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Ausência de Pimentel faz tucano virar alvo único em debate

22 set 2014 - 11h18
(atualizado às 11h20)
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<p>Pimenta da Veiga (PSDB) chegou a duvidar da justificativa do rival </p>
Pimenta da Veiga (PSDB) chegou a duvidar da justificativa do rival
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra

A ausência de Fernando Pimentel (PT) no debate entre os candidatos ao governo de Minas Gerais, promovido pela Rede TV! e pelo Portal IG na noite deste domingo, causou embaraços à coordenação da emissora e reclamações principalmente por parte de Pimenta da Veiga (PSDB), que chegou a duvidar da justificativa do rival para não comparecer. 

O petista havia confirmado presença, mas, segundo direção da Rede TV! e assessores dele que estiveram no hotel onde aconteceu o debate, alegou estar com faringite. “Uma rouquidão não seria problema”, cutucou Pimenta, que, com a ausência do adversário que lidera as pesquisas eleitorais, se tornou o alvo único dos demais candidatos, Fidélis Alcântara (Psol) e Tarcísio Delgado (PSB). 

Na primeira rodada de perguntas, os candidatos fizeram perguntas entre si. Foi quando houve o primeiro imprevisto. Após Fidélis Alcântara e Tarcísio Delgado perguntarem, era a vez de Pimenta da Veiga questionar  a um dos adversários, mas ele não queria seguir a ordem definida em sorteio que determinava que ele se dirigisse ao candidato do Psol. “Eu quero perguntar ao candidato ausente. Eu vim preparado para isso,” argumentou, colocando a mediadora do debate, a apresentadora Amanda Klein, em saia-justa. A jornalista consultou a coordenação, que autorizou a Pimenta que fizesse então a pergunta ao ausente Pimentel.  

“Se eu não fizer a ele poderia ficar prejudicado,” argumentou mais uma vez, sendo cortado pela mediadora por ter excedido o tempo de 30 segundos sem ainda ter concluído a pergunta a Pimentel. “Quando comecei a fazer (a pergunta) já tinham 10 segundos. E eu tenho direito a réplica,” insistiu. A direção do debate autorizou apenas a conclusão da pergunta, o que gerou um pequeno bate-boca entre Pimenta e a apresentadora. 

Quando conseguiu fazer a pergunta que queria, aproveitou para atacar ao adversário. “Eu queria saber se ele não veio por causa das denúncias divulgadas neste final de semana pela Revista Istoé (de que Pimentel responde a cinco processos, entre eles um que apura o desvio de R$ 5 mi da Prefeitura de Belo Horizonte, quando o petista era prefeito da capital mineira) . Eu mesmo tinha denúncias a fazer,”  avisou Pimenta. 

Com o imbróglio e a dúvida se Pimenta da Veiga poderia ou não perguntar a Pimentel, a coordenação do debate se atrapalhou e o candidato Fidélis Alcântara não respondeu a nenhuma pergunta no primeiro bloco, o que gerou reclamações dele e de assessores. A mediadora do debate informou então que o candidato do Psol teria, como compensação, 30 segundos a mais nas considerações finais, no último bloco. 

Quando teve a oportunidade de responder e replicar, Fidélis Alcântara travou duros embates com os adversários presentes. Primeiro questionou a Tarcísio Delgado sobre o tema homofobia, “que a candidata do seu partido, a Marina Silva, tirou do programa de governo,” atacou. Tarcísio Delgado rebateu dizendo que “a Marina não foge do assunto” e que ela está sendo vítima de discriminação porque tem opinião divergente da dele, Fidélis: “Não discrimine quem não tem a sua opinião,” retrucou Delgado, que durante o debate teve o microfone desligado pelo menos três vezes por exceder o tempo nas respostas. 

<p>Debate foi promovido pela Rede TV! e pelo Portal IG </p>
Debate foi promovido pela Rede TV! e pelo Portal IG
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra

Em outro momento, o candidato do Psol discutiu duramente com o candidato do PSDB, que acusou o Psol de ser uma legenda formada por simpatizantes do PT. “O seu partido é uma costela do PT,” atacou Pimenta. O socialista não deixou por menos. “Com todo respeito, candidato, costela do PT é uma ova. Nunca pertenci  a qualquer partido que não o Psol, e nossos companheiros foram expulsos do PT, que é outra coisa,” rebateu Fidelis, inspirado na candidata à presidente pelo Psol, Luciana Genro, que usou a mesma expressão para rebater o também Aécio Neves no debate entre presidenciáveis da CNBB, quando fora acusada pelo tucano de “estar alinhada” com o Partido dos Trabalhadores.

Para continuar atacando ao PT e consequentemente a Fernando Pimentel, Pimenta da Veiga insistiu em mirar em Fidélis Alcântara, utilizando a estratégia de insinuar uma ligação entre o Psol e o PT. “Perguntei a você sobre o porto de Cuba financiado com dinheiro do governo federal e você não quis responder,” disse. 

“Respeite a nossa inteligência,” pediu o candidato socialista. “Esse debate era para ser um debate de propostas para Minas Gerais. O que é que eu  tenho a ver com Cuba e com o PT, não tenho nada a ver com o PT,” respondeu Fidélis.

Em alguns momentos os três candidatos responderam a perguntas feitas por jornalistas da Rede TV!, do Portal IG e do Jornal O Tempo, de Belo Horizonte. Pimenta, Fidélis e Tarcísio Delgado foram indagados sobre saúde, educação, segurança pública  e a disputa eleitoral, quando houve mais novas saias-justas para  Delgado e Pimenta. 

Primeiro o tucano foi questionado sobre desempenho dele nas pesquisas eleitorais, em média 20 pontos atrás de Fernando Pimentel: “Qual a avaliação que o senhor faz sobre o fato de Aécio Neves não ter sido um bom cabo eleitoral? Porque a campanha do senhor não decolou,” questionou a jornalista Carla Kreeft. 

“Nossa campanha segue como planejamos, o que vale é a pesquisa do dia 5 de outubro. O que acontece é que nosso pessoal (militância) gosta de emoções fortes na reta final,” negando qualquer crise na campanha. Pimenta da Veiga chegou ainda a demonstrar irritação com as perguntas feitas pelo repórter Rodrigo Cabral, a quem acusou de estar “lendo a cartilha do PT”. 

Cabral perguntou ao tucano sobre o período em que ele morou fora de Minas Gerais nas duas últimas décadas: “O senhor passou 20 anos em Brasília e Goiânia, não tem bens em MG. Não é tempo demais fora de MG para ser candidato a governo do Estado?” questionou Cabral. 

“Quero retificar essa informação sua, que está errada. Eu não estava fora de Minas Gerais, eu estava fora da mídia. Sou advogado e sempre estava aqui. Ia nos jogos do Atlético e do Cruzeiro, estava advogando. Estava fora da mídia, não de Minas Gerais,” explicou, dizendo ainda que a informação de que ele voltou a Minas apenas para disputar a eleição é uma invenção do PT.  “Estão criando isso porque não têm outra coisa para falar de mim, então falam bobagens,” retrucou Pimenta. 

Tarcísio Delgado, por sua vez, foi obrigado a responder sobre o fato da candidatura dele ter sido colocada de última hora, de forma improvisada, segundo o jornalista Rodrigo Almeida, do IG, após o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, ter recusado se lançar candidato pelo PSB: “ Não sou candidato do meu filho, o (deputado federal) Julio Delgado. Sou candidato de Eduardo Campos,  que me convidou. E eu disse - Se o prefeito da capital não quer, vai trair o partido, eu estou às suas ordens,” rebateu.

Fonte: Especial para Terra
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