Escolha o jingle mais marcante da história das eleições no País Sabe aquela música que você não consegue tirar da cabeça? Pode incomodar bastante, mas há quem comemore que um refrão consiga se grudar com tal força na memória das pessoas: os candidatos em eleições. Embora o uso político do jingle, à primeira vista, não vença alguns poucos meses, algumas canções seguem reverberando nas mentes dos ouvintes por anos a fio. O hino, assim, pode ser recuperado em eleições seguintes e se junta à imagem que o político pretende firmar entre os eleitores. No Brasil, a música de campanha surgiu repetindo a retórica dos jornais e o vocabulário do povo para exaltar ou desgraçar um candidato. Nas primeiras eleições diretas depois do golpe militar de 1964, praticamente todos os presidenciáveis investiram forte em jingles que continuam presentes na memória musical dos brasileiros. A seguir, o Terra relembra alguns dos mais consagrados jingles da história do País. Vote no seu preferido. O candidato: Prestes foi indicado por Washington Luís para a sucessão presidencial contando com o apoio de 17 Estados – Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba formariam a Aliança Liberal, que derrubou Prestes em 1930 em favor de Getulio Vargas. A indicação de Prestes deu força à crise da política do café-com-leite, que revezava paulistas e mineiros no poder. A exemplo de Washington Luís, Prestes saía do governo de São Paulo para o mais alto cargo da República Velha. “Eu ouço falar”, de Sinhô, responde a um samba que acusava Prestes de apenas querer “ganhar vintém”. O candidato: Deposto em 1945, com o declínio da ditadura do Estado Novo, Vargas apareceu aos 68 anos candidato a presidente pelo PTB, com o slogan “ele voltará”. Getulio, alegou que se candidatou por falta de uma “conciliação geral da política brasileira”. Ainda em campanha, Vargas conviveu com uma oposição que pregava revolução em caso de vitória sua, o que motivou a sua frase de que “no Brasil, não basta vencer a eleição, é preciso ganhar a posse”. O mandato de Vargas, marcado pelo reajuste em 100% do salário mínimo e pela criação da Petrobras, acabaria com o suicídio do presidente. O candidato: Juscelino Kubitschek concorreu em eleições conturbadas pela acusação de que recebia apoio de comunistas, o que contrariava os militares. O lançamento de seu nome foi viabilizado por uma aliança que contava com seis partidos e à qual se uniria o apoio do ex-presidente Venceslau Brás. Seu Plano de Metas incluía medidas desenvolvimentistas que ele chamou de “cinquenta anos em cinco”, em referência ao atraso industrial do País, que ele pretendia mitigar em um mandato. O governo JK seria marcado pela construção de Brasília e pelo forte investimento em rodovias. O candidato: O sul-mato-grossense foi consagrado pela promessa de “varrer” a corrupção, o que lhe valeu 5,6 milhões de votos, a maior aclamação das urnas registrada no País até então. Como governador de São Paulo, Jânio foi popular, investindo na imagem de moralizador com visitas-surpresa a repartições públicas e a criação do presídio do Carandiru. Sua Presidência foi marcada por medidas excêntricas – como a proibição de biquíni nas transmissões televisivas dos concursos de miss – e pelo restabelecimento das relações com a União Soviética e com a China. O candidato: Quando concorreu nas primeiras eleições diretas para presidente desde o golpe militar de 1964, o líder sindical vinha de um mandato como deputado federal por São Paulo. Especialmente no segundo turno, quando perdeu para Fernando Collor, Lula foi discriminado por suas origens humildes, chegando a ser chamado de “besta quadrada” e de “ralé” pelo jornalista Paulo Francis. Em contrapartida, recebeu o apoio de adversários do primeiro turno e de diversos artistas, que participariam da gravação do jingle Lula Lá. A exemplo do que seria retomado – desta vez com sucesso – em 2002, a campanha de Lula pedia que o eleitor votasse “sem medo de ser feliz”. O candidato: Collor concorreu impulsionado pela fama de “caçador de marajás”, forjada pela imprensa devido ao seu combate, como governador de Alagoas, a altos salários no funcionalismo público. Para se candidatar, voltou-se contra o então presidente e colega de partido, José Sarney, e ingressou no PRN. Sua campanha explorou promessas de moralização e de redução da inflação. Na disputa derradeira contra Lula – que tinha a seu lado Leonel Brizola, Mario Covas, Ulysses Guimarães e Roberto Freire –, Collor recebeu o apoio de Paulo Maluf e Guilherme Afif. O candidato: Ulysses exibiu como trunfo nas eleições sua experiência política, que passava por ter presidido a Câmara em três momentos, sendo a primeira já em 1956. Militante das “Diretas Já” e presidente da Assembleia Nacional Constituinte, chegou a ser cogitado para a chefia do Executivo em 1985, mas foi preterido em favor da chapa de Tancredo Neves e Sarney. Chegou a governar o País durante as ausências de Sarney, o que o gabaritava como o “Velhinho” capaz de acabar com a “molecagem” no Brasil. O candidato: Brizola voltou ao Brasil em 1979, dando fim ao exílio com a anistia, e fundou o PDT após perder disputa pelo registro do PTB, de Getulio Vargas. Já em sua primeira eleição depois do exílio, é eleito governador do Rio de Janeiro, em 1982, cargo a partir do qual lança, principalmente nas periferias, os Centros Integrados de Educação Pública, inspirados na pedagogia de Darcy Ribeiro. Opositor do Cruzado quando o plano era unanimidade, catapultou sua popularidade com o fracasso da medida, chegando a 1989 com uma força política que o garantiu o terceiro lugar no primeiro turno, ficando pouco atrás de Lula. O candidato: Um ano antes de tentar a sorte na corrida pelo Planalto, o empresário e apresentador de TV havia proposto se candidatar a prefeito de São Paulo, o que, apesar de grande repercussão, acabou não se concretizando. A campanha de 1989 já se desenrolava quando Silvio tentou candidatura pelo Partido Municipalista Brasileiro, substituindo o pastor Armando Corrêa, cujo nome constava nas cédulas de votação. O jingle e as propagandas de Silvio buscavam esclarecer o eleitor de que o número 26 representava o voto em Silvio, que acabou tendo seu registro impugnado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O candidato: Ex-militante do MDB e das Diretas Já, FHC se destacou na transição do governo Collor para o de Itamar Franco, de quem foi ministro das Relações Exteriores e, depois, da Fazenda, iniciando a implantação do Plano Real, que daria solução à situação hiperinflacionária do País e estabilizaria a economia. O tucano deixou o cargo para preparar sua candidatura a presidente, pautada principalmente pelo sucesso do Real. Com o apoio de Itamar, FHC acabou eleito presidente do País ainda no primeiro turno, impondo a Lula uma segunda derrota na tentativa de chegar ao Planalto. Foto: Portal Brasil / Divulgação O candidato: Gaúcho, Eymael concorreu a prefeito de São Paulo em 1985, quando popularizou o jingle que o ajudaria a chegar à Câmara Federal no ano seguinte. Como deputado, trabalhou na constituinte, conseguindo ser reeleito em 1990. Teve 145 propostas aprovadas na constituinte, entre elas o aviso prévio de 30 dias para os trabalhadores, a jornada semanal de 44 horas e o direito do trabalhador ao lazer. Após outra derrota em disputa pela prefeitura paulistana, Eymael funda o PSDC para defender “a família e seus valores” e concorre a presidente pela primeira vez em 1998. Foto: Fernando Borges / Terra O candidato: Ao longo da ditadura, Maluf havia sido prefeito e governador de São Paulo, e vinha de tentativas frustradas de se eleger presidente (primeiro via Colégio Eleitoral, depois em 1989, quando ficou em quinto lugar) e prefeito (perdeu para Luiza Erundina em 1988) quando lançou campanha para voltar ao governo paulista em 1990. Também lhe antecediam o apoio a Collor contra Lula e a frase “se está com vontade sexual, estupra, mas não mata”. Apesar disso, venceu o primeiro turno na corrida pelo governo de São Paulo, sendo derrotado na rodada seguinte por Fleury Pinto, que era apoiado por Orestes Quércia. Foto: José Cruz / Agência Brasil O candidato: Cofundador e primeiro presidente do PSDB, Covas ficou em quarto lugar nas eleições presidenciais de 1989 e em terceiro lugar na disputa pelo governo de São Paulo no ano seguinte. O perfil de liderança de Covas já havia lhe levado à presidência do MDB durante a ditadura, à qual ele se opôs, e se fez notar na eleição de 1994 ao governo paulista, quando ele fez oito milhões de votos. Como governador, privatizou as principais empresas e estradas estaduais. Foto: Arquivo / Agência Brasil O candidato: Arraes foi um dos políticos beneficiados em 1979 pela anistia, que o permitiu voltar do exílio e ser recebido por uma multidão. Eleito deputado federal em 1982 e governador de Pernambuco em 1986, investiu na agricultura familiar e ofereceu alternativas profissionais para os canavieiros. Mais uma vez governador a partir de 1994, Arraes sofre com a crise financeira e greves policiais. A campanha buscava despertar no eleitor o sentimento de que Pernambuco “está ficando iluminado”, em referência à eletrificação da zona rural, e passou a ser “respeitado por todo o País”. Foto: José Cruz / Agência Brasil O candidato: Eleito três vezes deputado federal ao longo da década de 1990, Rigotto foi líder do PMDB e do governo FHC no Congresso, onde relatou matérias como a Lei Rouanet e o Programa de Renda Mínima. Depois de largar nas pesquisas muito atrás dos adversários, Rigotto deixaria Tarso Genro (PT) para trás nos dois turnos. Além do jingle, a campanha foi marcada pela utilização de um coração nas propagandas, que reforçava o discurso de ser candidato que iria ‘pacificar’ o Estado, em conflito após as administrações de Antônio Britto e de Olívio Dutra. Foto: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil O candidato: Na condição de presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Antonio Imbassahy governou o Estado com a renúncia de Antônio Carlos Magalhães e o impedimento do vice, Paulo Souto. Imbassahy devolveria o governo a Souto em 1995, ano em que se elegeu prefeito de Salvador pela primeira vez, sendo reeleito em 2000. Em 2005, rompeu com a família Magalhães e se filiou ao PSDB, partido pelo qual perdeu a corrida a senador em 2006. Em 2008, apesar do forte jingle composto pela equipe de Duda Mendonça, Imbassahy deixou a disputa já no primeiro turno. João Henrique (PMDB) se reelegeria prefeito mais especiais de notícias