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Política

RJ: Freixo diz que é hora de 'organizar a resistência política'

7 out 2012 - 20h21
(atualizado às 23h19)
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Juliana Prado
Mônica Garcia
Direto do Rio de Janeiro

O segundo colocado na disputa à prefeitura do Rio de Janeiro, deputado estadual Marcelo Freixo (Psol), foi recebido por militantes nos Arcos da Lapa para comemorar os 900 mil votos obtidos. Freixo afirmou repetidas vezes que chegou o momento do Rio "organizar a resistência política".

Marcelo Freixo (Psol) discursa nos Arcos da Lapa após resultado das eleições
Marcelo Freixo (Psol) discursa nos Arcos da Lapa após resultado das eleições
Foto: Juliana Prado / Terra

Paes obteve maior votação em 1º turno desde 1985 no Rio

Eduardo Paes é reeleito no primeiro turno prefeito do Rio de Janeiro

Ele disse que fez uma campanha simples e que ao contrário dos que institutos de pesquisas afirmavam, ele chegou aos 28%. Segundo Freixo, "chegamos aos 28% que já tínhamos apesar de os institutos nos colocarem entre 17% e 18%". "Nós não precisamos dos cargos para fazer política", afirmou o deputado, em referência aos aliados do prefeito reeleito Eduardo Paes.

Ele ainda desejou sorte a Paes, mas afirmou que nesta eleição a vitória política não foi da candidatura vitoriosa, e sim a do Psol. "Não abrimos mão de nossas convicções e sabíamos que não foi fácil tocar uma eleição como esta", ressaltou.

Os apoiadores presentes gritavam palavras de ordem contra Paes: "Eduardo, preste atenção, aqui está a oposição".

Novo movimento

Foi em clima de festa pelos 914 mil votos recebidos na disputa à prefeitura do Rio que o candidato derrotado Marcelo Freixo (Psol) pregou a criação de um movimento que construa uma nova referência política no Rio de Janeiro. O socialista convocou os apoiadores a aderir a este movimento.

A ideia defendida pelo candidato é usar a força popular que marcou sua campanha e, de alguma forma, tentar barrar a hegemonia que se estabeleceu entre o grupo de Paes ¿ e sua aliança de 20 partidos. "Temos mais de mil comitês criados durante a campanha. Eles serão mantidos para estabelecer um debate permanente sobre a cidade".

Mesmo sem citar o governador Sérgio Cabral (PMDB), a investida de Marcelo Freixo passa, também, pela administração estadual, da qual é crítico ferrenho na Assembleia Legislativa. Cabral, aliás, foi várias vezes alvo de ataques e críticas do socialista durante a campanha à prefeitura.

O concorrente admitiu que existe um abismo entre sua forma de pensar o Rio de Janeiro e a do prefeito reeleito. Mas desejou sorte ao peemedebista. "Nós temos uma diferença muito grande, olhamos pra cidade de uma maneira muito distinta, mas eu, evidentemente, quero que o Rio tenha o melhor".

Mas o discurso não foi de todo apaziguador. Freixo disse que os métodos de Paes não seriam os dele, "jamais". E alfinetou o concorrente reeleito, em alusão às denúncias que surgiram nos últimos 10 dias de campanha sobre possível compra de apoio político ao nanico PTN por parte da coligação de Paes. "Eu não compraria partidos para chegar à vitoria a qualquer preço".

O deputado nega que tenha pretensões políticas para 2014, como uma candidatura ao governo do Estado, por exemplo. Mas foi reticente quando o assunto são projetos políticos: "Eu não vivo de eleição. Quero organizar os movimentos sociais para fortalecer o Rio".

Disputa polarizada já no 1º turno

Freixo voltou a bater na tecla recorrente da campanha, de que o baixo desempenho dos outros concorrentes contribuiu para que não se levasse a disputa ao segundo turno. Rodrigo Maia, do DEM, finalizou a disputa com 2,94% dos votos e Otávio Leite, do PSDB, estacionou em 2,47%. Aspásia Camargo, do PV, por sua vez, marcou 1,27%. "A gente teve mais voto do que o (Fernando) Gabeira teve há 4 anos, e com uma outra estrutura. Foi uma votação extraordinária, mas, infelizmente, os outros não tiveram expressão política forte para irmos ao segundo turno".

O deputado também garantiu que a campanha do PSol não acabou com o fim das eleições. "Não vamos aparecer em 2014, ou só nas eleições. O PSol já estará nas ruas amanhã". Para esse movimento, além do apoio popular, Freixo quer contar com os 4 candidatos eleitos pela sigla - Renato Cinco, Eliomar Coelho, Jefferson Moura e Paulo Pinheiro. Em 2008, o PSol fez apenas um vereador, o que também deverá ser usado por Freixo para fortalecer o que batizou de movimento de "resistência política".

"Perdemos, mas a praça está lotada"

O encontro do segundo colocado na disputa eleitoral com os militantes, no tradicional bairro da Lapa, foi cercado de emoção. "Perdemos a eleição, mas a praça está lotada. Isso não é para qualquer um", discurso para a multidão formada, em grande parte, por jovens.

Ao lado do seu candidato a vice, Marcelo Yuka, de vereadores eleitos pelo PSol e dos apoiadores, Freixo chorou ao falar sobre a campanha e sobre as pessoas que o apoiaram. "Demos à juventude a crença de que vale a pena. Os jovens foram o grande combustível, foi emocionante", declarou, sendo muito aplaudido pelos militantes.

O músico Yuka, que pouco participou de eventos públicos de campanha, mas se envolveu com a proposta de Freixo e do PSol, foi responsável por um dos momentos de maior mobilização nos Arcos da Lapa. Ele puxou um coro, pedindo que as pessoas repetissem suas palavras.

O discurso, dirigido diretamente ao prefeito reeleito, foi repetido pelas centenas de pessoas presentes: "Daqui da rua vamos continuar olhando no fundo dos olhos dele (Eduardo Paes), percebendo cada atividade dele porque assim continuaremos o que fizemos de tão bonito durante a campanha. Nossa força não tem tempo para parar. Nós somos diferentes e vamos continuar sendo".

Fonte: Terra
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