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Em luto, Marina lança plano de governo e relembra 2010

Candidata do PSB citou Eduardo Campos em diversas oportunidades e relembrou os 20 milhões de votos que teve nas eleições de 2010

29 ago 2014 - 18h49
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<p>A candidata Marina Silva (PSB) durante lan&ccedil;amento do seu plano de governo</p>
A candidata Marina Silva (PSB) durante lançamento do seu plano de governo
Foto: Reuters

Ainda em luto pela morte de Eduardo Campos, a candidata à Presidência da República Marina Silva (PSB) lançou seu programa de governo na tarde desta sexta-feira na cidade de São Paulo e lembrou os 20 milhões de votos conquistados nas eleições presidenciais de 2010. De acordo com ela, a alta porcentagem a seu favor nas urnas há quatro anos foi um “sinal” do povo brasileiro pedindo por mudança. Com a presença de Antonio Campos, irmão de Eduardo, o ex-governador de Pernambuco foi lembrado com inúmeras citações, aplausos de pé e um minuto de silêncio.

Vestindo branco, Marina entrou no salão localizado em Pinheiros e logo foi recebida pelas centenas de convidados com aplausos e gritos. “Eduardo presente, Marina presidente”, gritavam os membros do PSB e partidos da coligação. Além de Marina e de seu vice Beto Albuquerque, o palco recebeu Luiza Erundina, os coordenadores do programa de governo Maurício Rands e Neca Setúbal, e o presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, entre outros.

Após o pedido de um minuto de silêncio por Amaral e um breve discurso, o PSB mostrou ao público um vídeo apresentando alguns pontos do programa. Ao final do vídeo, uma mensagem de Eduardo Campos. “O Brasil tem jeito e quem vai dar jeito ao Brasil é o povo brasileiro”, disse o pernambucano, que apareceu diversas vezes na apresentação.

A grande maioria presente no palco discursou, com destaque para Neca, Rands e o vice Beto Albuquerque. Porém, o ápice foi mesmo com Marina Silva.

“Ultimamente tenho dito a amigos o seguinte: luta, luto e paz. Continuamos em luta, mas estamos de luto porque perdemos aquele que foi o polo estabilizador desta aliança. Gostaríamos muito que estivesse aqui para ver o programa que ele tanto se esmerou, anotando em viagens cansativas dentro daquele avião. Uma vez dividimos o programa no meio e ele, com aquele sotaque, disse que parecia aluno não fazendo o dever de casa direito”, brincou Marina.

A candidata do PSB disse que o programa de governo poderá ser modificado, e ressaltou o investimento em educação e saúde que, segundo ela, receberão 10% do Produto Interno Bruto (PIB). “Eduardo liderou esse processo de forma incansável e agora estamos aqui com o programa. É um programa vivo, não é petrificado. Ele dizia que não podemos ser apenas um país de consumidores, mas sim de cidadãos. E dizia, com muito orgulho, que no seu Estado (Pernambuco) ele tinha feito mais educação em tempo integral do que no Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo juntos. Se um Estado conseguiu tanto, imagina o que podemos fazer no Brasil?”, disse.

Ao longo de seu discurso, por diversas vezes aplaudido pelos presentes no salão, Marina citou a necessidade de mudança na liderança política e afirmou que “a grande mudança que precisa acontecer é o atraso na política. É ele que nos impede de corrigir os erros."

“A sociedade brasileira é quem está fazendo a mudança. Ela mandou um sinal. Em 2010, me deu 20 milhões de votos, depois vieram as manifestações de junho. Agora uma liderança morre precocemente e descobrem seu potencial. Há uma comoção nacional, que não é por acaso”, afirmou Marina.

Não foi apenas Marina que lembrou Eduardo Campos. O vice Beto Albuquerque afirmou que a dupla terá uma missão impossível, a de “substituir o pernambucano”.

“Marina, temos uma missão impossível. Não vamos substituir Eduardo Campos que é insubstituível. Mas carregaremos o legado dele, de fazer o que não foi feito. Nada nos separará, nada nos atingirá. Chega do mesmo, chega do passado. É hora de olhar pra frente”, disse.

Crítica à recessão técnica

Com forte retração nos investimentos produtivos e na indústria, a economia brasileira encolheu 0,6% no segundo trimestre de 2014 sobre os três meses anteriores, levando o País a entrar em recessão técnica pela primeira vez em cinco anos. Em relação ao segundo trimestre de 2013, o Produto Interno Bruto (PIB) do País teve retração de 0,9%, como mostrou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.

Em seu discurso, Marina criticou a complacência do governo e disse que é preciso recuperar a credibilidade do Brasil para atrair investidores.

“Estamos vivendo uma situação de recessão que é muito preocupante. Eu nunca tive a filosofia do quanto pior, melhor. Seria bom que nosso País tivesse crescendo, tivesse investimentos, que não tivéssemos vivendo ameaças de romper o tempo todo com o teto da meta de inflação, que não tivéssemos ameaçando o emprego e não tivéssemos em uma situação em que investimentos são altamente prejudicados”, afirmou. “Mais do que nunca é preciso um esforço para recuperar credibilidade. É a única forma de fazer nosso País a voltar a crescer. E isso tem a ver com eficiência do Estado, com o governo que dê sinais fortes de que não vai ter complacência em relação ao desmande da política econômica para que a gente possa recuperar nossa estabilidade”, completou.

Resposta a Temer

O vice-presidente da República Michel Temer afirmou, hoje, que Marina Silva tem uma visão "autoritária", referindo-se às declarações da candidata de que, se vencer as eleições, governará com "os melhores" de cada partido político e utilizará a via do referendo para assuntos-chave do país. "É preciso ter muito cuidado com essas pregações referentes a governar com pessoas e não com instituições", declarou Temer.

Porém, Beto Albuquerque fez questão de responder à declaração do membro do PMDB. “Quero dizer ao Michel Temer que autoritários são aqueles que querem governar com os partidos e sem o povo. Não podem ser autoritários aqueles que chamam o povo e a sociedade para construir o plano de governo. Autoritários são os que repartem as empresas públicas em troca de segundos e minutos na TV”, rebateu.

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Fonte: Terra
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