SP: revista cita razões para não votar em candidatos e causa polêmica
TIAGO DIAS
A um mês das eleições municipais, uma revista, distribuída gratuitamente em estações de metrôs e trens de São Paulo, enumerou em sua matéria de capa 10 motivos para não votar nos seis principais candidatos à prefeitura e gerou polêmica nas redes sociais.
Veja o cenário eleitoral nas capitais
Veja quanto ganham os prefeitos e vereadores nas capitais brasileiras
Com matéria intitulada 10 motivos para não votar neles, a revista Free São Paulo escolheu os candidatos José Serra (PSDB), Celso Russomanno (PRB), Fernando Haddad (PT), Paulinho da Força (PDT), Gabriel Chalita (PMDB) e Soninha Francine (PPS) - para a última, foram elencados os motivos: "defende a legalização do aborto", "sempre se mostrou defensora dos direitos dos homossexuais" e "prometeu recolocar no Centro de São Paulo famílias que moram em favelas da cidade".
Os motivos para Soninha foram, em particular, criticados nas redes sociais e rapidamente a publicação foi taxada de preconceituosa e homofóbica por alguns internautas. A própria Soninha foi em sua página na rede social e criticou: "É preconceito, irresponsabilidade com o eleitor ou falta de noção mesmo?", escreveu nesta quinta-feira. O PPS, partido da candidata, foi mais incisivo: "O que é isso???? Homofobia explícita!!!??? Se não bastasse ser uma consideração absurda e preconceituosa, é crime, gente!!! Polícia neles!!!", afirmou o diretório estadual da legenda por meio de uma nota.
O diretor de redação do Grupo MG, empresa que edita a revista, Ernesto Zanon, se defende. Ele afirma que a proposta era elencar os motivos apontados pela própria mídia e pelos candidatos, sem julgamento de valor. "Está claro no editorial e na reportagem, elencamos os motivos apontados pela própria mídia que podem vir a ser motivo de rejeição. Não é a opinião da revista. Assim como determinados grupos podem não votar da Soninha porque ela apoia os homossexuais e um grupo evangélico não votar no (Gabriel) Chalita (PMDB) porque ele é católico", afirma Ernesto Zanon.
Segundo Zanon, a revista não tem ligação partidária e nenhum vínculo com o Metrô e a CPTM - empresas sob gestão da Secretaria dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo. "A revista tem anúncio do governo de Guarulhos, onde fica a editora, que é comandado pelo PT, como anúncios de outras prefeituras de outros partidos. É normal. Mas não temos relação nenhuma com esses partidos", disse.
O diretor afirma que não recebeu nenhuma reclamação formal de nenhum dos candidatos a respeito da reportagem. Ao saber da reação de Soninha pelo Facebook, disse que ela tem todo o direito de não gostar, mas argumentou: "tem alguns candidatos que tem condenação entre os motivos, a Soninha não tem". "Em outra edição ela chegou a ligar para redação e elogiou a revista. Ela tem que defender mesmo essas causas, não falamos em nenhum momento que isso é algo ruim nela", explicou Zanon.
Procurado pelo Terra, o candidato Celso Russomanno disse que não irá comentar a matéria publicada na revista. O Terra entrou em contato com os outros candidatos citados e aguarda um posicionamento.
Razões para não votar
O "Kit Gay", como ficaram conhecidas as cartilhas antihomofobia, desenvolvido pelo ministério da Educação, na época sob o comando de Fernando Haddad, é um das "razões para não votar" no candidato petista. Já o candidato do PSDB, José Serra, ganhou uma razão em especial: "não tem carisma com o eleitorado".
Paulinho da Força (PDT) é apontado como uma pessoa que defendeu o uso de verba pública na construção do Itaquerão. Já Chalita, "tão logo filiou-se ao PMDB, saiu em defesa do então ministro da Casa Civil, Antonio Palocci (PT), sobre o salto patrimonial dele", segundo a revista.
Em primeiro nas pesquisas, Celso Russomanno (PRB), foi definido como uma pessoa que defende castração química, "por meio da distribuição de hormônios que inibem o desejo sexual a presos por crimes sexuais, condenados ou não". "Esses dez motivos são argumentos para as pessoas justiçarem seus votos contra ou favor dos candidatos. É uma matéria bem-humorada", explicou Zanon.
O diretor da redação afirma que tem acompanhado as criticas dos leitores nas redes sociais. "Mas as pessoas não leram a reportagem. Ela pode ser interpretada de qualquer forma pelo leitor. Depende delas", afirmou.
Não é a primeira vez que a revista Free São Paulo se envolve em uma polêmica. Em maio, uma reportagem de capa citava um suposto esquema de corrupção comandado pelo PT. Exemplares da edição foram apreendidos em Mauá, no ABC Paulista.
-vbk6fubxoyg3.png)
