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Aécio é retrocesso e Dilma é "menos pior", diz Ivan Valente

22 out 2014 - 15h31
(atualizado às 18h36)
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No 1º turno das eleições, Luciana Genro chamou atenção nos debates entre presidenciáveis ao abordar questões da esquerda tradicional, como a reforma agrária, a demarcação de terras indígenas, a desmilitarização da polícia e a criminalização da homofobia. A candidata do PSOL terminou a disputa em 4º lugar, mas após um acordo dentro do partido, resolveu não apoiar nenhum dos concorrentes do 2º turno, Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB).

Apesar da decisão, Luciana deixou em aberto para que seus eleitores escolhessem entre o voto em branco, nulo ou em Dilma, rejeitando a candidatura de Aécio. Pouco depois do anúncio, deputados federais eleitos pelo PSOL declararam apoio direto a Dilma - com uma série de ressalvas críticas -, entre eles Jean Wyllys (RJ), Chico Alencar (RJ), Marcelo Freixo (RJ) e Ivan Valente (SP), que é líder da bancada do partido na Câmara.

<p>Ivan Valente foi reeleito deputado federal pelo PSOL e defende a ideologia de esquerda no Congresso</p>
Ivan Valente foi reeleito deputado federal pelo PSOL e defende a ideologia de esquerda no Congresso
Foto: Shlo / Divulgação

Pouco antes de o Brasil decidir quem será o presidente nos próximos quatro anos, Valente recebeu a reportagem do Terra em seu escritório em São Paulo, para analisar o cenário das eleições deste ano. Ele, que deixou o PT em 2005 por divergências ideológicas, resolveu apoiar Dilma e explicou seus porquês.

Veja abaixo 16 pontos analisados pelo deputado, da influência das manifestações de junho de 2013 até a onda conservadora que estará no Congresso no próximo ano, com figuras como Jair Bolsonaro (PP) e Pastor Marco Feliciano (PSC).

 

1. Aécio Neves é avanço do conservadorismo no Brasil

Foto: Fernando Zamora / Futura Press

Foto: Fernando Zamora/Futura Press

Segundo Valente, Aécio Neves representa um avanço conservador no Brasil. Caso seja eleito, o tucano terá amplo apoio no Congresso, já que também garantiram seus lugares vários nomes da direita tradicional, como os deputados federais Jair Bolsonaro (PP-RJ), Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), e muitos candidatos do PSDB.

“O Bolsonaro, que é um cara execrável, que defende a tortura, que é homofóbico, racista, que despreza qualquer participação popular e que é favor da repressão, fez uma declaração formal, dizendo que mesmo que o Aécio não queira ele vai apoiá-lo”, disse. “Assim como todos os pastorais que foram eleitos. Ainda não vi nenhum que disse que vai ficar do lado de cá (de Dilma Rousseff)”, completou.

De acordo com Valente, a bancada conservadora trabalha o senso comum e o que há de mais atrasado. “A candidatura de Aécio Neves representa, realmente, um retrocesso”, destacou.

2. Grande mídia estimulou a onda anti-PT

Foto: Gabriela Biló / Futura Press

Foto: Gabriela Biló/Futura Press

A grande mídia brasileira, que em sua maioria apoia partidos conservadores como o PSDB, ajudou a criar a rejeição dos eleitores em relação ao PT, apontou Valente. Isso porque existe uma saturação sobre os escândalos petistas, mas por outro lado não são noticiados os casos de corrupção que envolvem outros partidos, como o PSDB, PMDB e DEM.

“O Eduardo Azeredo renunciou ao mandato (de deputado federal, no início deste ano) para se esconder debaixo do tapete. Ele que foi governador (de Minas Gerais) e presidente e fundador do PSDB. Isso não foi noticiado para a grande massa. Mas o José Dirceu e o (José) Genoino (ambos do PT) apareceram como pessoas que foram presas, o que é ‘o concreto’ para a massa”, observou.

Valente ainda analisou que Dilma não foi capaz de empolgar o eleitorado, além de o PT perder “o timing”, em que não se deu conta de que a discussão sobre o mensalão criou um caldo de cultura que vazou para os trabalhadores, sem ficar apenas na classe média. “Falta um tempero, uma mobilização, algo que diga que eles (PT) são realmente o novo”.

3. FHC demonstrou "preconceito brutal" contra nordestinos

Foto: Daniel Ramalho / Terra

Foto: Daniel Ramalho/Terra

Junto à onda anti-PT, surgiu nas redes sociais uma série de comentários de extremo preconceito contra nordestinos, após a vitória de Dilma no primeiro turno da eleição presidencial na região. Na ocasião, o ex-presidente pelo PSDB Fernando Henrique Cardoso falou: “não é porque são pobres que apoiam o PT, é porque são menos informados”, comentário que, segundo Valente, é “um preconceito brutal”.

“É um preconceito brutal, porque é fácil desmontar o argumento do Fernando Henrique Cardoso. Ele foi eleito com os votos do (extinto partido) PFL, que era enorme na época. Eram votos do Inocêncio Oliveira, dos coronéis do Nordeste. Nesse caso, eles não eram desinformados, não é? E agora são? Ele (FHC) vai naquilo que está lhe afetando o calo. Então, se o PT melhorou condições de vida que eram muito precárias, eles (nordestinos) tendem a ter simpatia pelo PT”.

Para Valente, o discurso de FHC representa a base reacionária e direitista do PSDB, que também se manifestou em Brasília, no repúdio contra países que tentam se libertar do imperialismo, como Venezuela, Equador e Bolívia. “Mesmo com a timidez da Dilma e da política externa petista, ela é muito mais adequada para um país de terceiro mundo, porque o Brasil ainda é, do que essa política de ser subjugado aos Estados Unidos”.

O deputado ainda relembrou o escândalo da compra de votos para promover a reeleição de FHC, nos anos 1990. “Agora ele está falando em entrevistas que não teve nada (de corrupção) no governo dele. Não. Tem deputados que disseram que receberam R$ 200 mil para votar pela reeleição. Mas nunca houve uma CPI, porque eles tinham a maioria e a mídia não queria”, observou.

4. PSDB representa o retrocesso

Foto: Arte Terra

Foto: Arte Terra

Aécio Neves e o PSDB representam um retrocesso para o Brasil, afirmou Valente. Após o 1º turno, quando Luciana Genro ficou em 4º lugar na disputa presidencial, o PSOL declarou que não apoiaria Dilma ou Aécio, mas aconselhou os militantes a não votarem, de forma alguma, no tucano.

“O Aécio realmente está fora, nós o renegamos e deixamos as opções”, explicou. “Esse foi o acordo possível dentro do PSOL para unificar o partido, pois a nossa visão é de que o Aécio representa um retrocesso maior. E isso não quer dizer que vamos ser base de governo da Dilma, que vamos renunciar ao nosso programa ideológico de esquerda. Segundo turno é outra eleição. No fundo, é essa questão do que é ‘menos pior’ mesmo”.

5. Voto nulo não se aplica à disputa entre Dilma e Aécio

Foto: Paulo Whitaker / Reuters

Foto: Paulo Whitaker/Reuters

O voto nulo ou em branco é um assunto que causa muitas divergências, já que alguns defendem essa forma de expressão, e outros não. Para Valente, essas duas opções são legítimas, mas não na disputa específica entre Dilma e Aécio. “Acho que (o voto branco ou nulo) é válido, que é legítimo como qualquer um dos outros votos. Quando você tem que escolher entre candidatos muitos ruins, você pode votar nulo ou em branco”, comentou.

O deputado, no entanto, ressaltou que esse não é o caso da eleição presidencial deste ano. “Quem acha que eles são iguais (Dilma e Aécio), não conhece. Por exemplo, eu acho que o PT foi omisso na luta contra o ruralismo, mas a Dilma, mal ou bem, chegou a vetar algumas coisas. Alguns deputados (do PT) eram mais combativos, outros menos, outros se abstiveram. Diferente dos outros, que eram da direita mesmo”.

Segundo Valente, por mais que Dilma não tenha realizado avanços importantes como a reforma agrária, o diálogo com o governo do PT é mais aberto. “É melhor você ter um Ministro da Justiça com quem você tenha diálogo, que é sujeito às pressões, do que um Ministro da Justiça da extrema direita, que fecha todas as portas”, ressaltou.

6. Joaquim Barbosa não será Ministro de Aécio

Foto: Terra

Foto: Arte Terra

Joaquim Barbosa ganhou popularidade ao assumir a relatoria de casos de corrupção, como presidente do STF (Supremo Tribunal Federal). Na época em que anunciou sua aposentadoria, em julho deste ano, o jurista foi apontado como um possível Ministro da Justiça de Aécio - rumor que o próprio tucano desmentiu. Para Valente, é improvável que Barbosa seja nomeado para esse cargo em um eventual governo do PSDB.

“O Joaquim Barbosa faz uns tiroteios pra lá e pra cá, inclusive contra a mídia. Ele é um cara que às vezes faz todo o jogo que a direita gosta, tanto que a (revista) Veja deu 10 capas pra ele”, disse. “Mas ele é um cara totalmente imprevisível, uma pessoa confusa. Acho que eles (PSDB) vão colocar um sujeito confiável pra eles, um jurista conservador”.

7. Bolsa Família: quem é contra não sabe o que é miséria

Foto: Governo de Alagoas / Divulgação

Foto: Governo de Alagoas/Divulgação

O Bolsa Família é um programa amplamente criticado por eleitores das classes alta e média, em especial das regiões Sul e Sudeste. Segundo relatório divulgado em março pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, o programa reduziu em 89% o número de cidadãos em situação de pobreza extrema nos últimos 10 anos.

Para Valente, o Bolsa Família é uma proposta válida “para um país de excluídos como o Brasil”. “Quem afirma que é só uma esmola ou uma forma de cooptação, não entende o que é a pobreza e a miséria”, completou. “O Bolsa Família atende hoje 53 milhões de pessoas e deve gastar entre R$ 17 bilhões e R$ 18 bilhões. Isso não é nada frente ao que pagamos de juros e amortização da dívida”.

8. Marina Silva assumiu discurso sem conteúdo

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

A morte do candidato à Presidência do PSB, Eduardo Campos, impulsionou a atenção do eleitor sobre Marina Silva, que assumiu o posto e ficou em 3º lugar no 1º turno das eleições. Ela, que foi filiada ao PT e que costuma assumir um perfil progressista, surpreendeu ao declarar apoio a Aécio Neves, que possui pontos divergentes dos que ela defendia, como ser contra a redução da maioridade penal. Para Valente, Marina assumiu um discurso vazio.

“O depoimento da Marina apoiando o Aécio é absolutamente vazio, sem conteúdo. Ela falou que precisamos de alternância no poder, mas desde quando? Então, deveria ter essa alternância em São Paulo, pois já são 20 anos (de governo do PSDB). O problema não é a alternância, é o projeto do que se deve alternar”, opinou.

“O Aécio é mudança, mas, nesse caso, é mudança para pior. É a mudança mais à direita, mais neoliberal, mais privatista, mais repressiva, mais pró-agronegócio, mais pró-bancos, mais privatizante sob todos os aspectos, mas com uma áurea de mudança”, continuou. “O discurso dela demonstrou uma falta de clareza e de propostas efetivas. Ninguém fala que é o novo, sem dizer onde é novo”, completou Valente, ao se referir à “nova política” defendida por Marina.

9. Após 24 anos, Suplicy absorveu desgaste do PT

Foto: Taba Benedicto / Futura Press

Foto: Taba Benedicto/Futura Press

Eduardo Suplicy saiu do Senado após 24 anos no cargo, ficando em segundo lugar na concorrência para o cargo em São Paulo, atrás de José Serra (PSDB). Para Valente, houve um desgaste na imagem do petista. “Acho que o Suplicy absorveu o desgaste do PT. E também, mesmo que ele tenha tentado o tempo todo se diferenciar em várias questões, como a presença em movimentos, manter o perfil ético claro, isso não foi o suficiente para tirar a marca petista e a rejeição que ela teve”.

Valente ainda afirmou que, além do desgaste do PT ter influenciado na eleição, também houve uma ampla ação do PSDB. “Eles (PSDB) controlam 350 prefeituras no interior, milhares de vereadores, muito dinheiro. Então, a máquina do PSDB elege, tanto que elegeu deputados com 200, 300 mil votos”.

10. São Paulo está vez mais conservador

Foto: Alexandra Martins / Agência Câmara

Foto: Alexandra Martins/Agência Câmara

Apesar de as pesquisas já apontarem para a reeleição de Geraldo Alckmin (PSDB) como governador de São Paulo, muitos eleitores paulistas ficaram espantados com a bancada conservadora que acompanhou a escolha do tucano. Para deputado federal, Celso Russomano (PRB) foi o líder entre a preferência no Estado, seguido por nomes também da direita tradicional, como Pastor Marco Feliciano (PSC), e Bruno Covas (PSDB).

No caso das eleições para deputado estadual, os três primeiros mais votados foram do partido tucano, entre eles o militar Coronel Telhada, da chamada “bancada da bala”, que ficou em terceiro no ranking, ao receber mais de 250 mil votos.

Para Valente, a preferência dos eleitores paulistas está ligada à sensação de insegurança frente à criminalidade, o que faz com que muitas pessoas acabem optando por um candidato militar. Segundo o deputado, no entanto, a bancada da bala não age na raiz do problema da segurança pública, pois, além de ser truculenta e repressora com o cidadão, também se limita ao senso comum em suas propostas.

“O senso comum é a solução imediata. E a solução imediata é mais polícia: mais polícia mantém a estrutura, que quer dizer manter a hierarquia militarizada, que vem da ditadura militar. A nossa proposta foi e é clara: a desmilitarização e a unificação das polícias. Em uma lógica de proteção, de modo que a polícia não veja o cidadão como inimigo ou oponente, que precisa ser combatido”, observou.

11. Não é possível investigar corrupção em São Paulo

Foto: Thiago Bernardes / FramePhoto

Foto: Thiago Bernardes/Frame Photo

Valente, que foi duas vezes deputado estadual em São Paulo, afirmou que é mais fácil abrir uma CPI em nível nacional do que no Estado paulista, que está sob o governo do PSDB há 20 anos. “Você não consegue investigar denúncias de corrupção, como foi a do metrô e tantas outras”, disse. “Há décadas você não consegue fazer uma CPI sobre a violência policial, ou mesmo sobre a situação da escola pública no Estado de São Paulo”, completou. “Aqui no Estado existe uma cortina”.

12. Direita se aproveitou das manifestações de junho

Foto: Gabriela Biló / Futura Press

Foto: Gabriela Biló/Futura Press

Em junho de 2013, as ruas foram tomadas por manifestações, inclusive de pessoas que nunca haviam sido ligadas a movimentos sociais. Um dos pontos que culminou a mobilização - que começou com protesto contra o aumento da tarifa de ônibus - foi quando a mídia noticiou a agressão de policiais contra manifestantes pacíficos e membros da imprensa.

Mas apesar da onda de protestos, os paulistas reelegeram Alckmin, que foi o responsável por permitir a conduta violenta da Polícia Militar, já que esta é subordinada ao Governo do Estado. Para Valente, o balanço das manifestações de junho ainda não foi feito, mas a contradição do eleitorado paulista aconteceu porque muitas pessoas foram às ruas sem saber exatamente o que defendiam.

“A inundação das ruas não se deu necessariamente com bandeiras definidas de mudança, transformação e de esquerda. Houve uma apropriação de algo difuso, e esse algo difuso apareceu nas urnas agora. Ou seja, a direita já estava presente nas grandes manifestações, particularmente aqui em São Paulo”, analisou o deputado.

13. Corruptos também são contra a corrupção

Foto: Mauro Pimentel / Terra

Foto: Mauro Pimentel/Terra

A bandeira “contra a corrupção” tomou conta das ruas nas manifestações de junho. Segundo Valente, esse é um ponto delicado ao analisar os manifestantes, já que a direita conservadora também utiliza a bandeira “contra a corrupção”. Para ele, muitos desinformados acabaram assumindo um discurso conservador sem nem mesmo perceber, chegando a reprimir outros ativistas que portavam bandeiras de partidos, como exemplo.

“Todo mundo é contra a corrupção, mas essa é uma bandeira histórica da direita. Eles são corruptos e lutam contra a corrupção. O Golpe de 64 teve o elemento corrupção e subversão. Eles estão sempre com essa bandeira na mão, como se os tucanos fossem lindinhos e o (esquema de corrupção do PSDB) valerioduto não tivesse nascido no governo deles, ou o Fernando Henrique não tivesse comprado votos para a reeleição”, disse.

14. Pressão para reforma política precisa vir do povo

Foto: Elza Fiúza / Agência Brasil

Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil

Durante as manifestações de junho, Dilma foi a público propor “cinco pactos em favor do Brasil”, entre eles um plebiscito por uma constituinte para uma ampla reforma política. A iniciativa, que acabou sendo deixada de lado, seria um avanço real na democracia brasileira e mudaria a forma como a política é feita no País, extinguindo, por exemplo, o financiamento privado das campanhas eleitorais. Para Valente, a medida só acontecerá por meio da pressão popular.

“Acho que a reforma política só vai acontecer de baixo para cima”, disse. “A lógica de fazer política deles é uma lógica de interesses, então você é financiado, e depois você paga”, continuou, ao comentar sobre a troca de favores entre partidos políticos e grandes empresas.

“A reforma política só vai sair quando o povo entender que ela é uma necessidade objetiva”, disse Valente, ao destacar pontos como o fim das coligações partidárias e a valorização dos partidos, e não das personalidades. “O Bolsonaro é do PP, o Russomano é do PRB, e ninguém sabe. O que é PRB? Não tem programa, não tem projeto, não tem ideologia”.

15. Bancada religiosa impede avanços

Foto: Reuters

Foto: Reuters

Segundo Valente, a forte presença da bancada religiosa no Brasil impede o avanço de temas como a descriminalização do aborto. “A discussão central disso é o Estado laico. A religião não pode comandar a vida das pessoas, e isso vale pra tudo. A questão do aborto, por exemplo, é um direito da mulher, em nossa opinião. Nenhuma mulher quer sair fazendo abortos, pensar assim é uma estupidez. São 3 milhões de abortos clandestinos, com sequelas correspondentes, porque o sistema público não atende”.

Para o deputado, todos os cidadãos têm o direito a ter uma opinião pessoal sobre o aborto, mas suas convicções religiosas não devem interferir na lei. “É toda uma discussão filosófica que o cidadão pode resolver. Por que os países europeus, através de plebiscitos, já fizeram isso? Até na Itália, que é o país do centro do catolicismo”.

Valente acredita que, assim como a reforma política, a descriminalização do aborto só será possível com ampla mobilização popular. “A questão (de ser favorável ao) aborto cresce com o número de mulheres que trabalham e estudam, com o feminismo, ou nem mesmo com o feminismo, mas com a questão do direito que a mulher tem sobre o seu corpo. Isso pode ir melhorando as condições (para a conscientização em massa). Aos poucos essa ideia vai sendo trabalhada. Mas se depender do Congresso, não vai acontecer, porque eles não vão contra o senso comum”.

16. Luta contra a bancada conservadora

Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Para finalizar, Valente afirmou estar preparado para travar lutas contra a bancada conservadora eleita para o Congresso. Para ele, a questão principal será em torno da PEC 215, que destina apenas ao Legislativo o direito de demarcar áreas indígenas ou de proteção.

“A questão ambiental continuará presente. Nosso mandato teve apoio dos ambientalistas mais envolvidos com as grandes entidades. Estaremos à frente das principais lutas, não temos uma visão monotemática”, disse. “Os direitos humanos serão a nossa pauta, ainda mais com essa ‘direitona’ que estará lá”.

Fonte: Terra
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