Eymael defende Constituição, mas apoia prisão perpétua
Citando recorrentemente a Constituição como base de um eventual governo, o candidato à Presidência José Maria Eymael (PSDC) mostrou uma postura conservadora e incisiva em entrevista exclusiva ao Terra nesta terça-feira, se posicionando sempre de acordo com a lei máxima federal, a qual ele participou da criação.
O político lembrou com orgulho da fundação do seu partido e explicou a origem do famoso jingle que o popularizou pelo País. "1985 foi um momento mágico, a primeira eleição direta depois de 20 anos. Não havia maneira melhor do que disputar a prefeitura de São Paulo. Eu podia ser candidato com qualquer nome, mas jamais com o nome de Eymael, que era difícil. Um companheiro nosso, alfaiate e compositor, que disse 'se a gente ensinar o povo a dizer Eymael, ele não esquece mais'. Eu senti que ele tinha criado uma coisa de gênio", lembrou o candidato do PSDC.
Citando os princípios da democracia cristã como base ao seu governo, Eymael pouco falou de religião, traçando paralelos entre a população católica, mais enrustida, e evangélica, taxada de mais corajosa segundo a sua interpretação. Para o candidato, o ensino da religião nas escolas deve ser facultativo, conforme definido na Constituição.
Parte do grupo que participou da Constituinte de 1987, Eymael defendeu o uso da palavra Deus dentro da Constituição, fato que para ele representa uma homenagem à religiosidade da população brasileira, não uma violação do estado laico.
O candidato negou ser criacionista e afirmou que seu partido não é religioso, mas tem "compromisso com os valores humanísticos do cristianismo". Seguindo a postura conservadora, Eymael se mostrou contrário à descriminalização das drogas e favorável ao aborto conforme as exceções descritas na Constituição, postura que ele reiterou quanto às relações homossexuais.
"É livre a orientação sexual das pessoas. O casamento como instituição é a relação entre homem e mulher. Nossa posição é tranquila, respeito as relações homoafetivas", explicou o candidato do PSDC, que ainda disse ser contrário à pena de morte, mas favorável à prisão perpétua.
Sem ter participado dos debates televisivos realizados até este momento, Eymael garantiu presença no debate da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a ser transmitido nas redes de TV religiosas. "Não fugi dos debates, me impediram de participar", contou, comemorando o espaço que as redes sociais proporcionam para a sua campanha, muito limitada no horário eleitoral gratuito.
"Onde eu atuo muito é no 'Face' e no Twitter. Todas as mensagens são minhas, ninguém escreve por mim", declarou o presidenciável mais rico de acordo com a declaração de bens feita ao TSE, riqueza acumulada desde seus 12 anos, quando começou a trabalhar em Porto Alegre.
Apaixonado pelo Brasil, Eymael defendeu o retorno das aulas de educação moral e cívica, normalmente associadas aos tempos da ditadura militar. Para o presidenciável, a aula serviria como a criação de um culto ao Brasil e seus símbolos, como o hino nacional e a bandeira, mas com o objetivo principal de educar os jovens sobre a Constituição.
Cultuando a lei máxima do País, Eymael admitiu que é necessária uma reforma política, que não passa por uma nova Constituinte. "Hoje uma das grandes faltas de efiicência no serviço público é o comando por pessoas sem relação coma a área que vão atuar", criticou.
"Quem são os ministros? São o time do presidente, com quem ele joga. Mas não pode ser muito mais do que 11. Tem ministro esperando quatro meses para ser recebido pela presidente. A nossa visão é agora entre quinze e vinte (ministros). Nós propomos a criação de dois ministérios, da Seguraça Pública e Família", explicou Eymael, que discorda da atual estrutura do Executivo.
De acordo com muitas das regras estabelecidas no País, o candidato do PSDC afirmou suspeitar da credibilidade do sistema de urnas eletrônicas utilizado nas eleições, assim como das pesquisas eleitorais. "Hoje eu tenho que admitir a palavra do TSE, que as urnas são invioláveis. Mas que eu tenho dúvidas, tenho."