PUBLICIDADE

Política

Porto Alegre: PT promete autocrítica após pior derrota da história

9 out 2012 - 16h05
(atualizado às 16h22)
Compartilhar
Mauricio Tonetto
Direto de Porto Alegre

Procurando respostas para a sua maior derrota sofrida na história da disputa pela prefeitura de Porto Alegre (RS), no último domingo, o Partido dos Trabalhadores, que comandou a capital ao longo de 16 anos por 4 mandatos consecutivos (de 1989 a 2004), promete fazer uma autocrítica e apontar as razões que levaram à "inércia" da candidatura de Adão Villaverde. Em 1985, quando começou a disputar o cargo na cidade, o PT fez 11,78% dos votos válidos (68.429) com o deputado estadual Raul Pont, hoje presidente da legenda no Estado. Neste ano, Villaverde obteve apenas 9,6% (76.548). Conforme Pont, o partido pagou "um preço alto" e voltou "ao patamar de 1985".

Mesmo com o apoio de lideranças históricas do PT, como Tarso Genro e Olívio Dutra, Villaverde teve a pior votação do partido na capital
Mesmo com o apoio de lideranças históricas do PT, como Tarso Genro e Olívio Dutra, Villaverde teve a pior votação do partido na capital
Foto: Pedro Garcia / Agência Freelancer / Especial para Terra

"Nós insistimos que, pela dificuldade que teríamos na disputa e pelas candidaturas fortes que já se apresentavam, era importante um nome de muita densidade eleitoral. Mas o partido não construiu esse consenso e agora terá que se debruçar sobre isso, fazer uma avaliação, uma autocrítica. Pagamos um preço alto e tivemos um retorno semelhante ao patamar de 1985", avaliou ele.

Atrás de Manuela D'Ávila (PCdoB), que teve 17,76% dos votos, e do prefeito eleito José Fortunati (PDT), que chegou a 65,22% (517.969), Villaverde não atendeu aos objetivos do PT e não conseguiu, segundo Pont, ser esclarecedor. "A opção dos eleitores por Fortunati foi dada por uma inércia e pelo desconhecimento da nossa candidatura. O Villa era uma figura bem menos conhecida em Porto Alegre do que os outros dois candidatos e a eleição não propiciou um debate", disse o presidente do PT.

A votação média da legenda nas últimas eleições municipais foi de 331.578 votos, quatro vezes maior que o desempenho deste ano. "Acho que houve um certo pecado da campanha em explicar qual era a nossa crítica e porque somos oposição ao governo. Não conseguimos ser mais esclarecedores", completou Raul Pont.

Promessa de oposição

Com cinco vereadores eleitos na capital gaúcha, dois a menos do que a atual bancada, o PT promete fazer oposição na Casa, mesmo que o partido do prefeito eleito, o PDT, seja da base de apoio da presidente Dilma Rousseff. Essa é uma das formas, de acordo com Raul Pont, de recuperar a identidade petista na cidade.

"O governo, com a heterogeneidade da coligação 'Por Amor a Porto Alegre' (PRB-PP-PDT-PTB-PMDB-PTN-PPS-DEM-PMN), terá certamente problemas pela frente. Em princípio, estaremos como bancada de oposição. Temos problemas no transporte, no Plano Diretor e no Orçamento Participativo, além de precariedade na saúde. Não vai nos faltar argumentos ou ações para fazer um trabalho de fiscalização na Câmara", adiantou.

Em 2008, a legenda do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva amargou a derrota de Maria do Rosário no segundo turno, com 327.799 votos, contra 470.696 de José Fogaça (PMDB), que protagonizou a primeira reeleição em Porto Alegre, com Fortunati como seu vice.

Erros da esquerda

Questionado sobre a crítica feita por Manuela D'Ávila na entrevista coletiva à imprensa após a derrota no domingo, de que houve um erro estratégico da esquerda ao não formar uma chapa única entre PT e PCdoB, Raul Pont ressaltou que não havia nenhum compromisso que determinasse uma aliança.

"Se os dois partidos entendem que deve haver candidatura própria, num sistema eleitoral que é de dois turnos, como é que se resolve isso? Um culpa o outro? Não, não pode ser assim. Nós temos a maior bancada na Câmara e na Assembleia, somos a maior sigla entre o campo da esquerda e entendíamos que tínhamos o direito de ter nome próprio", concluiu.

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade