Grupo organiza 'ato de repúdio' contra Russomanno no Facebook
26 set2012 - 18h59
(atualizado às 19h02)
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Mariana Ghirello
Direto de São Paulo
A popularidade do candidato Celso Russomanno (PRB), que lidera com folga as pesquisas de intenção de voto para prefeito de São Paulo, motivou um grupo no Facebook a organizar um manifesto contra ele. A razão, segundo o organizador do "ato de repúdio", o professor de português Junior Vieira, são propostas "que não acrescentam nada para a cidade". Vieira afirma não ter filiação partidária e alega que o protesto não visa beneficiar nenhum adversário de Russomanno. Entretanto, em sua página pessoal na rede social, ele declara apoio ao petista Fernando Haddad e compartilha conteúdo crítico ao tucano José Serra.
O evento intitulado "Ta RU$$o MANO!" tem até o momento mais de 900 participantes confirmados e está marcado para o próximo domingo (30), na Praça da República, no centro de São Paulo. Segundo Junior Vieira, outras atividades estão sendo preparadas para o dia e devem ser divulgadas até o fim da semana. Ele e o professor de história Mário Mendes, de instituições particulares de ensino, acreditam que a comunidade vai trazer o debate e a "ação efetiva do exercício da cidadania".
Dentre as propostas mais criticadas na página do evento está a "militarização das escolas" - em referência à ideia de Russomanno de aumentar a presença de policiais e guardas municipais nas escolas - além da proximidade do candidato do PRB com a religião. Russomanno é apoiado pela Igreja Universal do Reino de Deus, que tem o controle da maior parte dos cargos da direção do partido.
A comunidade registra diversos posts com notícias sobre o candidato, que vão desde pesquisas eleitorais até denúncias sobre o passado do candidato. Logo na descrição, os organizadores expõem seus motivos contra Russomanno e pedem que nenhum outro candidato seja divulgado, "podemos nos juntar em torno de um ideal que é comum, que é a não concordância com o projeto deste político e sobretudo de quem está por trás dele".
A imagem do evento é uma caricatura que mistura o rosto de Celso Russomanno e do bispo Edir Macedo, fazendo alusão ao personagem dos quadrinhos Duas Caras, do Batman. As pessoas que confirmaram presença são simpatizantes de vários partidos e candidatos.
Vieira afirma que a ideia surgiu após conversas com amigos e que a manifestação não está ligada a nenhum partido. "Dentro do grupo, cada um tem sua opinião, mas ela surgiu como um movimento civil em torno de um mesmo ideal", conta. O objetivo, segundo o organizador, é fazer uma manifestação pacífica sem impedir tráfego de carros ou pessoas.
O organizador do evento critica a ligação de Russomanno e de outros candidatos com a religião. "O Estado é laico e deve permanecer", ressalta. Ele diz que é natural que a religião faça parte da campanha, mas que o discurso feito nas igrejas, mostrado em vídeo, preocupa. "Em um deles, o pastor diz que a eleição do candidato é parte de um passo bem dado, para alcançar algo bem maior", comenta.
Vieira afirma também que as propostas de Celso Russomanno são "genéricas" e sem detalhamento de como serão aplicadas. Além do preço da passagem de ônibus diferenciada pelo trajeto percorrido, onde quem anda menos paga menos, Vieira diz que a identificação biométrica, prometida pelo candidato, é uma proposta "irrealista".
Mais segurança
Celso Russomanno afirmou que a proposta de aumentar o policiamento nas escolas vem de encontro às reinvindicações de professores da rede pública municipal. "Eu fui ao sindicato dos professores, fui ao sindicato dos gestores, eu falei disso e eles aplaudiram. Eles sabem o que estão passando", disse o candidato ao rebater parte dos argumentos da manifestação que está sendo organizada contra ele.
Para o candidato, quem não gosta da proposta não trabalha em escola pública. "Não são professores que não são da rede pública municipal que vão falar a esse respeito, vão falar aqueles que sentem o que estão passando, que estão sendo ameaçados. Há droga dentro das escolas, e no entorno das escolas, as pessoas sem condição de trabalhar".
Celso Russomanno reforçou, que se eleito, irá colocar a ideia em prática.
A menos de duas semanas das eleições, os candidatos a prefeito de São Paulo elevaram o tom e fizeram acusações durante o debate promovido na última segunda-feira pela TV Gazeta, em parceria com o Portal Terra. O Terra separou algumas frases de impacto trocadas pelos postulantes. Confira!
Foto: Terra
José Serra criticou Chalita e disse que o candidato do PMDB quer "aparecer". "Há uma clara dobradinha entre dois candidatos e todos os jornalistas já sabem. Chalita quer aparecer. Ele não tem como aparecer, então faz isso", disse Serra, em referência a um tom cordial entre o candidato do PMDB e o petista Fernando Haddad
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Carlos Giannazi fez críticas duras a Celso Russomanno, comparando o candidato do PRB a uma "cobra" criada pelo PT e PSDB. "Ele não tem projeto, é um aventureiro, o novo (ex-presidente Fernando) Collor do século XXI. É uma aventura para São Paulo e um subproduto da política. Eles (PT e PSDB) criaram essa cobra"
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Fernando Haddad e José Serra também não escaparam das críticas de Giannazi, que disse que todos "têm o rabo preso". "Aqui temos o maltrapilho criticando o esfarrapado. Tanto o PT quanto o PSDB estão comprometidos com a CPI do Cachoeira, com o mensalão, mensalão mineiro. Existem muitas denúncias, então eles também se cuidam um ao outro, mas nós do Psol não", afirmou
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Levy Fidelix admitiu que sua vitória é algo pouco provável, mas deixou claro que não vai apoiar "candidaturas aventurescas" - em uma alusão a Celso Russomanno. "Naturalmente que seria utopia eu dizer que vou ganhar alguma coisa. Uma coisa eu te garanto. Não entro num eventual segundo turno para apoiar candidaturas aventurescas e fenômenos de última hora. Acho que São Paulo não merece", cravou
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Chalita respondeu as acusações de Serra e lamentou as respostas atravessadas do candidato. "Ele tem algum problema comigo, que é um problema dele com o terapeuta dele", disparou. "(O Serra) é sempre assim, sai atacando, com qualquer pergunta"
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Russomanno arrancou alguns risos ao dizer que "gostaria muito de discutir a cidade de São Paulo", em resposta a Paulinho da Força. O bordão ficou famoso após a entrevista de Russomanno ao SPTV na semana passada, quando ele resistiu a responder perguntas sobre ligações religiosas
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
José Serra minimizou a pesquisa Vox Populi divulgada na segunda-feira, que o mostra tecnicamente empatado com Fernando Haddad, do PT, ambos com 17% das intenções de voto. "O Vox Populi não é sério, é uma brincadeira", disse
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Soninha Francine disse que os ataques ao candidato do PT, Fernando Haddad, feitos no debate da TV Gazeta, realizado em parceria com o Portal Terra, têm o objetivo de roubar votos do eleitorado petista. "É mais fácil eu falar com esse eleitor que também fica indignado com essa aliança (entre PP e PT)", disse ela
Foto: Léo Pinheiro / Terra
"Isso faz parte do jogo. Existem pessoas fazendo perguntas para me colocar em xeque, e eu tenho respondido todas, não tenho problema em responder qualquer pergunta", afirmou Russomanno, após o presidente de seu conselho político, deputado estadual Campos Machado (PTB-SP), dizer que há "perguntadores profissionais de outros partidos" em agendas de campanha do candidato do PRB
Foto: Léo Pinheiro / Terra
"Eu não acredito que seja bom para São Paulo ser governada pelo PRB. Não quero dizer que vou me engajar (na campanha do Haddad), mas é uma posição clara que as pessoas têm pavor de assumir", afirmou Soninha, comentando o possível segundo turno entre Russomanno e Haddad. Durante o debate, o candidato petista agradeceu Soninha pelo "apoio"
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Haddad, que foi incisivo nas críticas contra Russomanno, acusou o programa do candidato de prejudicar as pessoas mais pobres, que moram distante do trabalho. "No mundo desenvolvido, os ricos moram em bairros distantes e pagam mais caro, aqui é o contrário. Você vai pegar dinheiro público para subsidiar quem mora mais perto, vai quebrar o conceito do bilhete único, enquanto podia ajudar o mais pobre, que mora mais longe"
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Haddad perguntou a Celso Russomanno (PRB) qual era o valor correto da proposta de Russomanno do aumento de guardas da GCM, de 6 mil para 20 mil. Sem ouvir uma resposta incisiva do candidato do PTB. Haddad questionou novamente: "Qual o valor correto?". Quando Russomanno respondeu que seria "R$ 600 milhões", Haddad criticou. "Com isso, ele não terá dinheiro para reajustar o salário dos guardas atuais"
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Os projetos de Russomanno também foram criticados por José Serra, que os chamou de "sem pé nem cabeça"
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
"Eu desafio os jornalistas a verificar, quem faltou mais quando deputado federal, eu ou José Serra?", questionou Chalita, após ser criticado pelo tucano
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
"Você fala como se não tivesse participado da gestão Serra-Kassab, você foi subprefeita. Vários secretários foram acusados de improbidade administrativa", disse Haddad para Soninha Francine, que aproveitou o debate para questionar o petista
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
"As duas vezes em que pude escolher, escolhi o Russomanno para tentar estabelecer diferenças entre nossos planos de governo", afirmou Haddad, comentando a ausência de perguntas diretas entre ele e José Serra
Foto: Léo Pinheiro / Terra
"Eu nunca fiz escola de lata. Pelo contrário, eu fechei. Você (Giannazi) é educador. Ser contra escola de período integral é lamentável", disse Chalita
Foto: Léo Pinheiro / Terra
José Serra aproveitou para atacar Haddad através de críticas ao governo da petista Marta Suplicy. "O PT não gosta de metrô", disse ele, em referência a critica feita por Haddad, que as obras no metrô estariam paradas
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Giannazi questionou a integridade dos programas de Russomanno, que chamou de projetos "bizarros". "Conheço projetos bizarros que você apresentou, um que transforma estupro em assalto sexual. São Paulo está preocupada com sua candidatura", afirmou ele. Giannazi também apontou alianças de Russsomanoo com Paulo Maluf e o bispo Edir Macedo