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Guardador de carro enfrenta 'perrengue' para ser deputado

Conceição Filho, candidato a um posto na Alerj como deputado estadual pelo PTC, é morador de São Gonçalo e reclama que candidatos nanicos não contam com o mesmo apoio de partidos com maior cacife para fazer campanha

8 set 2014 - 12h40
(atualizado às 13h10)
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<p>Conceição Filho registrando sua candidatura como deputado estadual no Rio de Janeiro pelo PTC</p>
Conceição Filho registrando sua candidatura como deputado estadual no Rio de Janeiro pelo PTC
Foto: Facebook / Reprodução

Imagine a seguinte cena: você sonha em se candidatar a deputado estadual pelo seu Estado de origem, tem que deixar o trabalho que sustenta a família de lado atrás de votos em sua campanha pessoal, mas, sem grana, depende da ajuda ocasional da família e de amigos. Quando eles têm tempo, claro. Este é o caso do guardador de carros Conceição Filho (PTC-RJ), que disputa uma das 71 vagas para a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) no próximo dia 5 de outubro.

“Tem dia que eu fico ocioso porque não tem ninguém para me ajudar”, diz o morador de São Gonçalo, que até julho deste ano trabalhava como guardador de carros num shopping no município da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Enquanto caciques da alta política fluminense esbanjam banners e pagam semanalmente um extra para quem se dispõe a divulgar pelas ruas seus materiais de campanha, Conceição Filho vai na base da “campanha perrengue”.

“A gente fica meio triste. A gente trabalha para certos candidatos na campanha, e depois que aquilo acaba, a pessoa não conhece mais a gente. Quero fazer as coisas de um modo totalmente diferente daquilo que eu vi. Eu tenho as pessoas que trabalham comigo. Ninguém é remunerado um centavo.”, disse ele que, do partido, afirmou ter ganho a impressão de algumas centenas de santinhos e uma placa com o seu nome e número para quem quiser elegê-lo na urna eletrônica.

Natural da capital, Edílson da Conceição, 49, que adotou o nome de campanha “ué, porque eu sou filho de pai e mãe”, se aventura pela primeira vez na política, após já ter trabalhado como pintor, servente de pedreiro, arrumador de quarto de hotel, entre outras profissões que conseguiu na vida para sustentar os quatro filhos de dois casamentos diferentes.

“Nunca concorri a nada, não”, explica. “Mas resolvi sair dessa vez porque eu gosto de ajudar as pessoas”, complementa. Ele, que ganhou alguns segundos na TV para falar seu nome e número no horário eleitoral gratuito, afirma ainda que “o Rio de Janeiro tem uma coisa que é muito triste. A maioria das pessoas mora numa casa humilde, não pode fazer melhorias, por causa que não tem documento de posse”.

Portanto, sua principal bandeira de campanha, “quando dá para ir para a rua e falar com as pessoas, né”, é justamente batalhar no Poder Legislativo estadual por aqueles que ainda não têm a garantia de possuir uma casa própria – ele já foi presidente de uma associação de moradores de Cocalzinho de Goiás, cidade satélite de Brasília, onde morou por 18 anos trabalhando na Legião da Boa Vontade.

“Muitos ficam com medo de fazer uma casa legal. Eu tenho a proposta de que as pessoas que provarem que têm mais de cinco anos naquela residência, teríamos que dar o certificado, ou escritura, para que essa pessoa possa ficar tranquila vivendo ali”, diz. “Mas também tem que garantir que quem conseguir isso não vá vender a casa em seguida, porque aí é sacanagem”.

Ele garante ainda ter bons projetos na área de educação, saúde e transporte. “Esse o nosso principal problema”. “Vamos ver o que eu consigo fazer, já que eu não tenho nenhum centavo. Mas estou animado. Ideias eu tenho pelo menos”.

Fonte: Terra
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