O presidente do Banco Central, Arminio Fraga, disse ontem que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva tem condições de conquistar a confiança do mercado, estabelecer uma trajetória de crescimento virtuoso da economia e administrar a sustentabilidade da dívida pública.
"Nós temos condições, com perseverança, paciência e determinação, de superar esse quadro", afirmou Fraga, referindo-se às declarações do presidente eleito.
Segundo Fraga, as declarações de Lula - como manter o superávit primário (receitas menos despesas, excluído o pagamento de juros) necessário - se cumpridas, sinalizam que a trajetória da relação dívida/PIB será descendente e essa queda virá acompanhada da redução do risco-país, que está bastante elevado, e da diminuição do grau de incertezas internas e externas.
"Estamos hoje caminhando em direção ao que parece ser a recuperação da confiança e do crédito", disse Arminio.
Segundo o presidente do BC, o próximo governo terá condições para trilhar um caminho de crescimento econômico virtuoso. Para ele, esse crescimento é consequência de ajustes feitos pela equipe de Fernando Henrique Cardoso como no sistema financeiro, na responsabilidade fiscal, na estabilização da inflação e na adoção de câmbio flutuante.
Arminio participou ontem de audiência na Comissão Mista do Orçamento para explicar o balanço do BC, que no semestre deve prejuízo de R 10,9 bilhões, e os reflexos da política econômica e monetária adotadas pelo governo.
O deputado Sergio Miranda (PCdoB-MG) foi o mais crítico à política de Arminio. Disse que ele teve um prejuízo de R$ 25 bilhões ou 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB), durante seus quatro anos de governo. Esse montante é superior ao que o atual governo - 1,5% - gastou com a área social no período.
Por este motivo, Miranda questionou a aprovação de uma autonomia maior para o BC. Arminio concordou com o deputado, dizendo defender uma autonomia com limites na exposição cambial e em operações de liquidez. Ele sugere que o descumprimento desses limites só poderiam ser feitos com autorização de autoridades fiscais.
O presidente do BC afirmou que a meta de inflação para 2003 - 4% com folga de 2,5 pontos percentuais - dependerá da crise de confiança. Superado o problema, câmbio e inflação voltam aos trilhos.
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