, pela punição dos ‘mensaleiros’ e por um ‘Fora, Dilma’. Fomos reivindicar com pessoas do bem. Houve quebra-quebra por influência de partidos de esquerda e suas organizações. Eles querem instabilidade e anarquia para tomar o poder”, criticou. Temendo a “implantação de um regime comunista”, disse ainda que vai “continuar lutando contra isso, eleito ou não”.

Fonte: Terra
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